Mãe Florbela abre o coração: «No fim ganhará sempre a família Esgaio!»
Florbela Esgaio estará hoje em Alvalade para assistir ao confronto dos dois filhos

REPORTAGEM A BOLA Mãe Florbela abre o coração: «No fim ganhará sempre a família Esgaio!»

NACIONAL08.10.202308:00

Florbela, mãe de Ricardo e Tiago Esgaio, envia mensagem para os filhos, que neste domingo vão esgrimir forças em Alvalade. «Sou uma mãe babada», assume a A BOLA. Emoções à flor da pele de toda a vila da Nazaré

Florbela Esgaio vive horas agitadas. Conseguimos, mas não é fácil roubar-lhe uns minutos. É quase sempre assim. Normal. A ansiedade, essa, cresce quando estamos a poucas horas de um duelo que está longe de ser um duelo qualquer. Um Sporting - Arouca é… o jogo do ano. De uma vida até. Onde as cores das camisolas, neste caso particular, pouco ou nada interessam. Pelo apelido por certo que o leitor já chegou lá… Este Sporting-Arouca será também um confronto Ricardo-Tiago, os bens mais preciosos de Florbela Esgaio. Por estes dias, o tempo voa. É preciso agilizar tudo, desde a logística de viagens, o controlo das emoções, uma conversa aqui ou ali com a família. Porque ninguém pode falhar este jogo. Especial, único e… familiar.

«Sim, claro que vamos estar presentes. Daí estar aqui a apressar muitos assuntos pendentes para conseguirmos ir a Alvalade. Como trabalhamos ao fim-de-semana estamos a tentar agilizar tudo. É o tipo de jogo em que normalmente estamos sempre presentes», começa por dizer Florbela, mãe de Ricardo e Tiago Esgaio, que, uma vez mais, serão adversários.

O primeiro confronto aconteceu em Alcochete. Ricardo no Sporting e Tiago no UD Leiria

«Custa sempre um bocado… para nós é sempre um empate. No final ganhará sempre um Esgaio, mas por outro lado um ficará sempre a perder… (risos). Tem sido assim há muitos anos. Sei que o primeiro confronto de ambos ainda foi na Academia. O Ricardo já estava no Sporting e o Tiago estava no UD Leiria que na altura era orientado pelo José Dominguez. Eram dois garotos na altura. E esse primeiro jogo custou muito», recorda. 

Mãe assume que sempre que os filhos se defrontam que o resultado dá... empate na família

Dois anos separam Ricardo de Tiago Esgaio. O leão é mais velho, já trintão. Tiago, o mais novo, foi obrigado quase sempre a correr atrás do sucesso do irmão, que se mudou para Alcochete com apenas 11 anos e uns meses. A ligação ao futebol esteve sempre presente. Felizmente sem nunca se ultrapassarem barreiras, independentemente da cor das camisolas.

Ricardo e Tiago Esgaio sempre foram tranquilos, assume a mãe. Mas Tiago era mais reguila

Normalmente digo-lhes para desfrutarem. E claro… que não se lesionem [risos]! Isso é mesmo o mais importante para uma mãe

«Não tenho razões de queixa de nenhum. Sei que, seja quem for o vencedor, de que não haverá zangas ou amuos de nenhum deles. Nunca foram crianças muito complicadas. Tiveram as suas birras de crianças como todas têm, mas nunca me deram grandes trabalhos. O Tiago sempre foi mais reguila, era o segundo, o Ricardo, por sua vez, era mais calmo, tranquilo…», recorda Florbela, que, através de A BOLA, revela o que lhes pede sempre que se aproxima um confronto entre ambos: «Normalmente digo-lhes para desfrutarem. E claro… que não se lesionem [risos]! Isso é mesmo o mais importante para uma mãe.»

Ricardo Esgaio sempre protetor

A personalidade de Ricardo e Tiago foram-se alterando com os anos. Com orgulho, Florbela lembra os primeiros tempos de ambos na vila da Nazaré.

