Botafogo Luís Castro premeia jogadores com folgas no meio da «violência gostosa que é o Brasileirão»

O Botafogo venceu o Fortaleza este sábado em jogo da 10.ª jornada, registando a oitava vitória em 10 jogos. O clube é líder com cinco pontos de vantagem sobre o Palmeiras (que ainda vai jogar) e Luís Castro vai premiar os jogadores com… descanso.

O campeonato vai parar para jogos das Seleções durante 10 dias e por isso o treinador vai conceder quatro dias de folga. O treinador português tem insistido muito no ritmo alucinante no Brasil, com jogos e viagens longas de 3 em 3 dias, pelo que ele próprio virá a Portugal carregar baterias.  

«Eu sempre disse que a melhor forma de treinar é jogar, mas vamos ter um tempo para ir de férias durante quatro dias, issi não atrapalha nada com a nossa rotatividade. Porque andamos há muito tempo sem descansar. Eu vou a Portugal, que já lá não vou há uns meses largos. Vamos descansar a mente, o corpo. Eles levam para casa o trabalho que tem de ser feito», revelou Luís Castro .

«Ter folgas vai ser bom para todos. Passámos noites em aviões, tivemos algumas vezes de nos levantar às 3 da madrugada depois de um jogo que acabou às 23 horas; levantar muito cedo... não tem explicação. Mas pronto, é a violência gostosa de uma competição que é o Brasileirão», sublinhou o treinador.

Voltando à noite de sábado, o treinador desvalorizou a vantagem de cinco pontos: «Temos de ser muito pragmáticos nas análises. Está tudo muito no começo. Não temos de olhar para trás, mas sim para dentro. Não consigo fazer um balanço do campeonato de forma tão precoce. Sei que tenho uma equipa que quer muito ganhar e isso é o que mais me interessa. Aquilo que mais quero quando partir do Botafogo é deixar espírito vencedor, essa mentalidade vencedora, a mentalidade que ninguém está acomodado com qualquer resultado que seja.»

O Botafogo volta a jogar no dia 22 de junho, em visita ao Cuiabá.

O treinador aproveitou também para uma crítica mais geral ao estado dos relvados. O do seu estádio, o Nilton Santos, é novo, devido a obras no recinto, e os adeptos têm já uma música para a boa série de jogos em casa ('Caiu no tapetinho, já era'), mas Luís Castro pediu mais:

«Uma das coisas [a rever] no futebol brasileiro é o estado dos relvados, acho que a CBF tem mesmo de verificar este assunto. O Brasil tem os melhores jogadores do mundo, produz grandes treinadores para o mundo e para o próprio país. O Brasil é futebol e é samba. E tem de cuidar daquilo que é mais bonito no Brasil. Então vamos apresentar isso como? O Nilton Santos tinha um relvado horrível. Não dava paz a nenhum jogador. Porque entre uma bola vir aos saltos ou vir direita, quem jogou futebol sabe que é muito diferente. Um bom jogador num mau relvado não produz a mesma coisa. Um mau jogador em qualquer relvado vai sempre produzir nada. Portanto, ou se resolve para aumentar a qualidade do futebol ou vai haver sempre esse problema. Agora, está nas mãos de quem quer ver o futebol brasileiro e levá-lo ao mundo. Muita gente quer ver o futebol brasileiro. E as críticas são essas, são as que recebo: ‘que relvado era aquele?’ Toda gente sabe qual é o problema, mas ninguém resolve. As duas opções que tínhamos era: colocar relvado natural bom ou colocar artificial. Não tivemos hipótese de colocar um relvado natural bom, que é aquilo que defendo, então é melhor artificial bom do que um mau relvado. Têm sido muito melhores os espetáculos aqui em comparação ao ano passado. Para nós e para o nosso adversário.»