Tudo o que Sérgio Conceição disse na antevisão do Benfica-FC Porto

Tudo o que Sérgio Conceição disse na antevisão do Benfica-FC Porto

NACIONAL28.09.202313:20

Atualizou o estado de Pepe e Namaso, falou da diferença de investimento nos plantéis dos dois candidatos ao título, do sucesso que tem tido na Luz e não só...

Sérgio Conceição já fez a antevisão do Benfica-FC Porto desta sexta-feira, abordando vários temas perante os jornalistas presentes. Explicou a insatisfação com o departamento médico, deixou Pepe em dúvida até à hora do jogo e anunciou que Namaso está apto. Falou ainda do sucesso que tem tido na Luz e muito mais.

Leia tudo o que disse o treinador dos dragões antes do segundo clássico da temporada.

- Vão existir diferenças em relação ao jogo da Supertaça, em que não teve Iván Jaime e Alan Varela, e com o Benfica sem Vlachodimos...?

- Antes de mais, peço desculpa pelo atraso [quase 25 minutos]. E queria dar os parabéns a todas as pessoas que fizerem e fazem a história deste grandíssimo clube e instituição que é o FC Porto e a todos os sócios, adeptos e simpatizantes, a verdadeira alma do clube. [Sobre o clássico] Não podemos prever o que vai acontecer no jogo, podemos estar preparados para os diferentes momentos e, nesse sentido, dar o nosso máximo. Depois o jogo tem a sua história, caminho e percurso. Sabemos que é sempre jogo difícil, perante o campeão nacional, temos respeito, mas também temos a ambição de ir à Luz ganhar.

- Há estudo que refere diferença de mais de 100 milhões de euros no investimento nos plantéis de Benfica e FC Porto... 

- É um número. Sabemos que, neste caso, o Benfica em termos de investimento fez cerca do dobro. Mas isso vale o que vale. É importante os plantéis serem equilibrados e que nos deem garantias em todas as provas. Se olharmos para isso, as equipas que têm orçamentos mais baixos que nós, não têm a ambição ou vontade de nos ganhar? Não é isso que se vê, isso conta pouco.

- Pode clarificar o sucedido com Pepe na jornada passada. Ele conta para o jogo?

- Aqui a exigência começa no presidente, que é exigente com ele e com os outros, acabando no tratador da relva. Toda a gente percebe que aqui há exigência grande, muita vontade de fazer as coisas como devem ser feitas, o departamento médico faz parte e tem feito ao longo destes anos um bom trabalho, porque nunca é fácil. A época desportiva tem sempre muitos casos onde necessitamos muito dele na recuperação física, de lesões, para os jogadores estarem ao mais alto nível de 3 em 3 dias. Aqui não há caso nenhum. Houve jogador que ficou de fora [do jogo com o Gil Vicente], manifestei-me daquela forma, depois entendi o que foi feito... No dia de jogo a pressão é grande e quando temos atleta da importância do Pepe, dentro e fora do campo... Há sempre uma ou outra coisa que não corre bem, é clarificada, ninguém está contra ninguém...

- Tem tido grande taxa de sucesso na Luz como treinador do FC Porto. Tem a ver com a estratégia ou a componente emocional? 

- O meu trabalho a esse nível emocional é menor nos grandes jogos. Não nos adianta estar muito bem nos jogos e noutros isso não acontecer. O plano de jogo faz parte do que é o nosso trabalho durante a semana. Esse passado recente não conta nada para amanhã, o jogo ganha a sua vida dependendo do que fazemos nele. [Há que] Trabalhar bem e prepará-lo bem. Do outro lado está o campeão nacional, com jogadores de altíssimo nível, mas nós também os temos. Queremos muito ganhar para que isso depois seja visível nos títulos conquistados.

- Referiu várias vezes que não liga à estatística, mas só perdeu uma vez na Luz. É palco onde se sente bem? Está à espera de Benfica mais defensivo do viu na Supertaça? 

- O nosso trabalho é exatamente preparar da melhor forma o jogo. Nesse jogo da Supertaça houve duas partes distintas, por mérito do adversário e demérito nosso. Temos de estar preparados para essas duas situações. Faz parte do nosso trabalho. Acho que o Benfica não é só uma equipa boa a ligar o jogo na dinâmica que tem com bola, mas sim também quando joga de forma mais direta e utiliza muito bem os avançados que tem. Temos de estar preparados para os dois momentos, e houve outros que também preparámos. Cabe-nos meter em campo essa estratégia, não nos podemos esquecer que há uma bola e é preciso correr de forma organizada, com intensidade e agressividade, algo que faz parte da nossa base. O melhor resultado é a vitória. [Estatística] Há seis anos que digo que isso me diz muito pouco. Há um jogo para disputar amanhã, um clássico, jogo que espero que seja competitivo e que espero que sejamos nós a ganhar.