A família Esgaio sempre unida. Florbela, Tiago, Ricardo e Joaquim são o orgulho da Nazaré

Antigamente todos os amigos deles iam para a praia comigo. Sempre com uma bola e jogavam com o pai e o tio que também estavam ligados ao futebol. Acho que começou aí. Nas brincadeiras da praia e no vício de jogarem na areia. Foram nessa onda

«Como começou? Antigamente todos os amigos deles iam para a praia comigo. Sempre com uma bola e jogavam com o pai e o tio que também estavam ligados ao futebol. Acho que começou aí. Nas brincadeiras da praia e no vício de jogarem na areia. Foram nessa onda», conta, explicando as razões para terem afastado uma outra modalidade. «Agora na Nazaré as ondas são mesmo para o surf. Eles nunca tiveram essa tendência. Tinham uma prancha cada um, mas sempre encararam isso como uma brincadeira.»

Ricardo tem 30 anos e é dois anos mais velho que o irmão

E Tiago continua a ser o mais reguila? «Foram mudando…. O Tiago mudou muito e hoje deixou de ser um menino e é um homem muito tranquilo. Não tenho nada que lhes possa apontar. E posso dizer-lhe que sinto-me uma mãe babada por isso. Sempre foram muito tranquilos e, mais importante, amigos um do outro. Apoiam-se muito desde garotos. Lembro-me que o Ricardo sempre foi o protetor do irmão. Até hoje acho que ainda funciona um bocado assim.»

«Neste jogo sou neutra»

Joaquim Esgaio, o pai, é mais recatado e tenta afastar-se dos holofotes. Uma questão de personalidade, conta. Florbela Esgaio, aos 52 anos, toma as rédeas da conversa. Sempre com uma disposição contagiante. Em casa vai guardando troféus e camisolas dos clubes que os filhos foram vestindo ao longo das suas já longas carreiras. Neste domingo haverá novo jogo de emoções fortes. E Florbela já sabe que camisola irá vestir no duelo desta noite.

Na época passada, em Alvalade, Tiago Esgaio arrancou um empate, mas no final houve um sentido abraço

«Vou neutra [risos]. Não levo nenhuma camisola de clube vestida. E no final lá estarei para dar um beijinho aos dois. Com enorme felicidade. Porque, independentemente de tudo, a família Esgaio ganhará sempre», desabafa.    

«Hoje todos se escondem 
atrás as redes sociais»

É visto como o lado mau do futebol. Um mundo de criticas ferozes em que todos estão expostos. Todos os jogos, todos os fins de semana. Florbela Esgaio já sentiu isso na pele. Seja do lado do Ricardo ou do Tiago. E que acarreta problemas que muitos desconhecem. Mas que, confessa a mãe de Ricardo Esgaio, os filhos têm conseguido, com maior ou menor dificuldade, ultrapassar. Com discurso aberto, sem refúgios, confessa a A BOLA, o que lhe vai na alma…

Irmãos já foram rivais com camisolas de outros clubes

 «Não é fácil lidar com essas críticas. Hoje em dia toda a gente se esconde atrás das redes sociais. O que eu acho é que por vezes se critica e ninguém sabe o que está por trás. Criticam uma pessoa que nem sequer conhecem! Isso é muito mau e hoje em dia vive-se muito disso, das criticas nas redes sociais. E a crítica, na minha opinião, deve sempre ser construtiva e não destrutiva como é quase sempre. Agora eles têm que viver com isso porque faz parte. Não quer dizer que se fique satisfeito e para quem é pai mais complicado é. Conversamos, falamos e as coisas vão passando. Eles felizmente têm ultrapassado e conseguido ter esse estofo para ultrapassar tudo», diz a mãe de Ricardo e Tiago, que deu conta de quando o futebol passou a ser bem mais que um passatempo…

Hoje em dia toda a gente se esconde atrás das redes sociais. O que eu acho é que por vezes se critica e ninguém sabe o que está por trás. Criticam uma pessoa que nem sequer conhecem! Isso é muito mau e hoje em dia vive-se muito disso, das criticas nas redes sociais. E a crítica, na minha opinião, deve sempre ser construtiva e não destrutiva como é quase sempre

«Olhe na altura eles começaram muito novos e nós pais olhávamos para o futebol como uma atividade extra-curricular (risos). Era desporto, era bom para eles, sempre vimos isso como uma atividade extra. Depois, quando as coisas se proporcionaram com o Ricardo no Sporting, ficámos surpreendidos. Fomos apanhados de surpresa. Mas ele quis ir para lá e nós demos apoio que necessitou. Depois com os treinos, os jogos, as seleções, muito vai ficando para trás. Não foram tão longe como gostaria a nível escolar, tiveram de fazer opções mas até agora tem corrido bem. Espero que assim continue…»