Campeões começaram 2024/2025 da mesma forma como a terminaram: vencendo e mostrando que os jogos só acabam até eles marcarem; um troféu e dois pontos em dois jogos, eis um velho cartão de visita
O Leverkusen começou 2024/2025 da mesma maneira que terminou a temporada anterior: vencendo e nunca desistindo, provando mais uma vez que os jogos só acabam, muitas vezes, até os farmacêuticos marcarem. Porque além da invencibilidade interna na Alemanha (não perde desde 25 de maio de 2023, derrota por 0-3 em casa do Bochum na última jornada da Bundesliga dessa época), a formação dirigida por Xabi Alonso voltou a demonstrar a apetência de marcar golos nos últimos minutos, como se quisesse guardar o melhor para o fim.
A primeira demonstração decorreu logo na Supertaça da Alemanha, quando Patrick Schick fez o 2-2 aos 88’ diante do Estugarda, levando o jogo para o desempate por penáltis e vencendo na marca dos 11 metros. Mas o mais paradigmático aconteceu na partida seguinte, na primeira jornada da Bundesliga, no último fim de semana: vitória por 3-2 diante do Borussia Monchengladbach com o golo da vitória apontado por Florian Wirtz aos 90+11’, na recarga a um penálti executado pelo extremo germânico.
Equipa de Xabi Alonso vencia tranquilamente, por 0-2, ao intervalo, acabou por empatar e conseguiu o triunfo na sequência de um penálti já para lá do tempo de compensação
Vitória nas grandes penalidades frente ao Estugarda, depois de um empate a dois no tempo regulamentar; Campeões alemães estiveram em inferioridade numérica desde o minuto 37
O campeão da Alemanha parece querer manter esta imagem de marca que lhe valeu o estatuto de equipa europeia com mais golos marcados em cima da hora ou para lá do minuto 90 em 23/24. Os 16 remates de sucesso mesmo à beira do fim nas três provas em que o Leverkusen esteve envolvido (Bundesliga, Taça da Alemanha e Liga Europa) fizeram do conjunto orientado pelo técnico espanhol o que mais abusou dessa força entre as dez principais ligas do continente.
Vale 11 pontos
Mas se abrirmos o campo da análise para o minuto 85 em diante percebe-se que esta estrelinha do Leverkusen brilha ainda mais. Dos 144 golos apontados na época passada nas várias competições, 25 ocorreram nesse período, o que equivale a mais de 17 por cento. Mas talvez seja mais impactante a ocorrência ao nível de jogos: 21 das 53 partidas tiveram golos em cima da hora, ou seja, quase 40 por cento – a cada quatro encontros, portanto.
Na Bundesliga isto teve um peso enorme. Foram 11 jogos com emoção garantida até ao fim, um total de 12 golos que deram grandes alegrias aos adeptos daquele que outrora chamavam de Neverkusen pelo facto de nada vencerem apesar de terem estado perto de o fazer, a nível interno e europeu, em vários momentos da história. Estes 12 golos nem sempre corresponderam a pontos, mas a maioria, sim: nove pontos em termos absolutos, somando os dois obtidos agora na primeira jornada da Bundesliga - a título de comparação, o Bayern só conseguiu obter quatro na época passada neste período.
Nas taças, a crença também trouxe resultados. Na Liga Europa foram decisivos os golos tardios diante de Qarabag e Roma, o mesmo acontecendo na Taça da Alemanha, nos quartos de final frente ao Estugarda, a mesma equipa que bebeu do mesmo veneno no arranque da presente época: estava a ganhar e de repente a alma de Leverkusen encarnou no corpo de Patrik Schick para levar a decisão rumo aos penáltis.
«Normalmente muitas equipas baixam os braços nestas condições, mas nós nunca nos rendemos», é a explicação do médio suíço Granit Xhaka, um dos líderes de uma equipa que promete continuar a surpreender o futebol mundial.