O alerta de Rui Vitória sobre o fenómeno saudita

Egito O alerta de Rui Vitória sobre o fenómeno saudita

INTERNACIONAL31.07.202319:03

O selecionador do Egito, Rui Vitória, fez o balanço do primeiro ano à frente dos faraós numa entrevista ao The Athletic.

Falou de Mohamed Salah - confessou que a estrela do Liverpool foi o único jogador a mandar-lhe uma mensagem quando foi apontado selecionador -  e do fenómeno do futebol saudita, ele que foi o último treinador a conduzir o Al Nassr ao título, na temporada 2018/2019.

Aliás, Rui Vitória chegou a participar em encontros que anteciparam o fenómeno a que se começou a assistir este verão e que começou na época passada com a ida de Cristiano Ronaldo para o futebol saudita.

«Quando o Cristiano Ronaldo foi para lá, houve um boom e tiveram de trazer jogadores. As ofertas são muito altas, os jogadores estão a pensar nas suas vidas e agora estamos a vê-los ir», observou, deixando, todavia, um aviso à navegação: a torneira dos milhões pode fechar tão rapidamente como abriu.

«Acredito que vai ser liga forte mas também tenho dúvidas. Conheço a personalidade das pessoas e a mentalidade delas pode mudar rapidamente. Agora estão muito motivados para investir mas um dia podem mudar de ideias e parar. Na Europa, as coisas são mais planeadas», vinca o treinador português de 53 anos, que também falou da principal estrela do egito, Mohamed Salah.

«Comecei a falar com alguns jogadores, mas ele foi o único a mandar-me uma mensagem [depois de ter assinado pelo Egito]», confessou Rui Vitória, que não poupa elogios ao capitão da sua seleção.

«[Salah] Tem grande impacto nos colegas. Tem uma energia positiva e é humilde. Está sempre pronto para ajudar a sua equipa e o seu país», assentou.

«Tem os detalhes que fazem toda a diferença. É incrível como decide tão rapidamente e como está sempre no espaço certo», elogiou Vitória, que não vê Salah, aos 31 anos, a embarcar numa milionária aventura no futebol saudita.

«Vai jogar mais quatro ou cinco anos ao mais alto nível e tem atributos que não pode perder, a capacidade de decisão e a inteligência de jogo. É um profissional fantástico. Continua a procurar evoluir para se manter ao mais alto nível. O sono, o pequeno-almoço, o ginásio, tudo e mais alguma coisa», realçou.

Rui Vitória acredita, aliás, que Salah pode ter, no Liverpool, papel mais importante dentro e fora do relvado com as saídas dos experientes Jordan Henderson e James Milner e crê que o seu pupilo pode capitanear os reds da mesma forma que já faz no Egito.

«É um capitão muito bom, tem o perfil que eu gosto – mas não gosto de dar opinião sobre equipas e ambientes que não conheço. Não é só um capitão no relvado, ele ajuda a resolver todos os problemas a toda a hora», garante Rui Vitória.


Apontado como tendo tido papel no desenvolvimento de jogadores como Rúben Dias, Ederson, Renato Sanches ou João Félix, Rui Vitória salientou o papel dos treinadores nessa missão de apoiar o talento, garantindo que ser forte física e taticamente não é suficiente.

«Trabalhamos com os jogadores para que sejam fortes em todos os aspetos: pessoal, profissional, mental e social. Tens de tocar no cérebro dos jovens jogadores para trabalhar a mentalidade da educação, da adaptação, as coisas simples… Quando o Rúben Dias chegou ao Manchester City já sabia falar inglês. A mentalidade e a personalidade podem ser chave para o desenvolvimento de outras áreas», concluiu.

Tags: