Leandro Barreiro: da pior estreia de sempre ao Benfica do coração
Leandro Barreiro, médio do Mainz e futuro jogador do Benfica (Kessler-Sportfotografie)
Foto: IMAGO

Leandro Barreiro: da pior estreia de sempre ao Benfica do coração

NACIONAL10.06.202410:45

Entrevista de despedida ao canal do Mainz no YouTube percorre oito anos de carreira no clube; jogador adorado na Alemanha e com histórias boas para contar

O Benfica contratou um jogador carismático e adorado no clube que representava há oito anos. Um jogador convencido, também, por via do coração: tem nacionalidade angolana e família a viver em Portugal, sendo adepto dos encarnados.

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Leandro Barreiro foi homenageado em campo pelo Mainz, mas também fora dele, através de uma entrevista de despedida e que permitiu conhecer um pouco melhor o médio de 24 anos que o Benfica contratou a custo zero, aproveitando o facto de o jogador ter terminado contrato com o emblema alemão.

«Emoção e caos. Primeiro emoção, porque foi naquele momento que caiu a ficha, foi naquele momento que pensei que era último jogo pelo Mainz», começou por dizer, enquanto visualizava imagens suas, de joelhos, na relva, emocionado, no final da partida com o Wolfsburgo.

A entrevista ao canal de Youtube do Mainz tocou fundo no coração e foi buscar os primeiros tempos no clube, quando chegou do Luxemburgo para a equipa sub-17: «Percebi rapidamente, logo no fim das primeiras conversas e do primeiro treino à experiência, que era isto que desejava para mim, ainda por cima não era assim tão longe do Luxemburgo. Senti saudades de casa, mas também tive sensação de bem-estar. Tudo começou com coisas muito positivas e momentos bonitos.»

A ascensão foi rápida: «A data da promoção à primeira equipa fica sempre na cabeça, 4 de novembro de 2018. A minha família estava cá, assinámos o contrato e eu fiquei muito orgulhoso e feliz.»

E prosseguiu, recordando a estreia na Bundesliga, a 8 fevereiro 2019. «O treinador [Sandro Schwarz] disse-me: ‘hoje vais ser titular, boa sorte, faz aquilo que costumas fazer nos treinos’. Estava nervoso, mas também entusiasmado. Tinham passado 13 minutos de jogo, olhei para cima e pensei no quão difícil são as coisas no início, mas as minhas pernas aguentaram os 90 minutos», observou, sem se deter: «Perdemos [1-5, com o Bayer Leverkusen] e no final estava arrasado, era o meu primeiro jogo. Fui para casa a conduzir e tinha cólicas, naquele tempo ainda conduzia um carro com embraiagem e quase não conseguia pôr as mudanças. Hoje já consigo falar nisso, até rir-me desse momento.»

E rapidamente acrescentou: «E peço uma vez mais desculpas ao Baumgartlinger, parti-lhe o nariz e vi o meu primeiro cartão amarelo.» O episódio é doloroso, saltou na área com o adversário e atingiu-o em cheio no nariz, com a testa.

Mas há também coisas boas para recordar. «Lembro-me sempre do meu primeiro golo na Bundesliga, nunca irei esquecê-lo», conta, revendo o 3-2, em Leipzig, golo da vitória, minuto 50, a 23 de janeiro de 2021. Desvio perto da baliza.

«Também marquei ao Colónia fora de casa e também foi importante [3-2, ao minuto 90+1, disparo de fora da área]», disse. «Eu e o clube tínhamos os mesmos princípios, jogávamos com lealdade e espírito de equipa, encaixávamos na perfeição, era o que eu sentia e continuo a sentir», sublinhou, antes de eleger «o momento mais bonito». «Foi com o Dortmund [3-0, último jogo em casa pelo Mainz], tinha quase toda a minha família no estádio. Ganhámos, joguei bem, marquei um golo, fui ter com os adeptos, o dia não poderia ter sido melhor.»

Jonathan Burkardt e Leandro Barreiro, colegas e amigos no Mainz (IMAGO)

Leo, como era tratado por todos, deixa saudades no Mainz e no colega e amigo Jonathan Burkardt, que também deixou o seu testemunho. E votos: «Desejo-lhe a sorte que teve no Mainz.»