Rui Vitória: «Faltava-me esta experiência de seleção»
Treinador português soma oito vitórias e uma derrota em nove jogos com a seleção do Egito; não poupa elogios a Salah
Completado um ano no comando técnico da seleção do Egito, Rui Vitória faz um balanço positivo do que tem sido o seu trabalho e consequentes resultados: oito vitórias em nove jogos, mais concretamente, Niger (3-0), Libéria (3-0), Bélgica (2-1), Malawi (2-0), Malawi (4-0), Guiné Conacri (2-1), Sudão (3-0), Etiópia (1-0) e Tunísia (1-3).
O treinador, de 53 anos, numa entrevista em que reviveu períodos da carreira, realçou as principais conquistas no primeiro ano de um contrato que tem a duração de quatro.
«A ida para a Arábia Saudita foi uma experiência riquíssima, tinha saído do Benfica, que é um grande clube, e em 2019 fui para o Al Nassr, e fui um bocado às escuras, de quem vem do mundo mais ocidental para o médio oriente, e logo no primeiro ano fomos campeões e conseguimos quebrar o ciclo do Al Hilal. Gostei muito de ter trabalhado na Arábia Saudita, vejo com satisfação a abertura do mundo árabe ao futebol ao trazer grande estrelas para o seu campeonato», começou por dizer, em entrevista ao canal BeIN Sports.
Sobre o trabalho que tem sido feito Egito, o treinador português diz estar muito satisfeito por ter aceitado o convite: «Faltava-me esta experiência de seleção e eu gostava de ter esta visão. E em boa hora o fiz. Este tempo de seleção dá para ver o futebol de outra maneira. Gostei muito da forma como o projeto me foi apresentado. Foi um enorme prazer fazer este contrato de quatro anos. Gosto que as pessoas tenham esta visão de projeto. Estamos com a ideia muito vincada de até 2026 podermos fazer aqui uma evolução muito significativa.»
Quanto ao sucesso que a equipa está a ser, Vitória não tem dúvidas: «Os jogadores aceitaram muito bem as nossas ideias, aquilo que queríamos para o jogo do Egito. E quando os jogadores compram as nossas ideias, fica muito mais fácil. O grande trunfo, na minha perspetiva, foi que acertámos muito bem no modelo de jogo que queremos para a seleção e os jogadores perceberam muito bem as nossas ideias.»
No que concerne às expectativas para o CAN, o treinador coloca alguma água na fervura: «Ponto prévio: não é nada fácil ganhar uma CAN nos tempos atuais. A nossa essência é até à exaustão e querer ganhar. Isso é passado desde o primeiro dia. Acho que aqui há potencial. Agora, tem de ser bem trabalhado e tem de se saber ser paciente.»
Questionado sobre a influência de Salah, avançado do Liverpool, na equipa, Rui Vitória não poupou elogios ao egípcio de 31 anos: «É muito importante na nossa seleção. Estes jogadores que são figuras mundiais são mesmo muito importantes nas várias seleções. Estou a lembrar-me de um Messi, Cristiano Ronaldo, Salah, Neymar, Mbappé… As grandes seleções têm assim um jogador destes. O Salah é um jogador que eu adoro. Adoro dentro e fora do campo. Representa aquilo que acho que deve ser o jogador. Isso deixa-me muito satisfeito. Ainda bem que o temos.»
Rui Vitória não esconde que tem sido alvo de cobiça por parte de outras seleções e clubes, mas garante que o foco está no Egito: «É uma realidade. Tive convites de várias zonas. Se me sentir feliz onde estou, é por aí que vou. Quando não me sentir feliz, sou o primeiro a dizer que quero ir embora. Nesta altura da minha vida, é fundamental estar bem comigo mesmo e estar feliz onde estou a trabalhar. Gosto muito de estar no Egito, mas acho que ainda podemos fazer mais e melhor.»