Dennis da Cruz, subintendente da PSP, explica que o processo foi complexo «por aquilo que os suspeitos representavam»
Dennis da Cruz, subintendente da PSP responsável pela investigação da Operação Pretoriano, prestou esta segunda-feira depoimento no Tribunal São João Novo, no Porto, na quarta sessão do julgamento.
Nova sessão tem início esta tarde com Henrique Ramos, mais conhecido por ‘Tagarela’, a continuar o seu depoimento. Villas-Boas vai ser confrontado com vídeo, esta semana
«A investigação compreendeu várias diligências. Recolhemos várias provas, investigámos um conjunto alargado de indivíduos e que contribuíram do nosso ponto de vista de um status quo onde imperava o medo, onde ninguém podia dizer o que pensava. Através das imagens identificamos simples adeptos, também membros do grupo organizado de adeptos e funcionários do clube», começou por afirmar, depois de a procuradora ter pedido um resumo das diligências feitas.
«Tivemos 60 dias para executar a operação. Fui eu que batizei a operação como operação Pretoriano. E isto porque a operação visava indivíduos que protegiam a todo custo um determinado regime, os proveitos financeiros», continuou Dennis da Cruz, que também fez referência à proteção dos magistrados: «Foi uma operação complexa por aquilo que os suspeitos representavam. Esta operação teve várias pessoas sujeitas a um regime castrador, segurança pessoal”, diz Dennis da Cruz, referindo-se à proteção dada a magistrados.»
O subintendente da PSP acrescentou que viu o furto das pulseiras por parte de Fernando Madureira e Hugo Carneiro. «O furto das pulseiras pelo Hugo Carneiro e pelo Fernando Madureira? Eu vi com os meus olhos», frisou, referindo-se às imagens de videovigilância, antes de completar: «Também li as mensagens.»
Sobre a apresentação da candidatura de Villas-Boas à presidência do clube, Dennis da Cruz diz que a polícia se apercebeu de movimentações: «Tínhamos informação de que várias pessoas iam para lá apontar nomes dos apoiantes de André Villas-Boas para passar a terceiros, nomeadamente a Fernando Madureira.»
«Nós não estávamos a favor de candidatura alguma, nós somos a Polícia de Segurança Pública. Não nos meta nesse jogo», sublinhou o subintendente da PSP quando questionado pelo advogado de Fernando Madureira sobre quem fazia parte da equipa de Villas-Boas.
«O senhor Fernando Madureira é o promotor dos factos ilícitos», frisou, evidenciando várias mensagens que foram trocadas antes, durante e depois da AG a envolver o antigo líder dos Super Dragões. Dennis da Cruz não tem dúvidas de que a claque era «um grupo organizado.»
Henrique Ramos, adepto do FC Porto, já terminou o seu depoimento, ele que falou durante cerca de 1 hora e 35 minutos. O sócio dos dragões acabou a revelar os visados do seu discurso na Assembleia Geral de 13 de novembro de 2023.
Sócio do FC Porto conhecido por 'Tagarela' está a ser ouvido no tribunal, na quarta sessão do julgamento da Operação Pretoriano
«Foi o João Begonha Borges, mas era normal falarmos. Nunca quis fazer parte de qualquer equipa. Eu até tenho uma tatuagem de Jorge Nuno Pinto da Costa. Sempre fui uma pessoa que nunca teve medo de apontar os problemas que existiam. Eu disse que queria confrontar o Adelino Caldeira e o Fernando Gomes [administradores do FC Porto à altura dos acontecimentos]», disse.