Os destaques do FC Porto: a evolução de Francisco chocou com a estagnação
Grande diferença entre o irrequieto extremo esquerdino encostado à direita e os restantes colegas de ataque; Varela teve a glória nos pés, Nico González tentou fazer andar o carrossel
O melhor em campo: Francisco Conceição (nota 7)
Se com a equipa em alta o esquerdino já faz a diferença, as clivagens ficam mais acentuadas quando os colegas de ataque têm uma noite desinspirada e Francisco Conceição mantém a inquietude e irreverência, o que também diz muito sobre a sua consistência e regularidade. Naqueles pés nasceram as principais jogadas de perigo do FC Porto, fundamentalmente na primeira parte, exibindo os atributos conhecidos no um contra um (ou contra dois), mas simultaneamente maior amplitude de jogo, com passes a rasgar o campo, sinal de que começa, agora, a saber jogar mais vezes de cabeça levantada. Uma evolução contrastante com o resto.
6 Diogo Costa — O Rio Ave nada fez para o obrigar a mostrar as credenciais. Jogou mais com os pés do que com as mãos.
5 João Mário — O balanceamento ofensivo não foi proporcional às jogadas de perigo que criou pelo corredor direito. Talvez porque Francisco Conceição jogou por dois, retirando-lhe protagonismo.
6 Pepe — Num jogo demasiado fácil para os centrais, destacou-se pelas subidas à área contrária, ganhando várias bolas ao segundo poste, embora numa delas pudesse ter feito melhor (61’), optando pelo passe no ar em vez do remate quando Jhonatan estava desposicionado.
6 Fábio Cardoso — Controlou o espaço nas costas nas poucas vezes que Boateng ousou colocar em causa a sensação de segurança dos dragões.
5 Wendell — Muito projetado na ala esquerda, mas sem a habitual articulação com Galeno. Iniciativas em série, quer por fora quer por dentro e também na profundidade, mas sem consequências de maior. A saída do colega de corredor não o beneficiou, bem pelo contrário: tornou-se mais irrelevante.
6 Alan Varela — Teve nos pés o lance mais perigoso do FC Porto na segunda parte, vendo Jhonatan defender uma bola de golo aos 90+3’. Não foi, porém, o jogo mais conseguido do ex-médio do Boca Juniors, talvez porque perante um oponente de linhas tão fechadas se exigisse maior rotação nas trocas de bola. Mas foi decisivo, como sempre, na pressão alta que poderia ter trazido muitos benefícios aos atacantes dos azuis e brancos.
6 Nico González — As boas jogadas de ataque dos dragões na primeira parte, alimentadas com muitas tabelas, tiveram origem na forma circular como o espanhol atua em campo, como se a marca de água que traz nas botas, made in de Barcelona, se estendesse à restante equipa. Quando saiu, a qualidade da construção do FC Porto baixou. Isso quer dizer qualquer coisa.
5 Pepê — Atuando nas costas de Evanilson, tentou fazer os habituais desequilíbrios, embora uma coisa seja jogar num corredor frente a um ou dois adversários e outra estar rodeado de uma selva de pernas. Em certos momentos pareceu que o brasileiro caiu demasiado na tentação de se enfiar na cabine telefónica sabendo de antemão de que dali não sairia a sorrir. Em suma, muita vontade, mas poucas boas decisões.
5 Galeno — Viu ser-lhe anulado um golo por quatro centímetros de fora de jogo e aos 32’ devia ter assumido a baliza em vez do passe lateral. Era sinal de que a noite não iria correr-lhe bem.
5 Evanilson — O jogo prometia para o brasileiro: penálti conquistado logo aos quatro minutos. Mas o VARajudou a reverter, e bem, a decisão, expondo habilidades que nada têm a ver com as outras que tão bem exerce, nomeadamente quando se trata de criar linhas de passe para finalização e conclusão das jogadas. Viu ser-lhe anulado um golo, por fora de jogo de Wendell, e aos 63’ teve outra ameaça, num cabeceamento fraco tarado facilmente por Jhonatan. Pouco para quem vinha vinha de uma série de sete golos nos últimos quatro jogos. Se o enorme volume de jogo ofensivo do FC Porto não se traduziu em golos, em boa parte se deve à desinspiração do goleador brasileiro.
5 Iván Jaime — Entrou para fazer o mesmo que Galeno no corredor esquerdo. Menos explosivo e vertical, puxou demasiado o jogo para dentro, com alguns lançamentos para a área com selo de perigo, que quase sempre acabaram na cabeça dos centrais dos vila-condenses.
4 Toni Martínez — Um cabeceamento aos 90+6’ foi a única expressão visível de mais de um quarto de hora à procura do espaço para ser feliz. A entrada do ponta de lança espanhol apenas trouxe mais peso e altura na área, mas não discernimento.
- Gonçalo Borges — Falso lateral-direito nos últimos minutos de jogo. Só conseguiu expulsar Boateng, sofrendo a falta para duplo amarelo do adversário.
- Namaso — Substituiu um cansadíssimo Francisco Conceição. Sem tempo para fazer a diferença.