E. Amadora-Farense, 0-3 No pé esquerdo de Belloumi cabe o Algarve inteiro (crónica)
Farense garante praticamente a permanência; argelino foi a estrela maior na Reboleira; tricolores não descolam da zona do ‘play-off’
O Farense garantiu ontem um confortável triunfo que praticamente garante aos algarvios a permanência na Liga. Num encontro que fez reavivar memórias de uma das poucas finais da Taça de Portugal envolvendo clubes pequenos, em 1990, as duas equipas deram uma demonstração do que cada uma vale: o Estrela usando um futebol com base na largura, apostando em ganhar nos duelos físicos e tendo em Leo Jabá o seu grande municiador, o Farense exibindo maior frieza, capaz de explorar os pontos fracos do adversário e ancorando-se na capacidade técnica dos seus homens da frente, especialmente o argelino Belloumi.
Foi do pé esquerdo do talentoso magrebino que os algarvios forjaram o triunfo no José Gomes. Primeiro, na extraordinária finta que trocou os pontos cardeais de Mansour e terminando no penálti cometido por Kiolanda Gaspar; depois no notável remate fora da área que fez o 2-0 logo no segundo minuto da segunda parte, o que fez Sérgio Vieira mudar quase tudo: de jogadores e de tática.
Durante 10 minutos a pressão dos tricolores chegou a ser asfixiante, mas aí emergiu a elasticidade de Ricardo Velho na baliza do Farense, algum desacerto dos avançados da equipa da casa e também a falta de sorte, traduzida no cabeceamento à barra de Nilton Varela aos 62’.
Ninguém pode adivinhar o que teria acontecido se o Estrela (que não descola da zona do play-off) tivesse marcado no período em que a Reboleira parecia entrar em erupção, mas também é correto dizer que o Farense nunca pareceu entrar em pânico e soube sempre esperar pelos momentos certos para dar as suas estocadas. O 3-0 apareceu assim: Velho lançou Bruno Duarte, este recebeu e cruzou para Marco Matias encostar. Parece fácil, mas a simplicidade dá muito trabalho.