Sporting: tudo o que disse Rúben Amorim
Treinador leonino promoveu conferência de Imprensa, este sábado, para fazer a antevisão do jogo com o Arouca, em Alvalade
St. Juste mais perto de regressar às opções?
«Está cada vez mais próximo. Vamos ter uma paragem para as seleções agora onde podemos, tendo um jogo com a equipa B, dar-lhe alguns minutos e ver as sensações que ele teve. De acordo com as cargas, vamos tentar ver como ele pode crescer nesse sentido.»
Qual a reação à derrota com a Atalanta e como encara um jogo três dias depois?
«Gostamos é de jogar na Europa e no campeonato. Podíamos ter tido mais um dia para preparar o jogo... Não o tivemos. Temos a equipa preparada, os jogadores estão frescos e houve rotação durante este ciclo. Conhecemos bem o Arouca. Sabemos que no ano passado não lhes ganhámos nenhum jogo e queremos mudar isso. O Daniel Ramos é um treinador muito experiente, sabe que com o desenrolar do jogo vai criar ansiedade em toda a gente. Queremos entrar bem e jogar bem na primeira e segunda parte para vencer o jogo.»
Já afirmou que depois da época passada há tolerância zero, que a equipa tem de jogar e ganhar bem, isso traz pressão para quem vai jogar amanhã?
«Não. É saber ler o momento, conhecer o futebol, ter alguma experiência e constatar um facto. Nós temos sempre de ganhar, já no ano passado tínhamos. Queremos lutar pelos títulos. Não se perde assim tantos pontos em Portugal e a pressão está lá sempre. O que faço é ler o ambiente e conhecer bem o futebol português. Não acresce nada, foi-me perguntado sobre o ambiente, os assobios. O que disse é que já esperava isso. Estamos na frente e isso acontece com uma má primeira parte, mas é bom sinal, é sinal que há exigência no clube. Vejo isso com naturalidade, não acresce pressão, é apenas a constatação de um facto.»
O Sporting oscila entre a euforia e a depressão. Depois da primeira derrota é bom ou mau jogar tão poucos dias depois da derrota? Foi uma semana pesada?
«Nada pesada. Temos sempre um dia, principalmente eu, para tirar essas sensações por perder e porque já não perdíamos há algum tempo. Também o facto de termos jogado tão bem na segunda parte dá uma sensação ainda pior. É bom jogar logo a seguir, mas queria mais um dia para preparar o jogo, hoje os jogadores ainda estavam em preparação e não deixámos a bola correr como gostaríamos. Mas acho que um jogo logo a seguir é bom. É das coisas que mais desgasta um treinador no Sporting. O que passou, passou, é preciso não viver desses fantasmas e estar sempre otimista. Tento transmitir isso a toda a gente aqui. Também diziam que não chegaríamos ao Natal há três anos, não ganharíamos na Alemanha, na Áustria... Esta equipa não ganhou nenhum dos primeiros cinco jogos europeus que teve e depois passou na Liga dos Campeões. Não acredito em nada disso. Acredito que podemos ser campeões, ganhar títulos e passar na Europa. O que podemos retirar é a forma como jogámos. O que se passou com a Atalanta, o resultado, o facto dos adeptos não estarem satisfeitos naquele dia, isso para mim morreu naquele jogo. É normal, no nosso clube, termos essa atitude. É talvez a coisa mais desgastante como treinador do Sporting, mas não acredito em nada disso. Já o provámos muitas vezes. Queremos ficar em primeiro e é para isso que vamos jogar amanhã.»
Além de Gonçalo Inácio, que está na convocatória, gostava de ver Pedro Gonçalves, Paulinho e Nuno Santos na Seleção?
«A última vez que falei nisso dei quatro pontos a favor do selecionador e um ponto ao argumento dado para a convocatória e volto a manter essa opinião. Se houve treinador que sempre disse que era difícil mudar jogadores da equipa fui eu. Não me vou meter mais na Seleção para não ser mal interpretado. O Matheus Nunes não está convocado e está na melhor equipa do mundo.»
