Sporting-Villarreal: A crónica e o positivo e negativo

Sporting Sporting-Villarreal: A crónica e o positivo e negativo

NACIONAL31.07.202301:50

OS VIOLINOS ANDARAM POR VÁRIOS PÉS

No Gyokeres viu-se o futebol total do avançando total; No Pedro Gonçalves viu-se mais Bruno Fernandes (e mais se viu noutros...) 
 

NTES de a bola rolar, soltou-se o som de cinco violinos (de verdade) na memória dos Cinco Violinos (os imortais) - e o que não demorou depois a perceber-se foi que Alvalade teria (em muitos dos seus momentos) o Sporting em noite bem mais próxima do violino do que do tambor (com Rúben Amorim a jogar de novo a sua boa ideia de jogo no 3x4x3 que já lhe deu orquestra no paraíso…).

O que também não demorou a ver-se foi o craque que há em vários jogadores que o Sporting tem. A começar por Viktor Gyokeres. Percebendo-se-lhe, desde logo, a esperteza com que se dá a ser o primeiro defesa da equipa - o que se foi vendo de si depois foi muito mais e muito melhor: que sendo ponta de lança poderoso e vulcânico, pode ser avançado flutuante e agitador (por exemplo no modo como, de calcanhar, haveria de solicitar, lá mais para diante, hipótese de tiro a Pedro Gonçalves). E viu-se ainda, num ápice, que o que há no seu jogo (despojado de frivolidades) é procura ousada e apaixonada do golo, sem que a baliza lhe fuja insinuante da vista, sem que da ponta das chuteiras lhe saiam dentes afiados. OK, não marcou golo - mas não deixou de ser primorosa a forma como, logo aos 18 minutos, entortou os rins a Cuenca e Jorgensen lhe evitou, com defesa fabulosa, o 1-0. Ou como, partindo loiça fina, deixou, à beira da meia-hora, Edwards à boca do tiro…

Por essa altura também já se tinham percebido outros encantos que este Sporting tem (em outros dos seus jogadores). Por exemplo em Edwards e Trincão - cada um a ser capaz de pôr, de um instante para o outro e quando menos se espera, o jogo de pernas para o ar, desequilibrando e desconcertando adversários como se dos seus pés nascessem flores à borda do que até poderia parecer precipício (e não era).

E sim: foi assim que Edwards incendiou Alvalade com o seu golo - como se levasse, insinuante em três dribles, não a bola colada ao pé, mas a bola dentro do pé (em golpe mágico). Esse golo de craque teve, porém, sinal sinfónico de um outro craque na forma como Pedro Gonçalves (ainda ao lado de Morita) descobriu Edwards pelo buraco da agulha - no toque em veludo (elegante e simples) e com o dom da antecipação de pensar a melhor forma de jogar para si ou para a equipa, antes de qualquer outro. Já o tinha feito antes, continuou a fazê-lo depois - e para mostrar que tem cada vez mais dentro de si o Bruno Fernandes (agora até o faz com a camisola 8), do Pedro Gonçalves haveria de ser o 2-0, lá mais para diante.

Claro, nem tudo foi violino apenas - e quer na primeira, quer na segunda parte, o pior que se percebeu neste Sporting de Rúben Amorim (que pode ser um grande Sporting ou talvez mesmo o melhor Sporting de Rúben Amorim) foram alguns passes falhados e algumas bolas perdidas no seu meio-campo que permitiram ao Villarreal lançar-se em maliciosos contra-ataques. Porém, nas duas vezes em que os espanhóis meteram assim a bola na baliza leonina, em ambas houve off-side e na que não houve off-side houve Adán em grande defesa e a barra em sua salvação…

Esse melhor Villarreal (e esse pior Sporting) notou-se sobretudo nos primeiros minutos da segunda parte (conseguindo ter mais bola e sabendo melhor o que fazer melhor com ela…) - mas, arguto como se sabe que é, Rúben Amorim mexeu na equipa (sem mexer na ideia de jogo) e tudo se concertou, tudo mudou (e se refinou) de novo. Aliás, ainda antes de se lançarem à liça Geny Catamo e Paulinho - Gyorkeres voltou a revelar o seu futebol total de avançado total no lance em que o remate de Trincão esbarrou no braço de Mandi e nem com o VAR Shirzad viu o que devia ter visto: penálti.

Com o submarino amarelo (que não jogou de amarelo e se ficou po quatro ou cinco sorrisos amarelos mais por mérito do seu adversário do que por demérito seu) - no Sporting viu-se ainda mais fascínio. Por exemplo no modo como Catamo entrou em jogo de coração atrevido e sem que lhe escapasse o rasgo audaz na ginga malandra. E depois de ter escapado ao árbitro (e ao VAR) novo penálti (sobre Morita) foi Paulinho que mostrou que, quando menos se espera, nele continua pólvora no pé - batendo  Reina pela terceira vez. Israel também teve ensejo para mostrar que tem Adán na palma da mão - e conquistando o Sporting o Troféu Cinco Violinos, o que o Sporting conquistou foi algo provavelmente mais importante: a sensação de que, mesmo com este plantel (e com este treinador…) não andará nesta como andou na época passada: a deixar que o seu jogo se encalhasse em imperfeições ou se atrofiasse em fastios, a deixar que o seu jogo se prendesse a dúvidas ou destrambelhos. Ou que se abalasse em vertigens como acrobata bêbado a cair do seu trapézio - dando naquilo que se sabe...

O POSITIVO

Exaltando vários dos seus craques, mostrou mais refinado o seu jogo de ataque e ainda mais esperto o seu jogo com bola - notando-se já que a equipa pode tornar-se mais maliciosa no seu jogo de ataque (não só continuado)  
 

O NEGATIVO

Numa grande exibição, o pior nem foi mau - e esse pior foi a equipa ter, de quando em quando, falhado alguns passes ou perdendo alguma bola - que permitiram contra-ataques venenosos... 

O ONZE INICIAL

O ONZE FINAL