Liga V. Guimarães-Portimonense (1-2): a crónica
Foi até ao último suspiro no castelo assombrado: minhotos chegaram cedo à vantagem, teve oportunidades em catadupa para se tranquilizar, mas foi do sonho ao pesadelo na ponta final, quando os algarvios foram ao fundo da alma e venceram aos 90+6'
Os guardas do castelo resistiram até aos limites e nunca desistiram de lutar, mesmo quando a batalha parecia ganha. Mas não estava. Faltava a estocada final que selasse a conquista. E, apesar das inúmeras tentativas, muito mais do que as do exército algarvio, a verdade é que no derradeiro suspiro, a muralha acabou mesmo por ruir, a fortaleza cedeu e a bandeira conquistadora que foi elevada na cidade-berço acabou por ser a do Portimonense.
O castelo do Vitória de Guimarães, que parecia viver um final de tarde de sonho, tornou-se subitamente assombrado nos dez minutos finais. Descobriu-se que andava por entre muros um fantasma de seu nome Carlinhos, que tornou o início de noite vimaranense num pesadelo que, decerto, deixará marcas na alma local.
O xeque-mate dos homens, muitos deles ainda jovens, de Paulo Turra esteve à vista por diversas vezes, muito por conta das ações dos quatro Silvas, Jota, sobretudo ele, mas também André e Tiago, e aqui e ali igualmente Dani.
O tempo, porém, foi correndo e, ao lado dele (do tempo), começou também a correr a equipa algarvia. A intensidade que antes não se vira e a ligação à corrente do jogo que pareceu sempre intermitente mudaram de repente, entraram que nem espíritos nos corpos dos portimonenses.
Teve culpa nessa transformação Paulo Sérgio, com as substituições que fez ao longo da segunda parte, especialmente com a entrada de Gonçalo Costa, que trouxe cor e luz onde antes só havia sombra.
E teve ainda mais culpa o já mencionado Carlinhos, um capitão com C grande, o primeiro a perceber, mesmo que já parecesse tarde, que era possível algo mais do que atirar a toalha ao chão perante o domínio quase absoluto do Vitória até ao minuto 80’.
Foi ele, aos 81’, a converter com sucesso a grande penalidade por falta de Manu sobre Gonçalo Costa (cá está ele...), atirando forte e muito colocado para o lado direito de Varela, que bem se esticou, mas que só com asas lá chegaria.
Estava anulada a vantagem que o Vitória alcançara aos 17’, por via dum autogolo de Relvas — e que nunca conseguiu alargar apesar de tantas ocasiões ter criado para consegui-lo.
O jogo ficou, então, totalmente partido, com o perigo a rondar as duas balizas. Até que, aos 90+6’, Carlinhos voltou a fazer das suas com um golaço: receção excelente, finta rápida sobre Manu e disparo em arco ao ângulo a garantir o 2-1 e a primeira vitória do Portimonense.
Já o Vitória soma a terceira derrota seguida, após pesada goleada na Luz por 0-4 e depois da desilusão do adeus à Taça da Liga, em casa, por conta do desaire por 0-1 com o Tondela (a que se junta o adeus prematuro à Liga Conferência da UEFA aos pés do modesto NK Celje, da Eslovénia). Dias difíceis à vista no Castelo...