OPINIÃO Fazer afinações em andamento
O Grande Prémio é longo, mas o carro verde chegou à primeira curva com avanço, enquanto que o vermelho e o azul têm de fazer acertos em competição, sabendo que as curvas vão apertar
A vantagem que conseguiu no arranque da Liga reflete o trabalho de continuidade do Sporting, que não só mantém o mesmo treinador, como praticamente todo o núcleo da equipa. Isso permitiu gerir o mercado com outro conforto, ainda que a negociação por uma alternativa a Gyokeres tenha atingido num patamar de enorme risco, minimizado a cada golo que o sueco ia marcando. É caso para dizer que o carro verde estava afinado para chegar à primeira curva do Grande Prémio já com avanço, mas isso não significa que seja o primeiro a cortar a meta. Há muita pista pela frente, e algumas curvas serão bem apertadas, até porque vem aí a Liga dos Campeões, que mexe inevitavelmente neste mecânica.
Mas se a preocupação de Amorim é evitar despistes por excesso de confiança, Bruno Lage tem de fazer testes em competição. O carro vermelho tem peças de qualidade, o desafio é colocar todas no lugar certo. Aktürkoglu pode tornar-se um dos negócios do ano, dada a relação qualidade-preço. Era uma das figuras do Galatasaray — 46 golos e 33 assistências em 179 jogos —, e custou apenas 12 milhões de euros, um valor moderado para a realidade atual, tendo em conta o potencial deste internacional turco de apenas 25 anos. Zeki Amdouni tem igualmente características que fazem falta ao Benfica, sobretudo após as saídas de Rafa e David Neres, e deixou sinais positivos na estreia. É preciso perceber, contudo, de que forma é que o internacional suíço pode encaixar na nova dinâmica introduzida por Lage, com dois médios interiores à frente de Florentino. A fórmula que mais beneficia Kokçu e aquela que pode proteger melhor Di María, tendo um elemento próximo para as compensações, como Rollheiser. Issa Kaboré, a outra peça que chegou em setembro, levanta mais dúvidas quanto à capacidade para discutir o lugar com Bah, com um perfil também bastante atlético, mas pouco influente nas chegadas ao último terço.
O carro azul, que teve de contornar limitações orçamentais, também terá de fazer ajustes em andamento, sendo que as curvas da Liga Europa, menos exigentes, podem acelerar esses acertos. Samu já justifica ser força motriz à dianteira — até pelo fraco rendimento de Namaso — sendo que Francisco Moura e Nehuén Pérez já sabem o que é a titularidade no FC Porto, algo que Otávio tem arriscado com Tiago Djaló à espreita. Se Fábio Vieira teve de voltar aos testes médicos, Deniz Gul ainda nem terá andamento para estes ajustes.