Rui Duarte: «Temos de deixar tudo em campo, até à última gota de suor»
Rui Duarte, ex-treinador do SC Braga. (FOTO: SC Braga)

Rui Duarte: «Temos de deixar tudo em campo, até à última gota de suor»

NACIONAL17.05.202420:07

Técnico fez a antevisão do jogo com o FC Porto da última jornada da Liga, este sábado, às 20.30 horas; treinador pretende dar uma alegria aos adeptos, perante a perspetiva de casa cheia; reservado quanto ao seu futuro

Rui Duarte mantém-se firme na conquista do objetivo que passa por alcançar o 3.º lugar na Liga, apesar de reconhecer que o FC Porto é uma equipa muito forte. O treinador interino do SC Braga está de saída e pretende dar uma alegria aos adeptos, nesta última ronda. Técnico não adiantou muito sobre o seu futuro e apenas quer concentrar-se nesta partida.

Que perspectivas tem para este encontro e que importância tem para os objetivos da equipa?

- É um jogo difícil frente a uma equipa muito forte, muito bem orientada. Para nós, obviamente é o tudo ou nada. Lutamos muito para estar aqui, para chegar ao último jogo a lutar pelo 3.º lugar e temos de deixar tudo em campo, até à última gota de suor. Vamos defrontar uma grande equipa, muito intensa, muito forte com bola e sem bola, sabemos que vai ser muito difícil.

Encara este jogo como uma final? Para si quem é o favorito?

- Final, sim, com certeza, não só este mas todos os outros que ficaram para trás, pois tivemos sempre esse discurso, pois tínhamos de os ganhar para chegar ao 3.º lugar. Eles jogam com dois resultados e nós com um, o que é um atrativo para o jogo, temos de fazer pela vida para marcar golos e não sofrer. Jogamos perante os nossos adeptos, já demos provas de sermos uma grande equipa. Nestes jogos é repartido, depende de como se entra em campo, de como se posicionam e de como lutam por cada lance. Temos de mostrar que se queremos chegar à frente, temos de estar fortes em todos os momentos, muito rigor e muita cooperação. Favoritismos é difícil de explicar, não posso assumir, porque o FC Porto é uma equipa muito forte, com uma entidade muito vincada, assente naquilo que é o seu treinador. No jogo vamos ter momentos por cima, assim como o FC Porto vai estar por cima, nos pormenores quem for mais forte vai chegar à frente.

Como vê este reencontro com Sérgio Conceição?

- É uma pessoa que gosto muito, é meu amigo. Uma das referências que tenho como treinador, gostei muito de trabalhar com ele. A partir de domingo este sentimento está muito vincado, até lá tenho de lutar com tudo o que tenho para chegarmos ao 3.º lugar. Uma referência, mas não somos iguais, tenho a minha forma de estar e ele a dele, uma boa amizade. Mas, ao entrarmos em campo somos adversários.

O Conselho de Disciplina instaurou-lhe um processo e pode vir a ser castigo. Pode esclarecer?

- Provavelmente entrei cedo demais no balneário para festejar a vitória com os meus jogadores. Mas, o que tem de ficar claro é que vou estar no banco amanhã. Há pormenores que ficam para nós que estão na origem desse processo. Sou muito indisciplinado [risos]. Mas, não tem influência nenhuma naquilo que foi a preparação para amanhã. Vou estar no banco, o que vier é para a próxima época.

É o último jogo, por onde passa o seu futuro?

- Para já não me tira o sono. Não quer dizer que não pense nisso. Sinto alguma nostalgia, último treino, amanhã último jogo, dois anos nesta casa, com títulos na formação, com Youth League, chegar à equipa principal e acho que as pessoas estão minimamente contentes com o que se tem passado, criamos uma boa energia e envolvência. Antes de pensar no próximo passo é pensar naquilo que deixo. Estou focado no jogo e o meu futuro tem tempo. A minha intenção é acabar bem e dar uma alegria a estes adeptos e sócios, assim como à administração.

Que comentário tem para a pré-convocatória de Álvaro Djaló pela seleção espanhola para o Euro’2024?