- David Carmo não jogou tanto na época passada e isso deu que falar. O que viu nele desde então para agora estar a merecer esta oportunidade? 

- É o que acontece com todos os outros jogadores, pode chegar o momento. As pessoas podem ou não lembrar-se, mas o David já foi titular em muitos jogos. Não teve a regularidade do Pepe nem do Marcano, mas faz parte do grupo e é um jogador importante hoje, assim como era quando chegou. Se é tema ou não, isso depende de quem olha para o FC Porto e quer ver ou levantar situações, ou pelo valor que custou o jogador, por isto ou aquilo. Preocupo-me com o que é importante.

- O Benfica perdeu em casa na Liga dos Campeões com o Salzburgo. Viu o jogo?

- Olhei para esse jogo porque gosto de futebol e faz parte da preparação para amanhã. As equipas são diferentes, os momentos são diferentes, a prova também. Não vou tirar nenhuma nota só porque o Salzburgo ganhou na Luz. Olho para o jogo e vejo alguns comportamentos do nosso adversário que são importantes para trabalharmos. O Benfica entretanto também ficou em inferioridade numérica, assim como no jogo com o Boavista, e também olhámos para esse.

 - Há sentimento geral do adepto do FC Porto que a equipa não está particularmente bem. Isso preocupa-o? 

- As pessoas podem pegar no que lhes interessa pegar. Estamos no início da época e nós, treinadores, queremos que a equipa evolua sempre de forma positiva e que, a cada dia, seja mais forte. Aquilo que disse foi que podemos fazer mais e melhor em alguns momentos do jogo. Dão ênfase ao que interessa dar. Estamos em primeiro lugar, em 18 pontos fizemos 16. A única equipa portuguesa que ganhou na Champions. Podem dizer o que quiserem. Eu tenho noção do que temos a melhorar, os outros treinadores terão a mesma ideia nas outras equipas. Eu disse aquilo, pegaram nisso e fizeram disso bandeira. As pessoas são livres de opinar mas não dou grande importância a isso. Penso que os outros treinadores pensam da mesma forma. Não temos de nos motivar dependendo do adversário. Temos de estar motivados contra o Barcelona ou contra o Vilar de Perdizes. Todos os clubes gostam de defrontar o FC Porto e o FC Porto tem de estar sempre igual, contra qualquer equipa.

- No último jogo necessitou do Iván Jaime para descer um bocadinho. Nestes jogos é necessário ver alguém com um toque de fantasia diferente...

- Faz parte da estratégia para o jogo. Ainda hoje vi uma crónica de alguém que pensa que tem a mania que percebe de futebol e que diz que é portista a dizer que é tudo ao molho e fé em Deus... As modificações que faço durante o jogo tem sempre a ver com o objetivo vitória, e isso é que é importante. O Iván Jaime mais baixo, mais alto, a partir da esquerda ou do banco é sempre importante, assim como os outros Jaimes todos da equipa. Tem é de correr....

 - Já falou de Pepe, mas o boletim clínico do FC Porto está muito preenchido. Como está Marcano e os outros jogadores? 

- O Namaso está melhor e treinou com a equipa, é o único dos que estavam lesionados que está apto. Os outros, existe a dúvida do Pepe, e de resto continuam todos fora. Tive oportunidade de falar com o Marcano antes e depois da operação. Está positivo, tendo em conta que tem um feitio especial, é um rapaz introvertido, não é muito de expandir os seus sentimentos. Mas vi-o positivo, até porque é um super-atleta e tenho a plena convicção de que vai recuperar e jogar mais uns anos.

- FC Porto faz hoje 130 anos e o museu do clube faz 10. Nestes 10, o Sérgio foi o único que meteu lá troféus em termos de futebol. O que tem mais a acrescentar à história do FC Porto? 

- Posso acrescentar aquilo que posso. O meu objetivo é acrescentar a vitória importante de amanhã para conseguirmos o objetivo final de ganhar o campeonato. O meu trabalho é o trabalho da minha equipa técnica. Conseguimos, nestes anos, colocar alguns troféus no museu e espero que no final desta época possamos contribuir com mais. Esse é o meu objetivo sincero, não só como adepto mas também como treinador.