«Leão com dobro do apetite torna-se ainda mais letal»: a crónica do Sporting-Tondela
Passagem aos quartos de final da Taça com bis de Pedro Gonçalves e Gyokeres; Tondela ainda assustou, depois tremeu e finalmente caiu
Jogar, marcar e promover o descanso ativo. Saiu tudo bem ao Sporting na receção ao Tondela, para os oitavos de final da Taça de Portugal, o segundo de uma série de seis jogos (que podem ser sete) no mês de janeiro. E novamente com uma goleada e tendo Gyokeres como habitual protagonista (par de Pedro Gonçalves), desta vez vestindo novamente o fato de artilheiro depois de ter andado a distribuir assistências na vitória por 5-1 ao Estoril.
O normal, portanto, de uma equipa que somou a sexta vitória consecutiva, mas cujas limitações do ponto de vista das escolhas, nomeadamente na defesa (Diomande no CAN, St. Juste debilitado, Coates a regressar à competição), levaram Rúben Amorim a promover a estreia de Rafael Pontelo, recém-contratado ao Leixões.
E foi num erro do central brasileiro (má receção de bola e interceção de Cuba) que nasceu o primeiro lance de perigo do jogo, aos 9’, com Franco Israel a defender para o poste com a mão contrária o forte remate de Rui Gomes. Um erro de principiante rapidamente abafado pelos colegas, que dois minutos depois construíam o 1-0 com assinatura de Pedro Gonçalves, numa jogada que começou na capacidade de Gyokeres furar a última linha do adversário (formada por cinco elementos), redundando depois no remate falhado de Nuno Santos e na recarga bem sucedida do português, que voltou a jogar a médio, porém com muita liberdade de movimentos.
Para uma equipa da Liga 2 que aos 11’ já se via a perder em casa do líder do campeonato, aquele golo parece ter desmontado a estratégia de Tozé Marreco, que viu a frustração subir mais uns furos e no minuto seguinte após o erro na reposição de bola do guarda-redes Léo Navacchio, permitindo a Daniel Bragança assistir Gonçalves para um daqueles seus passes para a baliza de defesa impossível.
Quem assistia à partida percebia que o Tondela não demonstrava capacidade de resposta e o avolumar do marcador dependeria apenas da vontade dos avançados verdes e brancos em aproveitar os erros na construção do adversário e na falta de agressividade nos duelos (a primeira falta dos visitantes decorreu à passagem da meia hora).
Trincão, um dos mais ativos no ataque, tentava aproveitar a oportunidade para somar pontos na luta muito interessante com Edwards (de fora, devido a gripe) por um lugar no onze, Paulinho arrastava marcações e Nuno Santos tinha espaço para colocar bolas no coração da área. Num desses lances, o sueco fez o 3-0, de cabeça (37’). O jogo ficava ali resolvido.
20 golos em 23 jogos
O técnico dos leões decidiu deixar Pedro Gonçalves e Rafael Pontelo no balneário ao intervalo (Hjulmand e Matheus Reis assumiram as devidas funções) e decidiu manter Gyokeres mais um quarto de hora dentro daquela filosofia de que o avançado se alimenta de tempo de jogo e de golos para manter os elevados níveis de voracidade. E quando muitos adeptos ainda ajeitavam os cachecóis e as luvas depois dos snacks ingeridos ao intervalo o panzer de Alvalade bisava, aos 46’, aproveitando o mau passe do central Mazenga para o guarda-redes, chegando primeiro que Léo Navacchio, contornando-o no chão sempre com a bola dominada e rematando de ângulo apertado para a baliza deserta, chegando ao 20.º golo em 23 jogos em todas as provas (média de craque).
Para bem do Tondela, Gyokeres saiu aos 59’ e o jogo perdeu magnetismo, desenrolando-se como uma pelada de sentido quase único até ao fim, em modo de gestão e para combater o frio polar.