Um clube muito especial conhece um arranque excecional de temporada. Poderão os homens de Guimarães quebrar a maldição portuguesa na Liga Conferência? 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa
O Vitória SC é um clube especial. Tem, há décadas, uma extraordinária capacidade de mobilizar adeptos sem precisar de montar uma poderosa máquina de marketing. Foram fortes as imagens da invasão dos conquistadores em Arouca e a enchente do D. Afonso Henriques na recente receção ao Zurique.
Aos três triunfos na Liga Conferência, conquistadores somam mais um êxito, este na estreia na Liga. Nélson Oliveira fez o único golo da partida. Arouca bem tentou contrariar a superioridade dos visitantes
O marketing do Vitória vem do coração, da fidelidade e paixão exacerbada do seus adeptos. Tem a pressão de um clube que luta pelo título, sem que o título lhe seja exigido pelo seu público. A exigência é que jogue bem e ganhe. Pode perder, desde que a equipa jogue bem e deixe tudo o que tem em campo. Aí, até é aplaudida. Se perder e os níveis de entrega forem baixos e qualidade do futebol medíocre, bem se podem os jogadores esconder no castelo, que as vozes lá em baixo deitam abaixo as muralhas.
O arranque tem sido perfeito e o futebol agradável, com méritos evidentes para o treinador, Rui Borges, que mesmo perdendo uma grande referência como era Jota Silva, criou um coletivo que oferece exatamente o que o exigente adeptos vitoriano deseja. E o que é que o futebol português procura do Vitória? Que se apure para a Liga Conferência, essa competição que parecia caber como uma luva para clubes com moderada capacidade de investimento, mas que tem constituído uma maldição para Portugal, com evidentes danos para o ranking português na UEFA.
O adversário no play-off é Zrinjski Mostar. Não há adversários fáceis, mas em Guimarães habita um conjunto que quer manter bem acesa a chama europeia.