O MISTER DE A BOLA Vencer sem convencer
Vítor Vinha analisa o triunfo benfiquista sobre o Toulouse
1. Vitória europeia
Se analisarmos este jogo sob o ponto de vista do resultado, ainda para mais numa competição europeia, uma vitória é sempre excelente. O Benfica teve em João Mário uma boa oportunidade para inaugurar o marcador. Em seguida, Rafa, primeiro num remate cruzado, quase sem ângulo, e, a seguir, num remate à trave, quase marcava. Somou uma série de lances perigosos que, com melhor definição, poderiam ter dado golo. Teve em Arthur Cabral um remate para defesa apertada do guarda-redes adversário e, aos 68’ e aos 90+8’, marcou por duas vezes, de grande penalidade. O Benfica cumpriu o objectivo: venceu.
2. Inconsistência exibicional
Por outro lado, se analisarmos a exibição do Benfica, esta deixa muito a desejar, em muitos momentos, sobretudo em comparação com as performances europeias da época passada. As águias carecem de maior velocidade e energia nas suas dinâmicas ofensivas. As constantes movimentações e a velocidade das mesmas, que outrora atemorizavam os adversários, agora são lentas e previsíveis. Espera-se maior capacidade de desequilíbrio no último terço, maior capacidade de criação de oportunidades e um Benfica mais dominador. Defensivamente, os encarnados estão mais permissivos ao nível dos duelos, demoram mais tempo a reagir à perda e, por conseguinte, na recuperação defensiva. As águias alternaram bons períodos, com largos momentos de apatia e incapacidade para alterar o rumo dos acontecimentos. É certo que as mudanças são muitas, mas num clube como o Benfica, com os recursos disponíveis ao nível do recrutamento, as diferenças não deveriam ser tantas.
3. Estratégia quase frutífera
O Toulouse adoptou uma estratégia defensiva, recorrendo ao sistema de 5x4x1, para melhor defender a largura e a profundidade do caudal ofensivo das águias e, como tal, levar a decisão do play-off para o seu terreno. Ao mesmo tempo, aproveitaram todos os momentos para queimar tempo. Marcaram um golo com tanto mérito, quanta a passividade encarnada. Em suma, com as suas armas e as iniciativas individuais de Gboho e Dallinga, tanto tentaram não perder, que acabaram mesmo por sair derrotados.
4. Destaques
João Neves foi um bombeiro de serviço com um pulmão inesgotável. Teve de dar cobertura a uma extensa área de terreno, para evitar males maiores para a equipa encarnada. Correu muito, recuperou imensas bolas e, sempre que pôde, ainda tentou dar uma ajuda ao ataque. É difícil imaginar este Benfica sem um jogador como João Neves. Di María está, claramente, numa fase descendente da sua bonita carreira. No entanto, lá vai encontrando formas de deixar a sua marca nos jogos. Converteu duas grandes penalidades e ainda fez um excelente passe para Arthur Cabral, que quase dava golo.