Estoril-Sporting, 0-3 Condição de Gyokeres e duas partes distintas: tudo o que disse Rúben Amorim
Treinador elogiou primeira parte da equipa, garantiu que está tudo bem com o avançado nórdico e abordou questões táticas do jogo
Rúben Amorim considerou, na conferência de imprensa após a vitória do Sporting por 3-0 contra o Estoril, que a equipa leonina diminuiu demasiado o ritmo de jogo no segundo tempo, tendo rubricado uma primeira parte de alta qualidade. Garantiu que está tudo bem com Gyokeres (foi visto a fazer gelo no banco) e abordou outros tópicos, como o despedimento precoce dos treinadores em Portugal e a utilização de Catamo e Quenda.
— Primeira parte de grande qualidade, era este o plano? Comentário sobre a titularidade de Maxi.
— É uma das posições que ele pode fazer. Acho que ele jogou bem, principalmente na primeira parte. Na segunda parte começou a ficar cansado. Muito tempo sem jogar e a rotina de estar sempre a pressionar, eu acho que ele sentiu um bocadinho a velocidade do jogo, que é um bocado diferente do que ele fazia. Mas esteve bem, acho que vai melhorar muito, tomou boas decisões e combinou bem com o Nuno Santos. Portanto, um jogo bom do Maxi, claro, mas pode fazer melhor. A equipa entrou muito forte, nós dominámos completamente a primeira parte, empurrámos o Estoril para trás e não o deixámos sair, e isso torna muito difícil a vida do adversário. Eu acho que no lado esquerdo jogámos de uma maneira, do lado direito jogámos de outra. As combinações no lado esquerdo funcionavam bem, porque ganhámos muitas vezes a linha de fundo, falhámos alguns golos feitos. Depois, na segunda parte baixámos o ritmo. Às vezes não é preciso grande movimento, mas o ritmo da bola pode ser diferente. Podíamos ter tido mais fome, mas entrou um pouco a gestão de tudo, sentiram se calhar essa superioridade na primeira parte e deixaram correr um bocadinho o tempo do segundo.
— Diz que a equipa podia ter tido mais fome na segunda parte, isso preocupa-o?
— Não me preocupa. A equipa já teve fases em que não marcávamos e falhávamos, mas sinto que hoje falhou, mas amanhã está pronta a marcar. A maneira de puxá-los a terra é mostrar o jogo, se o fizermos conseguem perceber que a velocidade foi lenta na segunda pate. Mais do que explicar, vamos fazer a avaliação do jogo, mostrar lance a lance se tivermos tempo, porque temos de preparar o próximo jogo. Estaria mais preocupado se tivessem começado assim e terminado bem. Senti que, como tínhamos vantagem de dois golos, começaram a temporalizar o jogo, talvez às vezes com medo dos duelos para não verem amarelos. A forma como entrámos mostrou que a equipa sabe o que quer e que tem de correr muito para ganhar jogos.
— O que o deixa mais satisfeito, ter mais do dobro dos golos em relação ao segundo melhor ataque do campeonato, ou ter só dois sofridos e não sofrer há quase 600 minutos?
— Não faço contas, não olho se temos o dobro dos outros. Para onde eu olho é que hoje nós podíamos ter feito mais golos, é a única avaliação que fazemos. Porque nós quando não temos oportunidades, não adianta de nada olharmos para o adversário e dizer nós não criámos oportunidades, mas os outros têm menos golos que nós. Isso não entra nas contas, principalmente no início do campeonato. A avaliação é feita naquilo que nós fazemos. Estou satisfeito com a quantidade de oportunidades que temos. Em relação ao não sofrer na primeira parte e ao não sofrer na segunda parte, mesmo com o Estoril a não ter grandes oportunidades, a forma como defendemos foi diferente. Portanto é essa a avaliação que devemos fazer. Os jogadores estão parabéns. Simplesmente, na avaliação do jogo, temos de perceber que na primeira parte fomos melhores que na segunda.
— Menor competitividade do campeonato e discrepância dos três grandes para os outros. Sente que há maior discrepância da temporada passada para este ano?
