Quando a cabeça não tem juízo, o FIFA é que paga
Dani Carvajal (IMAGO / Marco Canoniero)

CROMO DO EURO Quando a cabeça não tem juízo, o FIFA é que paga

INTERNACIONAL30.06.202407:00

Dani Carvajal, um dos jogadores mais experientes do plantel da Espanha, lida tão mal com derrotas que chegou mesmo a descarregar nos videojogos

Com 32 anos, Dani Carvajal é um dos nomes com mais experiência do plantel da Espanha neste Euro 2024 que, por incrível que pareça, é o primeiro no qual participa. O motivo está, em grande parte, ligado às lesões que sempre acompanharam o jogador ao longo da sua carreira.

Durante anos, Carvajal foi assombrado por problemas musculares, que o impediram de jogar duas finais da Liga dos Campeões, ao serviço do Real Madrid, bem como vários torneios internacionais, mas nunca deixou de lutar para estar sempre no máximo da sua forma física: «Alguém deve-me ter amaldiçoado, mas tento de tudo», chegou a afirmar Carvajal.

De facto, não terá sido por falta de tentativas. Nascido em Leganés, na área metropolitana de Madrid, em 1992, Carvajal é um bom exemplo daqueles jogadores iniciou e, provavelmente, vai terminar a carreira em 'casa'. Formado nas escolas do Real Madrid, a primeira (e única) experiência que teve fora do clube merengue foi quando, em 2012/13 rumou ao Leverkusen. Uma época e 36 jogos depois, já estava de regresso ao Real Madrid, onde permanece até hoje.

Desde que iniciou a sua carreira profissional no futebol, Carvajal afirmou que já tentou de tudo para deixar de ter problemas com lesões. Chegou mesmo ao ponto de o lateral precisar de mudar a sua dieta: «As lesões eram um túnel sem luz ao fundo. Comia bem, cuidava de mim, mas nada mudava», afirmou.

Carvajal no Leverkusen, na época 2012/13 (IMAGO / Sven Simon)

Ao serviço da seleção espanhola, ainda que por vezes tenha sido atrapalhado pelas lesões, Carvajal já disputou dois Mundiais (2018 e 2022) e um Euro, precisamente, o de 2024.

Ao longo dos 12 anos em que joga como profissional (11 deles só no Real Madrid), o lateral já deixou de comer glúten, trigo, tomates, pimentas e até mesmo batatas: «Pedi a um nutricionista para ajudar e aí as coisas mudaram».

Carvajal a recuperar de uma lesão em 2017

O facto é que, desde que adaptou a sua dieta, o espanhol tem 'voado'. A temporada passada foi prova disso mesmo, uma vez que foi a melhor época de Carvajal. Com 41 jogos realizados, o espanhol marcou 6 golos, fez 6 assistências e levantou a taça da La Liga e da Liga dos Campeões. No meio de toda esta festa teve até direito a uma escolta do próprio pai, que é polícia.

O problema com as derrotas

Pode dizer-se que há duas coisas com as quais Carvajal lida muito mal. Uma delas, como mencionado, são as lesões. A outra, são as derrotas.

O futebol, por natureza, é um desporto que atrai personalidades ultra competitivas e onde, por norma, ninguém gosta de perder. Contudo, Carvajal consegue ir mais longe. O jogo poderia até valer um saco de feijões que o espanhol não lidaria bem com essa derrota.

A personalidade ultra competitiva de Carvajal já levou a que o jogador tivesse um problema... com o videojogo FIFA. Segundo o próprio, o espanhol lida tão mal com as derrotas que, numa dada altura, deixou de jogar FIFA de tão zangado que ficava quando perdia. Este medo de perder fica evidente na maneira como joga, como disputa cada lance e como se prepara para jogar. 

Atualmente, pode até nem ter a melhor relação com o FIFA, mas Carvajal já chegou a fazer uma das celebrações presentes no jogo

Este artigo partiu do perfil de Dani Carvajal que A BOLA publicou no âmbito da Guardian Experts’ Network, uma rede de troca de conteúdos liderada pelo conceituado jornal inglês, e que inclui meios de comunicação social de vários países representados no torneio.