Rollheiser vestiu a pele de Enzo Pérez 12 anos depois
Benjamin Rollheiser
Foto: IMAGO

Benfica Rollheiser vestiu a pele de Enzo Pérez 12 anos depois

NACIONAL13.07.202400:00

Extremo argentino foi utilizado no 'duplo-pivot' e correspondeu, marcando até dois golos

No verão de 2012, Enzo Pérez estava de volta ao Benfica. A primeira passagem não tinha resultado, regressara ao Estudiantes de la Plata, onde se destacara, e, terminado o empréstimo, as expetativas de afirmação na Europa eram praticamente inexistentes.

Custara 5,5 milhões de euros aos cofres da Luz. Perante as dificuldades de se impor pelo drible e velocidade no flanco direito, Jorge Jesus descobriu no extremo, de forma surpreendente, valências para médio centro. Somou 117 jogos, marcou 10 golos e assinou 19 assistências. Nunca mais foi extremo durante a carreira, fosse depois no Valência, no River Plate ou agora, aos 38 anos, de novo ao serviço dos pincharratas.

Já depois de ter adaptado Chiquinho, médio ofensivo ou segundo avançado, ao duplo-pivot, na época do título, Roger Schmidt volta agora a surpreender com a colocação aí de Benjamin Rollheiser, extremo-direito curiosamente também contratado ao mesmo Estudiantes (embora canhoto, ao contrário de Pérez), após ter falhado na afirmação no… River Plate. Mais uma coincidência.

No primeiro ensaio, que pode ter sido causado apenas exclusivamente pela ausência de alguns elementos, desde logo João Neves, e excesso de opções noutras posições, Rollheiser marcou dois golos e assinou 45 minutos de boa qualidade. O trabalho na construção e finalização do 5-0 fica na retina.

Só Roger Schmidt saberá se foi algo planeado, um mero teste ou um ensaio enquadrado num planeamento a curto, médio prazo. Talvez o treinador alemão o explique em breve. Para já, só poderemos analisar o que temos: metade de um jogo de preparação, que traz sempre anexados demasiados ses.

Na verdade, Rollheiser não terá tido muitas experiências na posição. Há registo de algumas escassas participações no papel de médio-centro, tanto ao serviço dos millonarios como dos pincharratas, mas sempre num meio-campo a três, como unidade mais criativa.

Em Pérez e Rollheiser há naturalmente algumas pontes: a capacidade de trabalhar sem bola e no pressing, a resistência à pressão contrária e a certeza no passe. A capacidade ainda de embalar, transportando a bola, e atirar. Até algumas dificuldades a definir mais perto da baliza.

Obviamente, haverá sempre alguma estranheza pelo posicionamento no terreno e tipo de coberturas que terá sempre de fazer, além de que o perfil de técnico de Roger Schmidt não carrega o mesmo tipo de obsessão pela lapidação individual de uma adaptação que Jesus. No entanto, mesmo assim poderá crescer.

O contraste com João Mário, mais experimentado, foi visível e a seu favor. Mais uma vez, vale o que vale.

O contexto pede todas as ressalvas e cautelas, porém, se pensarmos bem, a ideia não parece tão descabida quanto isso. E com tanta competitividade à frente, ainda mais com a continuidade de Di María, a exibição é tudo menos uma má notícia para si. Devolvamos a palavra a Schmidt.