A boa história de Kokçu frente ao FC Porto
Médio está a subir de forma e tem historial interessante nos confrontos com o rival desta sexta-feira; está habituado aos grande jogos e foi destaque na vitória do Benfica em Portimão
Kokçu foi uma das contratações mais importantes para esta época, a mais cara de sempre da história do Benfica (€25 milhões, mais €5 milhões em bónus e 25% da mais-valia de uma eventual futura transferência), e muito seguramente o médio centro, internacional turco, será titular no meio-campo das águias para o clássico desta sexta-feira. Roger Schmidt não prescinde dele – lançou-o nos onzes de todos os 8 jogos deste início de temporada.
Kokçu, ainda só defrontou uma vez o FC Porto com a camisola encarnada, mas já tinha anteriormente jogado contra os dragões, pelos neerlandeses do Feyenoord. O jogador foi titular nos dois desafios e deixou marca importante em ambos – em dezembro de 2019, na fase de grupos da Liga Europa, Kokçu fez uma assistência para golo na derrota por 2-3 do Feyenoord no Estádio do Dragão; a 9 de agosto passado, no Municipal de Aveiro, foi ele quem fez a assistência para Di María marcar o primeiro golo do 2-0 da Supertaça, frente aos portistas. Kokçu sabe, portanto, qual é o caminho do golo no que diz respeito a estes confrontos tão especiais com o rival do Norte.
A CRESCER NAS ÁGUIAS
Kokçu está, também, a crescer nas exibições. Em Portimão, no domingo passado, foi determinante na vitória da equipa por 3-1, para o campeonato. «Tantas vezes pareceu que havia sempre mais equipa que Kokçu. Pois com o Portimonense, pela primeira vez, pareceu, algumas vezes, que havia Kokçu a mais para a equipa. Grande exibição. Deu-se aos companheiros, jogou simples, vertical e quase sempre de primeira, elevando a velocidade no ataque. Sensacional ao encontrar, com passe longo, David Neres no lance do segundo golo. Aos 36, também num passe longo isolou Rafa.» Foi esta apreciação da reportagem de A BOLA a Kokçu no Portimonense-Benfica da 6.ª jornada da Liga; o jogador foi pontuado com nota 8, de 0 a 10.
KOKÇU PELO FEYENOORD
Voltando aos jogos de maior exigência, Kokçu já nos Países Baixos, e na última temporada como capitão do Feyenoord, dava o peito à responsabilidade. Capitão na equipa de Roterdão, Orkun Kokçu tornou-se figura central e ainda mais importante nos jogos grandes do Feyenoord na Eurodivise ou Taça dos Países Baixos da época passada; basicamente, nos confrontos com o Ajax e com o PSV, que em 2022/2023 era treinado por Roger Schmidt. Frente ao Ajax, o agora médio benfiquista fez 5 jogos – 3 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Jogou os 90 minutos em 4 desses confrontos, foi substituído no quinto, aos 73’. Em 3 dos jogos com o Ajax viu cartão amarelo, o que pode indicar intensidade do internacional turco nos duelos. Frente ao PSV, o historial de confrontos de Kokçu pelo Feyenoord é de maior equilíbrio: 4 empates, 1 vitórias e 2 derrotas. Kokçu foi titular em todos os 7 jogos (apenas substituído em 2), fez uma assistência no 1-1 de 1 de março de 2020 e marcou um golo no 3-4 de 18 de setembro de 2022.
Portanto, os benfiquistas seguramente esperarão muito de Kokçu frente ao FC Porto. Roger Schmidt certamente espera. «É um jogador novo mas está a ganhar confiança e a mostrar a sua qualidade. Não só é bom com a bola, mas é também muito fiável em termos táticos, em termos posicionais e na pressão. No meio-campo precisamos de jogadores completos», já disse o treinador alemão dos encarnados sobre o médio turco.
Benfica tem condições de fazer uma boa exibição e, muito mais importante, de vencer o jogo. Até porque logo a seguir ao clássico vem a Champions
Kokçu é o camisola 10 do Benfica. Mas não é o 10 da equipa nas funções que desempenha nos jogos. É essa a opinião, mais do que sustentada, de duas grandes figuras da história dos encarnados, Valdo e Rui Águas, que em conversa com A BOLA falaram do momento e anteciparam o papel do médio internacional turco no clássico de amanhã, frente ao FC Porto.
«Não, ele não é um 10; hoje, o 10 seria o Rafa, mas ainda assim com funções diferentes», começou por situar Valdo, médio criativo brasileiro que usou precisamente a camisola 10 no Benfica (de 1988 a 1991 e depois em 1995/1996), mas foi efetivamente o 10 da equipa. «O Kokçu é um jogador com muita qualidade, mas joga mais atrás, tem boa qualidade de passe e tem a felicidade de jogar ao lado de um jogador que, sendo mais novo, é muito bom, que é o João Neves», lembrou Valdo, elogiando o jovem médio da formação dos encarnados que, aliás, completou ontem 19 anos. «Nota-se evolução no Kokçu, como se viu no jogo com o Portimonense, mas num contexto diferente do que seria as funções de um 10. Também acho que ele continua a fazer a sua adaptação», acrescentou, passando a antever com pragmatismo e sem entrar em detalhes sobre o clássico de amanhã: «É um jogo sempre especial, sempre diferente de todos os outros. Nestes jogos, quem parece melhor pode piorar e quem chega menos bem muitas vezes transforma-se. Mas o Benfica tem condições de fazer uma boa exibição e, muito mais importante, de vencer o jogo. Até porque logo a seguir ao clássico vem a Champions, em Milão, com o Inter.
O retrato feito por Valdo a Kokçu encontra paralelo na ideia de Rui Águas, treinador e antigo ponta de lança dos encarnados, que também jogou no FCPorto. Não usou a camisola 10, mas também não vê no turco treinado por Schmidt o típico 10. «Kokçu assume habitualmente essa função, não como clássico 10, mas um elemento mais avançado da dupla de meio-campo», explicou Rui Águas, que, sem querer antecipar o duelo de sexta-feira com os dragões, também recorreu a João Neves para falar sobre Orkun Kokçu: «Pelas suas características torna-se um jogador mais decisivo no último passe e mais perigoso pela capacidade rematadora, em contraste com João Neves, que é mais equilibrador e recuperador.»
«Contra o FC Porto já vou à espera que a coisa não corra bem; portanto, tudo o que vier é lucro!»
O humorista António Raminhos também é conhecido por ser um intenso adepto do Benfica e é nessa condição que, contactado por A BOLA, torce o nariz ao confronto com o FCPorto de amanhã. «O Benfica nunca está preparado para os jogos contra o FC Porto. Sobretudo mentalmente; acusa sempre a pressão. Surpreendentemente, na Supertaça resultou e não sofreu um golo na primeira parte. Mas o Benfica lida muito mal com estes jogos, principalmente em casa. É mesmo uma questão mental, não tática ou física; se conseguirem superar isso... Mas eu, como adepto, quando vou ver os jogos contra o FC Porto já vou à espera que a coisa não corra bem, portanto, tudo o que vier é lucro!», diz o ator, cronista e comediante. Já sobre Kokçu, ainda vê o copo apenas meio cheio: « Ele foi o melhor jogador da Liga holandesa, mas lá havia mais espaço para jogar. Creio que só lá para o meio da época aparecerá em pleno. Está a adaptar-se. Para mim, o grande problema continua a ser nas laterais.»