«Sporting agarrava-se à Taça, para o Benfica era secundária»
António Simões esteve na última vitória do Benfica em Alvalade, para a Taça de Portugal, em 1963, e tem explicação para a superioridade leonina sobre as águias
Sporting e Benfica encontram-se esta noite na casa do leão para começar a discutir a passagem à final da Taça de Portugal e A BOLA conversou com António Simões, que esteve em campo, com apenas 19 anos, no último triunfo encarnado em Alvalade para esta competição.
«Era bem novo e aquilo de que me lembro melhor é de ver o José Águas, de estar ao lado dele e do Coluna, do Germano e do Costa Pereira. Lembro-me da forma como me tratavam e protegiam, era um miúdo, apenas 19 anos, estava com aquela gente toda a jogar e eu queria era correr. Do jogo, porém, já não me lembro muito», explicou o antigo extremo do Benfica, agora com 80 anos, revisitando o triunfo encarnado, por 1-0, a 15 de junho de 1963, primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal — o Sporting venceria o segundo jogo, na Luz (2-0), e venceria a competição.
«Lembro-me da minha estreia no Campeonato, que foi precisamente com o Sporting, um empate 3-3, em 1961. Depois em maio fui campeão europeu», recorda Simões, saboreando aquela era de ouro: «Era um miúdo junto daquela gente toda, era titular, não havia substituições, ou jogava ou não jogava. Fernando Riera tinha grande simpatia por mim, era miúdo. Mas não tinha ideia alguma de que essa vitória de 63 era a última na Taça.»
Os números em Alvalade na Taça de Portugal
Sporting: 14 vitórias
Benfica: 3 vitórias
Depois, brincou — «Qualquer coisa que aconteça, é tudo do meu tempo» —, mas logo se pôs sério: «Aquela geração toda, entre 61 e 68... Benfica esteve em cinco finais europeias, ganhou duas, e no meio disto tudo ainda houve o 3.º lugar no Campeonato do Mundo de 66.»
No nosso tempo o Sporting tinha uma grande equipa e só não foi mais vezes campeão porque a equipa do Benfica era ainda melhor. É o mesmo com os violinos nos anos 50.
Simões tem explicação para o facto de o Benfica ter tantas dificuldades na casa do leão para a Taça de Portugal (17 jogos, 3 vitórias e 14 derrotas): «No nosso tempo o Sporting tinha uma grande equipa e só não foi mais vezes campeão porque a equipa do Benfica era ainda melhor. É o mesmo com os violinos nos anos 50. O segundo aspeto tem a ver com algo natural no ser humano. Jogas para o campeonato e és campeão com certa naturalidade, logo muitas vezes o Sporting tinha de agarrar-se à Taça. O Sporting agarrou-se muitas vezes à prova rainha, para nós era a segunda competição.»