Viana, rumores e shisha: tudo o que disse Amorim

Treinador do Sporting fez a antevisão do jogo da Taça de Portugal, com o Portimonense, numa conferência de imprensa dominada pela saída de Hugo Viana

- O que se pode esperar da estreia do Sporting na Taça de Portugal? E em termos estratégicos o que espera do Portimonense? Que diferenças há relativamente à temporada passada? Depois da pausa das seleções pondera promover alguns regressos?

- O Marcus [Edwards] penso que vai estar apto, St. Juste poderá fazer alguns minutos, ainda vamos ver. O Pote [Pedro Gonçalves] ainda não vai a jogo, Matheus Reis também não. [Gonçalo] Inácio vai a jogo, também não temos muitas soluções. Penso que é tudo dos que estavam em dúvida. Sabemos que a Taça é sempre imprevisível e não esquecemos o que aconteceu com o Varzim. Vamos ter de fazer gestão, mas houve jogadores que fizeram o tempo perfeito nas seleções. O Quenda teve 82 e 30 minutos, está pronto para jogar, por exemplo. Vamos fazer essa gestão. Maxi Araújo fez os dois jogos e torna-se complicado utilizá-lo o tempo todo, algo que seria importante para treinar mais tempo com a equipa. Sabemos que Portimonense não vive o melhor dos momentos, mas fez uma equipa para subir. O Ricardo [Pessoa] tem uma variação na sua construção, a equipa com o Paulo Vítor é muito boa no um contra um, o Juan, o jogador que chegou também é forte no um contra um, tem avançados possantes, o Banza não sabemos bem a posição que vai jogar, costumam fazer muitas vezes uma saída a três, nós temos isso tudo trabalhado, preparado e não queremos facilitar nada, porque ainda não ganhámos a Taça de Portugal, queremos muito ganhar a Taça de Portugal, viver aquele momento da final da Taça foi importante. Queremos voltar ao Jamor e ganhar o jogo.

- Como vai conseguir que esta novela à volta do clube não seja o tema até maio? O Sporting tem o City como adversário na Champions... Como vê isto? É positivo, negativo?

- Está a falar relativamente à ida do Hugo Viana? Eu para o City? São rumores. O Viana será sempre um grande amigo, mas o percurso profissional um dia será diferente. Uma coisa não leva à outra. O grande foco é que nada mudou no Sporting, nada! O Viana só vai sair no final da época, até lá é o diretor desportivo, não há mudanças nesse aspeto. Apenas uma preparação do clube para a saída dele, é a única coisa certa. Viana era o principal elemento a não querer que isto se soubesse nesta altura, mas nada mudou, o foco está nesta época e o que interessa é ganhar os nossos jogos. Toda a estrutura mantém-se igual. A única coisa que sabemos é que ele para o ano não está connosco. Não posso controlar o que vocês vão dizer ou perguntar, posso controlar a resposta que dou. A única coisa que mudou é que o Viana vai sair. Nada no Sporting mudou. Tudo se mantém igual até ao final da época. Claro que o Viana na semana do City não vai poder entrar no balneário porque não o vou deixar entrar para evitar conflitos [risos], mas é só isso que muda.

- Eticamente, como é que se gere o facto de Hugo Viana ficar a trabalhar para dois clubes?

- O que sei é que vai ser diretor desportivo do Sporting até final da época. É o nosso diretor desportivo, vai trabalhar para o nosso clube. A única coisa que se sabe é que vai sair no final da época. Isto soube-se mais cedo para não criar uma novela. Há uma preparação de dois clubes em que vai haver troca de estruturas, algo natural na vida de um clube. Em relação ao Viana, quer ganhar mais do que toda a gente ao Manchester City. Estamos todos no mesmo barco e isso é o principal.

- Falou do Gonçalo Inácio e do St. Juste. Falta um central. Está a pensar promover Lucas Taibo ou o Bruno, que têm vindo a trabalhar com a equipa principal? Na baliza, Kovacevic vai jogar?

