Vencer era o único remédio para acabar com o drama (crónica)
Viktor Gyokeres, autor de um golo e de uma assistência no jogo com o Rio Ave. GRAFISLAB

Sporting-Rio Ave, 3-1 Vencer era o único remédio para acabar com o drama (crónica)

NACIONAL09.08.202422:57

O Sporting ansiava pela hora em que começasse o primeiro jogo do campeonato para o vencer e para, enfim, poder esquecer a Supertaça e seguir em frente

Finalmente, o jogo pelo qual todos os jogadores do Sporting ansiavam. Todo o tempo que passou, desde a traumática final da Supertaça, foi sentido como um suplício. Na cabeça de todos os sportinguistas a pergunta: como foi possível? Havia, apenas, um antídoto para aquele veneno que condicionava o pensamento: jogar o mais depressa possível e ganhar para poder esquecer e seguir em frente.

Para o Sporting foi, pois, um alívio começar a ganhar o jogo, logo aos 6 minutos. Um golo que tirou pressão psicológica e permitiu maior liberdade de movimentos e de ação a toda a equipa. Pode dizer-se que era expectável que, em qualquer circunstância, o Sporting ganhasse um jogo, em Alvalade, ao Rio Ave. Mas havia que considerar as circunstâncias e essas aconselhavam a resolver cedo a estreia no campeonato, antes que as coisas se complicassem, antes que os seus jogadores se enervassem e, sobretudo, antes que o adversário pudesse acreditar no milagre.

E é precisamente isso que acontece quando uma equipa média, como o Rio Ave, ou pequena joga com um grande. Sobretudo quando joga fora, precisa sempre que aconteça um milagre para não perder. Mas o Rio Ave nunca esteve perto desse milagre. Na verdade marcou um golo, aos 90 minutos, e no único remate que, até então, conseguiu fazer à baliza.

O INCONTORNÁVEL GYOKERES

Apesar de ter sofrido o primeiro golo muito cedo, Luís Freire não desmanchou o esquema que tinha previsto para o desempenho da sua equipa. Uma linha defensiva de cinco jogadores, quatro médios e apenas um homem adiantado, Clayton, na expectativa de uma improvável oportunidade.

Mesmo a perder, era o sistema em que o Rio Ave se sentia mais confortável. Principalmente porque precisava de controlar a velocidade nas alas do Sporting, levando Catamo e Quenda a sentirem-se sem outra saída que não fosse uma ideia de futebol interior. Mais difícil, porém, era controlar Gyokeres. Mesmo aceitando que o sueco ainda não atingiu o seu melhor nível, continua a ser um jogador incontornável. Por ele flui, no sentido vertical, o futebol leonino, com ele, o projeto ofensivo da equipa consegue criar várias soluções através dos espaços que consegue abrir e, não menos importante, é ele quem condiciona todo o movimento defensivo do adversário, obrigando-o a desorganizar-se, a desunir-se, a tornar-se permeável.

UMA SEGUNDA PARTE DISPENSÁVEL

Quando Pedro Gonçalves, numa execução genial, fez o segundo golo do Sporting, percebeu-se que estava resolvida a decisão do resultado. Poder-se-ia pensar que um golo do Rio Ave poderia reabrir o jogo, mas a equipa de Vila do Conde, mesmo depois de ter assumido uma atitude mais intensa e mais estendida no jogo, depois do intervalo, continuava a não ter homens de ataque que influenciassem o jogo, virando-o para outra corrente. Daí que a segunda parte tivesse parecido mais longa. Porque o jogo estava jogado, porque o Sporting descansava de muitos dias de alta ansiedade e até porque ao sentir a vitória conquistada, os jogadores leoninos passaram a deixar-se tentar pelo individualismo e até pelo egoísmo.

Aproveitou Amorim para dar oportunidades a outros jogadores, alterou a equipa como se fosse um “particular”, tirou jogadores por precaução e também por aviso de atitude e meteu outros para rodar, para ganhar ritmo, para se tornarem verdadeiras alternativas, quando deles verdadeiramente precisar.

O Sporting venceu, assim, o seu jogo de estreia no campeonato sem sobressaltos e sem fantasmas. E agora, sim, pode olhar em frente para os desafios que aí vêm.