Opinião de Rui Costa: E Pluribus Unum

Desporto Opinião de Rui Costa: E Pluribus Unum

NACIONAL01.03.202313:10

Esta quarta-feira, 1 de março, celebra-se o Dia da Discriminação Zero. Zero a todas as formas de discriminação: género, idade, religião, orientação sexual, doença, deficiência, etnia, nacionalidade e, no desporto, zero à clubite.

Neste âmbito, A BOLA publicou uma edição especial (leia a edição impressa ou a edição digital), mas aqui partilhamos o artigo de opinião escrito para o nosso jornal pelo presidente do Benfica, Rui Costa.

E Pluribus Unum
 

Tenho bem noção da responsabilidade que é servir o Benfica, um clube singular e enorme feito de milhões de pessoas, cada uma com a sua origem, capacidade económica e modos de pensar e viver, mas todas irmanadas pelo intenso fervor benfiquista.

Tal acontece desde os primórdios do clube, estando bem vincada na nossa matriz identitária a ideia de que todos são bem-vindos desde que imbuídos pelo espírito de dedicação à causa benfiquista.

O Sport Lisboa e Benfica não tem, por si só, o poder de mudar o mundo, mas tem a responsabilidade e a obrigação de contribuir para uma sociedade melhor. Esse contributo consubstancia-se em ações e práticas concretas - aqui a Fundação Benfica assume um papel decisivo - e no exemplo. Fomos fundados no bairro lisboeta de Belém e daí partimos em busca da glória desportiva. O Benfica está onde quer que haja um benfiquista, nomeadamente em Portugal e nos PALOP, mas também, fruto da diáspora portuguesa, um pouco por todo o mundo.

É, também, nesta diversidade que a grandeza do Benfica assenta. E reconhecemo-lo com redobrado orgulho, cientes de que ao assumi-lo sem reservas, com repercussões palpáveis e visíveis no quotidiano benfiquista, estamos a contribuir para uma sociedade mais plural, inclusiva e tolerante.

A extraordinária dimensão do Benfica, tanto associativa como desportiva, é demonstrativa do potencial que emana da união entre as pessoas em torno de um ideal.

Somos um exemplo e queremos continuar a sê-lo através do desporto como meio de trabalho e sucesso. Continuaremos sempre na linha da frente do combate à discriminação.

Temos o dever de combater a xenofobia, o racismo e todas as formas de exclusão do próximo. Promover a igualdade, estimular as oportunidades, acolher, integrar e ajudar a vencer na vida quem vem de fora. A rejeição da discriminação tem de ser um imperativo de consciência. Se quisermos, um ato de benfiquismo, extensível a outras paixões clubísticas e demais filiações de natureza diversa. Cumprir esse dever torna-nos melhores e mais capazes, mais humanos.