- Sim, o Vlad [Kovacevic] vai iniciar o jogo, tem trabalhado bem e está apto. Em relação às subidas dos centrais, sim, vão ser os dois convocados e podem jogar. Tivemos a sorte que trabalharam connosco estas duas semana. Taibo e Bruno vão ser convocados. Tivemos a sorte que trabalharam connosco estas semanas, fiquei muito contente com a forma de trabalhar deles, estão bastante adultos. O João Pereira fez um trabalho excelente e acho que temos coisas muito parecidas na dinâmica da linha defensiva, o que ajuda na transição. São bons jogadores e poderão jogar amanhã.

- Hugo Viana falou consigo para, caso Pep Guardiola não renove, o Rúben ser o sucessor no City?

- Não falámos nada sobre isso porque são dois caminhos completamente diferentes. Eu sei que as pessoas fizeram essa ligação. O caminho do Viana é o caminho do Viana. O meu caminho é o meu caminho. Portanto, apenas temos uma relação profissional que não se irá manter para sempre, mas é certo que a de amizade se vai manter.

- Esta semana ficou também marcada pelo vídeo de Gyokeres a fumar shisha numa discoteca. Como lidou com esta situação? O jogador levou um raspanete?

- Reagi com normalidade. Obviamente, como treinador do Sporting, do clube que é e a responsabilidade que tenho, como os especialistas disseram, não é a coisa mais saudável para um atleta. Mas, depois temos que ver outro lado. Primeiro ele estava na folga, já são homenzinhos para fazerem as suas escolhas. E não esquecer que estes jogadores são jovens e que passam os 20, os anos onde têm de fazer certas experiências, viver certas coisas, ter uma vida normal de um jovem. E têm que, às vezes, fazer estas coisas porque senão também passam pela vida e não vivem outras coisas. Portanto, vi com normalidade. Obviamente que não é a coisa mais saudável, como já disse, mas estava na sua folga. E, portanto, ele, como todos os outros, às vezes tem de cometer um ou outro excesso. Se o fizerem cumprir o regulamento do clube muito bem, se não o fizerem, aí terei de intervir, eu e, por exemplo, o Viana. Mas como foi numa folga, volta a dizer, não é a coisa mais saudável do mundo, mas é algo que ele, sendo jovem, também tem de viver e tem de ter o espaço para fazer isso.

- Com a ida de Viana para o City e os rumores do Rúben poder acompanhar, surgem também relatos de que alguns jogadores poderão acompanhar. Considera que Gyokeres e Haaland seriam compatíveis numa equipa?

- O foco está no Sporting e no jogo do Portimonense, não vou fazer suposições. O Viktor [Gyokeres] joga bem é com o Trincão, com o Pote, com o Harder. Ligam muito bem. Esse é o nosso foco. Espero que venha pronto porque temos uma sequência importante e esse é o foco do treinador e do jogador.

- Já sabia desta possibilidade de Hugo Viana sair quando decidiu ficar no Sporting? Quando é que ele comunicou isso pela primeira vez? Deu-lhe alguma garantia de não haver um conflito de interesses? Sobre o jogo, os mais carregados internacionalmente irão com a equipa para Portimão? Diomande e Eduardo Quaresma.

- Diomande, como foi algo traumático, temos de ver dia para dia. Ainda está mais incerto. O Quaresma ainda vai demorar um bocadinho, teve outro problema. Não vão estar aptos. Os mais carregados da seleção também vão para Portimão, assim controlamos o descanso e a alimentação deles. É um jogo decisivo, vai toda a gente para baixo. Em relação à outra pergunta, já disse o que tinha a dizer. Não muda nada na estrutura, vamos focar-nos na nossa época. Viana é diretor-desportivo do Sporting até final da época. Não há conflito de interesses, ele quer muito atingir os objetivos e nós queremos dar-lhe essa alegria.

- Imagine que é presidente do Sporting. Como lidava com estas constantes notícias todas?

- Graças a Deus sou o treinador [risos], resolvo o que sei resolver e, portanto, não sei como lidaria, por isso é que o presidente é presidente e eu sou treinador. Acho que deve ver também com orgulho, porque foi ele o responsável por toda esta gente estar cá e, portanto, ele é o principal responsável, mas fico feliz de não ter os problemas difíceis e, portanto, já tenho os meus, resolvo os meus e o presidente vai resolver os dele.

