Benfica Vlachodimos: o segundo 'melhor' a nível europeu

Diz a velha máxima em futebol que o ataque ganha jogos, mas as defesas ganham campeonatos. E este bem pode ter sido o segredo que Roger Schmidt levou para a Luz esta temporada: é importante marcar, mas também defender bem tem sido sinónimo de sucesso. E o Benfica desta época tem sido equipa regular em termos defensivos tendo apenas 17 golos sofridos em 31 jogos do campeonato, melhor defesa da Liga à frente dos 19 golos consentidos por FC Porto e 26 do SC Braga.

E, neste registo, um pormenor salta à vista, desde logo porque há muito não se via associado à equipa encarnada: o número de jogos sem golos sofridos por um único guarda-redes, Vlachodimos: 20  (apenas na Liga, 27 no total), o que se apresenta como algo inédito olhando a última década, sendo que neste século apenas em duas ocasiões um guarda-redes obteve semelhante registo na Liga portuguesa: Marcelo Moretto em 2005/2006 (e ao serviço de dois clubes, V. Setúbal e Benfica) e Ricardo, em 2001/2002 (ao serviço do Boavista). Ambos conseguiram as mesmas 20 clean sheets que a três jornadas do fim leva o internacional grego. O que equivale a dizer que se o Benfica e Vlachodimos conseguirem pelo menos mais um jogo sem sofrer golos, o guarda-redes de 29 anos ficará consagrado como o melhor deste século na Liga.

Os números de guardião benfiquista, titular e totalista absoluto no campeonato, são tão mais impressionantes quando comparados com os registos das épocas anteriores. Na temporada passada, por exemplo, em que apenas falhou dois jogos da Liga, chegou somente aos dez jogos sem sofrer golos, metade dos que tem esta época. E se somarmos todas as provas, na época transata teve 18 cleen sheets (dez na Liga e oito na Champions), na atual já chegou às 27 em todas as provas. Olhando ainda mais para trás, em 2020/2021 apenas sete jogos sem golos sofridos na Liga (em 18 jogos, os restantes foram feitos por Helton Leite), em 2019/2020 16 clean sheets (18 em todas as provas), e em 2018/2019, primeira época de águia ao peito foram 15 (19 no total).

Números, portanto, que atestam a boa fase que Vlachodimos atravessa, ele que tem no registo defesas que já valeram pontos esta temporada, mas também de todo o setor defensivo e até da forma como o coletivo se posiciona quando não tem bola, situação que acaba por ter reflexos positivos neste caso nas estatísticas individuais do internacional grego.

Neste século pertence a Helton, guardião do FC Porto, o recorde de mais épocas consecutivas com jogos sem sofrer golos, foram cinco temporadas, três delas consecutivas, a obter os melhores registos na Liga. Pertence também ao FC Porto o recorde de jogos sem sofrer na Liga, na época 1987/1988, com Jozef Mlynarczyk e Zé Beto a repartirem 28 clean sheets.

Olhando apenas para o Benfica, Silvino Louro detém o recorde de jogos sem sofrer golos numa época (em 1988/1989) chegou às 27 clean sheets em 38 jogos do campeonato. Já neste século, o Benfica registou em 2014/2015  21 jogos sem sofrer golos, mas foram repartidos entre  Júlio César (15) e Artur Moraes (7). Em 2016/2017, as águias chegaram também aos 20 jogos sem golos consentidos, mas repartidos entre Ederson (18) e Júlio César (2). Vlachodimos sozinho tem agora 20 e com três jogos pela frente para melhorar a estatística. Para ficar na história. O título passa, por isso, pelas luvas dele.

A boa temporada de Vlachodimos tem eco a nível europeu: Olhando para os dez principais campeonatos, o guarda-redes do Benfica é o segundo com mais jogos sem sofrer golos em todas as provas (27 em 51 jogos) em igualdade com Ter Stegen, do Barcelona (também 27, mas em 45 jogos), seguindo-se Jean Butez, do Antuérpia, da Bélgica, que leva 26 jogos sem golos sofridos em 48 jogos realizados.

Odysseas Vlachodimos tem um total de 51 jogos esta temporada em todas as competições; ou seja, não esteve presente apenas em um dos 52 jogos da época encarnada: foi Helton Leite quem jogou para a terceira eliminatória da Taça de Portugal com o Caldas (1-1), um jogo que só foi resolvido nas grandes penalidades.
Vlachodimos tem, assim, 20 clean sheets na Liga (em 31 jogos) quatro na Champions (em 14 jogos), uma na Taça da Liga (dois jogos) e duas na Taça de Portugal (quatro jogos). Já agora, nestes 51 jogos o internacional grego sofreu 35 golos, o que equivale a 0,6 golos de média por jogo. A melhor desde chegou à Luz.