Dois vencedores de A BOLA de Prata na mesma equipa? Só aconteceu uma vez!; Jordão e Manuel Fernandes foram os únicos a coabitar no balneário leonino; sueco pode ser o sexto a casar o troféu individual mais cobiçado com o título de campeão nacional
Foi assim ao longo de 74 anos na Travessa da Queimada, no Bairro Alto, onde A BOLA cresceu e viveu, e assim continua a ser nas Torres de Lisboa, onde A BOLA agora se renova, sempre de mãos dadas com o compromisso de relatar o presente, lembrar o passado e abrir portas ao futuro, sem deixar que a tradição deixe de ser o que é, como é o caso quando falamos do troféu individual mais cobiçado do futebol português: A BOLA de Prata.
Os anos passam, os dirigentes, os treinadores e os jogadores também, mas a memória, essa, fica. Conquistar A BOLA de Prata sempre foi um passaporte para a eternidade e 71 anos depois de A BOLA a ter entregue pela primeira vez, coroando os 29 golos do eterno Matateu de Cruz de Cristo ao peito, em 1952/53, está de novo a chegar a hora de todas as decisões para eleger o melhor marcador desta Liga 2023/2024.
À semelhança do título nacional, também no que diz respeito ao cetro do melhor marcador todos os caminhos vão dar a… Alvalade. As contas só se fazem no final, claro, mas com três jornadas por riscar do calendário os cinco golos de vantagem de Viktor Gyokeres sobre Simon Banza à entrada para a reta final da temporada, depois do fantástico bis num espaço de 59 segundos no clássico do Dragão, oferecem confortável margem ao aríete sueco.
Momento simbólico do sueco no clássico, camisola 9, a igualar feito de antiga glória leonina em 1977: dois golos num minuto (59 segundos!); Gyokeres disponível para ajudar a equipa mesmo em... esforço; Um dos indiscutíveis de Rúben Amorim para o futuro
Na primeira (e última?) época no futebol português, Gyokeres está à esquina de escancarar as portas da eternidade, podendo aliar o tão ambicionado título e as faixas de campeão com o troféu de melhor marcador.
A confirmar-se, tornar-se-á o 13.º BOLA de Prata a rugir pelo Sporting, mas apenas o sexto a ver os golos recompensados com o título. Mas há dado ainda mais relevante implícito à provável conquista do sueco: é que com A BOLA de Prata arrebatada por Pedro Gonçalves no título conquistado em 2020/2021, Gyokeres replicará contexto só por uma vez visto na centenária história do Sporting, ou seja, coabitará com outro BOLA de Prata no balneário de Alvalade, algo que só os eternos Jordão e Manuel Fernandes lograram alcançar, há já 38 anos.
O troféu vencido por Jordão em 1979/80 e por Manuel Fernandes em 1985/86 fez desta dupla, até agora, a única da história do Sporting a jogar na mesma equipa leonina.
Curiosamente, Gyokeres poderá ser distinguido como melhor marcador do Campeonato precisamente 70 anos depois do primeiro BOLA de Prata leonino, João Martins, que em 1953/54 fez 31 golos (em 23 jogos, média de 1,35 golos/jogo).
Mais: também apenas pela segunda vez na história, o Sporting pode ver dois vencedores de A BOLA de Prata (Pote e Gyokeres) a casarem o histórico troféu individual com o título.
Se bem que depois de João Martins seria preciso esperar 20 anos por nova BOLA de Prata em Alvalade, a verdade é o que o sucessor deste, Yazalde, em 1973/74, no que foi o segundo troféu de melhor marcador da história leonina, também se sagrou campeão nacional. O que nunca mais voltou a suceder. O argentino chirola repetiria o feito na época seguinte, 1974/75, mas desta vez sem acompanhar com o título nacional.
Chegados à década de 80 do século passado, Jordão abriu as hostilidades, em ano de título, seguido seis anos depois por Manuel Fernandes, numa década que ainda consagraria mais um leão, o brasileiro Paulinho Cascavel, que assinou 23 golos em 1987/88. Até final do século XX, só Jorge Cadete lá chegaria, em 1992/93.
A desta época poderá, assim, ser a sexta BOLA de Prata leonina do século XXI (Jardel ganhou a primeira, em 2001/02), a sexta em 22 anos, depois de nos 49 anteriores ter conquistado sete.