Luciano Gonçalves: «Entidade externa para a arbitragem? É um projeto em cima da mesa e que está a ser trabalhado»
Presidente da APAF falou esta terça-feira sobre o futuro da arbitragem em Portugal. Foto: Vítor Garcez/ASF

Luciano Gonçalves: «Entidade externa para a arbitragem? É um projeto em cima da mesa e que está a ser trabalhado»

NACIONAL07.11.202319:12

Presidente da APAF diz que ainda é cedo para se falar do formato do Grupo de Trabalho criado pela FPF que estuda a passagem da gestão da arbitragem para uma entidade externa; sobre a videoarbitragem, dirigente afirma que «não houve nenhum erro que tenha colocado em causa a verdade desportiva»

O Grupo de Trabalho criado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para que a gestão da arbitragem passe para uma entidade externa ainda está numa fase muito precoce do seu percurso. Quem o afirma é Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), que garante que, caso este projeto vá para a frente, nunca será implementado na presente época desportiva.

«Isto é apenas um projeto do que está em cima da mesa e a ser trabalhado. Não é nenhum projeto da APAF, mas sim do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, que temos andado a trabalhar num grupo de trabalho com a Liga Portuguesa de Futebol, e estamos a construir um documento, uma ideia. Não é uma ideia finalizada entre as três partes, portanto, é um processo que está em construção e todas as variantes, desde a sua constituição, as condições que têm de ser garantidas, quem irá coordenar ou não, ainda é muito cedo para estarmos a dizer que irá ser formatado de uma forma ou de outra. Esta época? Completamente fora de questão. Uma coisa é certa: deve ser sempre algo para acrescentar valor. Se for algo para ser igual ao que temos e só mudamos o nome, mais vale melhorar o que temos», afirmou, à margem da apresentação do livro «Talentos Desportivos - Da Identificação ao Pleno Desenvolvimento», da FPF, numa cerimónia que decorreu na tarde desta terça-feira, no auditório da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

De recordar que o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de futebol levou a proposta para esta entidade externa à reunião de direção do organismo, algo que surpreendeu a Liga, que decidiu convocar os clubes para uma reunião de urgência, realizada nesta segunda-feira, e da qual saiu um documento com 7 reivindicações.

Na sequência, o Conselho de Arbitragem fez saber que mantém aberta a reflexão para a definição desta entidade externa, e espera contributos estruturados nos próximos 60 dias, de forma a apresentar uma solução em janeiro de 2024. A ideia é cumprir o objetivo de remeter as alterações à Assembleia da República em abril de 2024, uma vez que este projeto da entidade externa para a arbitragem surge no âmbito do debate sobre alterações à Lei de bases e ao Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), desencadeado pela Secretaria de Estado da Juventude e Desporto.

O tema da arbitragem esteve, naturalmente, em destaque na conversa entre Luciano Gonçalves e os jornalistas, nesta terça-feira, com o líder da APAF a não se escusar às perguntas que lhe foram colocadas. Nem mesmo quando o tema incidiu sobre a videoarbitragem.

Luciano Gonçalves, presidente da APAF, esteve em Leiria por ocasião da apresentação do livro «Talentos Desportivos - Da Identificação ao Pleno Desenvolvimento»

«Isto é um trabalho contínuo, mas a aposta passa cada vez mais pela formação, a análise cada vez mais exaustiva aos jogos, aquilo que são a comparação de lances de uma semana para a outra… Estamos a tentar fazer a nossa parte e a tentarmos evoluir cada vez mais para acertarmos cada vez mais. Era impensável há dez anos pensarmos que iríamos ter vídeoárbitro no futebol. É tudo uma evolução. A própria videoarbitragem vai ter que criar ferramentas que sejam cada vez mais fidedignas nas análises aos lances. Sobre as ferramentas que estão disponíveis para a arbitragem, tem sido feito um uso assertivo. Não estou a dizer que os erros não acontecem, isso é humano e irá sempre existir, com VAR ou sem VAR. A questão das máquinas estarem bem ou não estarem bem, acaba por ser um mito. Não estou a falar da situação técnica», declarou.

E mesmo que os erros possam existir, como o próprio frisou, a verdade é que os mesmos, no entendimento de Luciano Gonçalves, não colocaram em causa a verdade desportiva do(s) jogo(s) ou da competição: «A Inglaterra é muitas vezes a nossa referência na arbitragem e, às vezes, os erros acontecem. Não tenho o entendimento de que houve algum erro que tivesse colocado em causa a verdade desportiva. Os erros que aconteceram têm que ver com erros humanos e não erros técnicos.»

Relativamente ao dérbi do próximo domingo, entre Benfica e Sporting, para a 11.ª jornada da Liga, Luciano Gonçalves mostrou-se totalmente convicto de que, qualquer que seja a equipa de arbitragem nomeada para o dérbi eterno, estará mais do que preparada para um dos grandes jogos do futebol português. «Espero que seja um grande jogo, com três grandes equipas. Também temos os árbitros preparados para que possam estar a esse nível. As equipas também estão focadíssimas, está a ser um campeonato muito disputado e é de esperar, naturalmente, que sejam três grandes equipas e um bom espetáculo desportivo. Todos os árbitros que estão nos campeonatos profissionais são obrigados a estarem preparadíssimos para este tipo de jogos. Temos uma série de árbitros preparados», concluiu o líder máximo da APAF.