No Dia Europeu contra o Tráfico de Seres Humanos, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, manifestou a revolta para com "o País desportivo que precisa de fazer a diferença na comunidade"
Foi de forma bastante assertiva e determinada que Joaquim Evangelista apontou os erros do país no que toca à preocupação sobre o fenómeno do tráfico humano no desporto, nomeadamente no desporto-rei.
«O futebol falhou no apoio aos jovens, às vítimas de tráfico humano. Temos falhado todos. Este problema não é exclusivo do futebol, mas do Estado português. Falhou o Governo, as instituições públicas e as desportivas, que não conseguem articular uma resposta conjunta. Esta temática nem é da nossa esfera de intervenção, mas obviamente não ficamos indiferentes às situações que nos aparecem pela frente. Estes jovens vêm para cá à procura de um sonho, que vira um pesadelo com várias sequelas psicológicas», salientou o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), à margem da apresentação de um dossier de medidas de combate ao tráfico humano, na sede da Policía Judiciária (PJ), em Lisboa.
Com a frontalidade que o caracteriza, o presidente do Sindicato dos Jogadores, que apresenta nesta quarta-feira, na sede da PJ, o ‘Dossier Tráfico Humano’, garante que manterá o tema na agenda mediática e assume: «Por mais que digam que sou inconveniente, nunca irei hipotecar os meus valores.»
Apesar de reconhecer a maior preponderância que a PJ irá agora ter sobre esta matéria, Joaquim Evangelista faz ainda ainda um apelo à cidadania desportiva. «Existem treinadores, ex-jogadores e dirigentes envolvidos nestas práticas, e eles estão a mais no futebol. Nós temos o dever de estar atentos e denunciar o que está errado. Não aceito que na minha terra, em Bragança, as pessoas, a Associação Distrital, não saiba o que se passa. Ou sabem da situação e são cúmplices deste silêncio, ou não sabem, e é grave, pois não estão atentos à atividade que representam. O que me incomoda é que o desporto, que deveria ser uma casa de valores não está a conseguir garantir proteção aos mais jovens», afirmou.
Com a frontalidade que o caracteriza, o presidente do Sindicato dos Jogadores, que apresenta nesta quarta-feira, na sede da PJ, o ‘Dossier Tráfico Humano’, garante que manterá o tema na agenda mediática e assume: «Por mais que digam que sou inconveniente, nunca irei hipotecar os meus valores.»
À parte deste flagelo, Joaquim Evangelista comentou ainda o escândalo das apostas ilegais que abalou recentemente a seleção italiana, que culminou inclusive com a dispensa de jogadores da convocatória nos últimos compromissos da campeã europeia. «Isto não é um caso que acontece somente em Itália. Estou também alerta ao que se passa no nosso país. Vamos voltar a colocar este tema na agenda mediática. Falo com toda a gente que fazem queixas sobre esta matéria. Não tenho dúvidas que isto está também presente em Portugal. Não é só jogadores a apostar, existem resultados manipulados que servem de lucro para muita gente. Isto é assustador e temos de o combater duramente. Quem sofre deste vício pode recorrer ao Sindicato, que vamos oferecer ajuda, sem dúvida», concluiu.