Amanhã é dia de Assembleia Geral, além de outros assuntos, vai ser votada a proposta de dar o nome de Cristiano Ronaldo a uma das portas do estádio. Também gostaria de ter o seu nome assim associado ao clube no futuro?
«Não quero nada disso. Não quero ser relembrado numa porta ou outra coisa qualquer, gostaria de relembrar por alguém que não se deixou levar pelos fantasmas, pela desgraça ao virar da esquina... Gostava de ser relembrado por podermos andar sempre para a frente, que o melhor está para vir e que podemos mudar o clube. O Sporting está bem encaminhado e é isso que está sempre na minha cabeça. Já houve momentos mais difíceis. Perdemos um jogo na época e foi difícil para toda a gente gerir isto.»
Coates celebra hoje 33 a nos, está em final de contrato, há a possibilidade de continua para lá desta época?
«Penso que está previsto no contrato, não quero entrar por aí. Não sou a pessoa mais indicada para dizer o que o Coates representar para o Sporting porque não estou aqui assim há tanto tempo. Para mim, enquanto treinador do Sporting, o que ele representa é o exemplo que ele tem, a forma como sempre jogo e ajuda os colegas. Não me interessa a idade dele, pode ser melhor como jogador e como capitão. Pode usar a estatura dele e mudar um pouco mais o feitio e trazer um bocadinho mais de agressividade não só na forma como joga, mas como lida com os colegas. A alguns fazia-lhes bem. Para mim, representa o nosso líder em campo, o nosso capitão, mas quando olho para ele quero que faça mais. Dizem que é pesado e precisa de aquecimento, mas entrou muito bem [jogou a segunda parte com a Atalanta], deu-nos agressividade tal que, em cada bola dividida, transportou isso para o campo. É muito importante e viu-se na forma como a equipa se sente mais confiante com ele em campo. Em vez de dizermos o que ele representa, é aquilo que ainda pode representar na equipa e no clube.»
Qual o sentimento com que a equipa deve entrar amanhã em campo? Com fome? Com raiva?
«É isso tudo junto. Ter fome. Raiva não. Querer ganhar, ter muita calma perante tudo o que acontecer. Sabemos que o Arouca quer alongar o jogo, manter o 0-0, fazer transições, criar algumas oportunidades e algum mau ambiente no nosso estádio. Se sabemos que isso pode acontecer, temos de ter muita confiança, calma e estarmos bem nos posicionamentos. Não deixámos o Farense fazer muitas transições, sofremos dois golos em bola parada, mas acho que faltou alguma velocidade na forma como nos movimentámos em roturas. Acho que amanhã vamos estar melhores nesse aspeto. Queremos manter o primeiro lugar e não há nada melhor do que lutar por ele.»
Considera que com Paulinho e Gyokeres em campo a equipa fica mais previsível?
«Cada jogo tem a sua caraterística. Lembro-me de jogos em que o Paulinho entrou e ficámos mais perigosos. O facto de termos alguns cruzamentos e dois jogadores na área, torna a equipa mais perigosa. Houve jogos em que estivemos mais próximos do golo com o Paulinho e o Viktor [Gyokeres] em campo. Não vou dizer como vamos jogar amanhã, mas obviamente que tendo o Marcus [Edwards], comparando com o Paulinho, um é mais criativo que o outro. Um é mais de área e mais fácil de referenciar. O Marcus torna qualquer equipa mais imprevisível.»
Falou com Morita sobre Daniel Ramos para ter informações mais detalhadas?
«Não falámos. Como viram esta semana, não é fácil falar com o Morita [risos].»Já conhecemos o Daniel Ramos, vimos muitos vídeos, já jogámos contra ele e sabemos o que pode apresentar. Tem variação entre quatro e cinco defesas em que o ala faz o quinto homem. Treinámos isso dentro do pouco tempo que tivemos. Focámo-nos muito no que precisamos de ser muito bons, a parar transições, o um para um do Cristo, o Mujica é forte no espaço. Podem jogar com três centrais, quatro, e amanhã penso que vamos fazer um bom jogo.»