- Sinal da qualidade dos jogadores que nós temos. Tal como Álvaro, vão estar outros pré-selecionados e alguns nas convocatórias. Sinal que o SC Braga os trabalha bem na formação para chegarem à equipa principal. Um motivo de orgulho.

Só para esclarecer, o seu futuro não passa pelo SC Braga?

- Muito provavelmente não. Acabo contrato.

Terminar em 3.º lugar, sendo que se o conseguir é inédito no clube terminar dois anos seguidos nessa posição. Acha que não atingir esse objetivo pode trazer frustração?

- Estamos a tentar por tudo, o significado é de realização, não só pessoal, mas de todos. Como já disse, temos de nos propor a algo mais todos os anos. Temos de dar passos em direção ao crescimento. Não só treinador, staff, jogadores, pois isto é um projeto e todos sabem que tem de ser assim. Tem um significado tremendo, pois não é possível mais, neste momento. Frustração é se não conseguirmos chegar depois de todo o esforço que fizemos, saímos do Vitória com um sentimento de capacidade de que é possível. Não foi tudo perfeito, a energia com os adeptos e toda a gente no balneário, faz-nos acreditar que se não conseguimos amanhã é uma frustração. Quero com a minha equipa técnica e jogadores dar um prémio a todos. Vamos lutar com tudo para que isso aconteça. Depois de sair do nosso rival com uma vitória e conquistamos esse direito de lutar pelo 3.º lugar, temos de ir lutar e não ter medo. Até à última gota de suor, temos de saber sofrer, vamos jogar contra uma grande equipa.

Este trabalho realizado deixa-lhe uma perspetiva para regressar? Tem esse objetivo?

- Acho que vou voltar. Fizemos um trabalho meritório e queremos acabá-lo bem amanhã. Tenho a sensação que vou voltar outra vez a defender estas cores. É uma convicção que tenho e vou fazer tudo para que isso aconteça. Não estou preocupado com o meu futuro, estou preocupado com este jogo, pois temos de dar tudo e aproveitar esta energia. Fazer de tudo para acabar bem.

Há a perspetiva de casa cheia. De que forma isso pode ser um fator extra de motivação?

- O SC Braga é um clube com adeptos fervorosos que vivem muito o clube, quando vemos as bancadas pintadas de vermelho e branco, dá-nos um boost extra, o ambiente por tudo o que está em disputa, pelo último jogo e as pessoas vão aderir em peso. Dá-nos responsabilidade, temos de jogar por algo e esse algo são as pessoas, elas é que fazem o clube. Fazer em campo o nosso trabalho e dar carinho com vitórias e energia boa para disputar os jogos até ao fim. Por vezes, são os adeptos a puxar por nós e espero que também consigamos puxar por eles. Que seja recíproco para alcançarmos uma boa vitória. Seria um sentimento de alegria para todos nós.

Surgiram rumores que indicavam um convite do Vitória de Guimarães. Quer comentar?

- O meu futuro não é importante. Não tenho de dizer nada daquilo que se passa ou eventualmente passou. Estou muito grato àquilo que o SC Braga fez por mim e pela minha equipa técnica, assim como pela minha família. Gosto de estar aqui e retribuir com alegria. Posso sair, mas se tiver de voltar, volto muito feliz.

Paulo Oliveira e Álvaro Djaló de volta para o onze? E como espera que surja o FC Porto que também ganhou um dérbi nos últimos minutos?

- Paulo e Álvaro são opções para voltar à equipa, não é certo que o vão fazer. Uma equipa muito forte, não há jogos fáceis. O Boavista também precisava de pontos, dérbi da cidade, também já aconteceu connosco, sofrer primeiro e termos de ir buscar forças sem perder organização e tarefas que tínhamos para fazer. Quando disse que cumprimos o plano foi o de jogo, pois houve situações que não correram bem. Tudo o que tínhamos de fazer, fizemos e o FC Porto também tem muito isso. Na 2.ª parte também criou várias oportunidades. É uma equipa à imagem do seu treinador, de entrega e que luta até ao fim. Por isso é que estão cá todos os ingredientes para ser uma grande partida.