Modric, chama o Vitinha, por favor
Onde outros veem a escuridão, becos e medos cénicos, o médio do PSG encontra a luz e dá à bola um tratamento VIP. 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa
E aquele passe de Vitinha contra a Croácia a ressuscitar João Félix na Seleção? A frase tem direitos de autor: é do povo. O povo nos cafés, o povo na pausa para o almoço e para o lanche, se calhar o povo em família enquanto assiste à novela da noite.
Frente à Polónia e Croácia, Portugal ofereceu-nos 90 minutos de futebol perfumado. Pena não terem sido 90 minutos seguidos. Uma segunda metade demolidora com a Polónia e primeiros 45 minutos autoritários contra os croatas, como o patriota gosta, formam a soma dos méritos da Seleção Nacional, que segue alegre o seu caminho na Liga das Nações.
Sem ter marcado um único golo, Vitinha emergiu não apenas como desbloqueador de conversa, mas como o desbloqueador do jogo luso. É o nosso Modric na habilidade, inteligência e capacidade de tornar simples o que para tantos jogadores deste planeta é complexo. A relação com a bola é de amor, há um desvelo a tratar o couro que é de craque, portanto, mais estranho que o ver saltar do banco para dar cabo da Polónia, foi vê-lo sentado a observar aqueles 45 minutos deploráveis e penosos.
Porém, a Liga das Nações também serve para isso, para perceber que, apesar do diminutivo no nome, Vitinha agiganta-se, resolve jogos e descobre atalhos onde outros encontram becos e medos cénicos. É um médio de calibre mundial, de uma fineza rara, que saiu do FC Porto bem trabalhado por Sérgio Conceição. Esse mérito ninguém tira ao ex-treinador dos dragões. O resultado é este, um médio mais completo que pode existir.