— Eu não quero dizer nada porque depois pode-se virar contra nós, dizer que estão mais fracos ou mais fortes. O que eu digo é que, olhando para o panorama e pensando como treinador, eu acho que há muitos clubes que não fazem planeamentos com os treinadores. Há muitos clubes que estão a fazer o seu plantel já dentro da pré-época, é a avaliação que faço, nada de dizer que é certo ou errado, como treinador pensaria assim. E olhamos para uma equipa como Santa Clara, que não tem grandes movimentações no plantel, tem uma dinâmica de jogo já muito forte. E eu acho que isso faz toda a diferença. Não ter o plantel todo a trabalhar, eu se fosse esse treinador, ficaria doido. Eu acho que isso tem impacto, principalmente no início. Agora se estão mais fortes ou não, os treinadores vão ter tempo agora para treinar, vai chegar a lama, vai chegar jogos difíceis, vai chegar o cansaço mental de jogar a meia-da-semana e ao fim-de-semana, enquanto os outros estão a descansar. Porque nós já vivemos isso no primeiro ano. O que eu digo é que os treinadores portugueses sofrem muito quando há clubes a fazer o planeamento e as contratações e estão a chegar jogadores todas as semanas e não têm duas semanas para trabalhar a parte tática da equipa. Eu sou abençoado, pela qualidade dos meus jogadores e porque jogam de olhos fechados, porque têm treino. E, portanto, eu diria que os treinadores portugueses cada vez mais sofrem com isso. Já que falam sempre dos treinadores e depois eles são despedidos, olhar também para a forma como fazem os plantéis e os dirigentes têm de ver isso, porque é muito importante. Sabendo das dificuldades que eu estou aqui a falar, quer dizer, estou sempre a ganhar, vivo num clube onde não me vendem os melhores jogadores, onde vou buscar jogadores e, portanto, é completamente diferente agora. Eu sei que não é o meu lugar e que se calhar estou a exagerar, mas se me perguntou isso, eu acho que é a grande diferença.
— Substituiu Gyokeres, não é muito habitual. O jogador fez gelo no banco, há algum problema com ele? E quanto a Quenda, o plano era entrar naquele momento?
— Estava na dúvida de quem ia tirar, ia tirar o Trincão, senti que o Viktor estava algo cansado e portanto, tomámos essa decisão. Mas está tudo bem com o Viktor.
— O segundo golo do Sporting reflete bem a forma de jogar da equipa. Qual é a importância do cruzamento atrasado, especialmente em blocos mais baixos?
— Geralmente os médios são mais difíceis de apanhar, porque vêm de trás e são um homem extra a entrar na linha defensiva. O Estoril joga com linha de quatro, fica ainda mais difícil fazer o acompanhamento. Os cruzamentos atrasados vêm do treino, tentar ler o que os colegas fazem. O jogador que está à frente faz o movimento e depois o de trás contraria o movimento. Cruzamento atrasado é sempre importante, porque os centrais fecham a área e depois se não chegarem.
— Hoje jogou Catamo e Quenda ficou no banco…
— Têm características muito parecidas, fortes um contra um, adaptam-se bem a defender, porque são rápidos e fortes e têm aquele sentido de equipa. Podem jogar os dois, quer na esquerda e na direita, ou até no mesmo corredor. Temos o Esgaio para fazer de defesa, mas houve jogos no ano passado em que às vezes nós queríamos manter um jogador com as características do Geny naquele corredor e tínhamos de o gerir. Agora, se quisermos manter essa característica naquela posição, o Quenda está mais preparado e num bom caminho.
— Gyokeres fez gelo, por alguma razão em específico? Martinez esteve no estádio, pode ser presságio? Trincão até esteve perto de fazer um grande golo, merece ser convocado?
— Não vou falar… os jogadores já foram convocados. São 11 que jogam, eu fico feliz por eles já serem chamados, já jogam pelo seu país, já têm esse orgulho, se jogam 1 minuto ou 90 minutos, isso é com o selecionador. Em relação ao Vítor, como disse ao seu colega, não tem nada de mais, às vezes é um toque, um toquezinho, nós fazemos logo gelo. Estará, se nada acontecer, entretanto, apto para o próximo jogo.