Resultado justo e esperançoso
Gyokeres criou espaço para Edwards (Foto IMAGO)
Foto: IMAGO

O MISTER DE A BOLA Resultado justo e esperançoso

NACIONAL16.02.202416:00

Jorge Castelo analisa a vitória do Sporting sobre o Young Boys

1. Sintético 'vs' natural
Um relvado sintético tem implicações específicas nas tomadas de decisão dos jogadores, nas ações técnico/táticas que dai emergem, das reações imprevisíveis diferenciáveis da bola, bem como no esforço produzido. A adaptação a esta condição, realiza-se essencialmente durante o desenvolvimento do próprio jogo. Tal fenómeno de adaptabilidade deriva da rápida plasticidade neural que os jogadores detêm, devido à sua experiência, adquirida ao longo dos anos. Na verdade, também nem todos os relvados naturais são iguais, uns serão mais ou menos rápidos, outros mais ou menos duros, entre várias condições. Logo, jamais no processo de preparação para o jogo se consegue reunir todas especificidades da partida que se irá disputar. 

2. Liga ‘vs’ Liga Europa.
Perante o excelente posicionamento na classificação da liga portuguesa, bem como a possibilidade de entrar na nova milionária Liga dos Campeões em 2024/25, não existirá quaisquer dúvidas que o Sporting tenha como objetivo principal ser campeão ou, no mínimo classificar-se para as pré-eliminatórias. Apesar desta racional prioridade, é evidente que o Sporting, não deixará de tirar todas as vantagens de chegar o mais longe possível na Liga Europa, em especial, assim o sorteio permitir, de jogar com equipas teoricamente menos capazes. Terá assim o clube, inúmeras vantagens na sua afirmação europeia, realizada nas últimas épocas.

3. Sistema tático ‘vs’ funcionalidade
O encaixe entre dois sistemas táticos é sempre a primeira questão que o treinador tem dialogar na preparação para o jogo. No caso vertente entre o 3x4x3 (SCP) contra 4x3x3 (YB). Não se trata de alterá-lo em função do adversário, mas sim, ajustar a funcionalidade do sistema, de modo a tirar a vantagens para si próprio e desvantagens para o adversário. As rotinas específicas de base da equipa mantêm-se, mas sofrem desvios positivos que pressupõem colocar o adversário sobre condições de crise de raciocínio estratégico e tático.

4. Setor ofensivo ‘vs’ o coletivo
Não existe margem para dúvidas que o futebol é um jogo coletivo. Contudo, o que cada jogador executa na direção do coletivo é o elemento essencial. Peço desculpa de não poder especificar a qualidade de toda a equipa do Sporting. Mas, apontando alguns, valoriza-se todos os outros. Gyokeres ao articular-se na 2.ª etapa de construção, fazendo subir a linha defensiva adversária, criou espaço a Edwards e a Gonçalves. Bem como furiosamente executou deslocamentos de rotura diagonal sendo servido pelos colegas, tornando-se um intrincado problema para os defesas. Adiciona-se Edwards com enorme sentido de penetração com bola no corredor interior. E, Gonçalves que sintetiza de forma simples o que é jogar na grande área adversária, tal como se tivesse no treino. Tal sincronização e as aptidões estratégicas, táticas e técnicas destes três jogadores, criam uma tal complexidade de difícil resolução.

5. Perfeito ‘vs’ imperfeito
O que deseja um treinador antes do jogo? O 1.º é ganhar, pois é o facto mais difícil do futebol. O 2.º é conseguir um resultado auspicioso para passar à próxima eliminatória. O 3.º é a equipa jogar bem justificando o resultado. O 4.º é não ter nenhum jogador amarelado. O 5.º é ter a possibilidade de fazer descansar alguns jogadores a pensar no próximo jogo. O 6.º é não ter nenhum jogador lesionado. O 7.º é manter os jogadores satisfeitos e focados nos objetivos. Ora, o que mais um treinador poderá ambicionar, sabendo que no futebol não existe a perfeição?