- A frase 'ninguém é insubstituível' aplica-se na situação de Hugo Viana? A saída de Viana não é mais difícil de colmatar do que, por exemplo, a venda do maior ativo do Sporting?

- Não sei. O que digo é que fazer o que o Viana fez até este momento era muito difícil. Agora o clube está num momento diferente. Tem uma estrutura, tem um método. Obviamente que as empresas também muitas vezes são as pessoas, não só os métodos, mas temos já um caminho feito. Ninguém faz nada sozinho e acho que se me perguntassem há três anos era diferente. Hoje, acho que já toda a gente aqui sabe como é que as coisas se fazem. Ninguém faz nada sozinho, cada um foca-se no seu papel. E, portanto, diria que o Sporting chegou a um momento em que só precisa dos seus adeptos, porque eles são a máquina disto. O ambiente que há no estádio, se se mantiver, o resto acho que já há um plano e uma forma de trabalhar em que toda a gente pode sair. Obviamente o clube é muito grande, mas acho que estamos numa fase do clube onde já há um método, uma ideia, algum projeto, uma visão onde se pode mudar as peças. Porque é normal em todas as empresas e tudo vai seguir naturalmente.

- Maxi Araújo lamentou o facto de estar a ter poucos minutos no Sporting. Considera que é um jogador que precisa de estar sempre a jogar e que pode já ter minutos em Portimão? Concorre com Nuno Santos, que gosta de jogar sempre. Como vai ser gerir a posição? Em relação a Edwards, poderá ter bastantes minutos? Será o jogo ideal para voltar a agarrar o lugar?

- O Marcus [Edwards] é um jogador especial. Sinto que está num bom momento, apesar de ontem ter levado uma pancada. Da lesão que tinha, está apto. Mesmo com a pré-época, e mesmo quando chegou, está no melhor momento. Acho que trabalhou bastante nesta fase. Fez-nos muita falta nestes jogos. Se vai ter o estatuto que tinha? Tem alguém como o Trincão a fazer a mesma posição, amanhã até poderão jogar os dois juntos... Só quero é que volte ao nível dele, depois vai haver espaço para todos. Vamos ter uma sequência onde todos vão ter tempo para jogar. É importante que volte a sentir a alegria de jogar, espero que volte ao momento dele. Maxi? Não tem tido muitos minutos, mas se calhar conto pelos dedos os treinos que tem tido. Como tivemos o Marcus [Edwardslesionado, o Maxi está sempre a mudar de posição. Às vezes o contexto determina muito o que acontece em jogo e treino. Basta vê-lo tocar na bola, a forma como arranca, para perceber que tem qualidade. É titular de uma seleção com muita qualidade. Tem mais minutos na seleção porque já conhece todas as rotinas, connosco é diferente. Campeonato diferente, vida diferente. Se vai jogar o Nuno [Santos], o Maxi ou o Geny [Catamo], é um problema muito bom. Com o número de jogos que temos até à paragem, toda a gente vai jogar e ter espaço.

- Sente-se preparado para treinar uma equipa como o Man. City? Gostava de continuar a trabalhar com o Hugo Viana?

- Sinto-me preparado para continuar a trabalhar no Sporting, este ano ainda com mais responsabilidade porque toda a gente vê que o Sporting está num patamar diferente. Temos agora o jogo da Taça onde queremos ganhar, esta equipa técnica ainda não ganhou. Temos de recuperar todos os jogadores, focá-los nos objetivos do dia a dia e é para isso que estou preparado.

- O seu nome surge em 11.º lugar nim total de 50 melhores treinadores da atualidade na conceituada revista FourFourTwo, como se sente? É uma boa montra? Disse que Eduardo Quaresma tevemais um problema, pode especificar?

- Não sei ao pormenor, é um problema físico. Teve mais um problema que demorou mais tempo e é por isso que está mais tempo fora. Em relação à lista, isto nunca acaba. Até ao fim da carreira, não acaba. Hoje há uma classificação, daqui a dois meses há outra. É não ligar a isso e melhorar cada vez mais. Não me distrai minimamente e não ligo a isso, sei que daqui a duas semanas será um mundo completamente diferente e o futebol é muito isso dia a dia e, portanto, fico feliz mas nada mais.