Koindredi para lapidar à imagem do Sporting

Ligação ao mar é umbilical, família é o grande pilar e ter um instrumento de cordas dá sempre jeito; no campo é muito habilidoso em espaço reduzido, é forte fisicamente e lê bem o jogo

Nasceu a 7 de outubro de 2001, em Nouméa, na Nova Caledónia. É curiosa a origem de Koba Koindredi, que vem do outro lado do planeta, no meio do Oceano Pacífico. A família é originária do subúrbio de Paita, Nouméa, na província sul da ilha da Nova Caledónia. 

Em 1916, o avô de Koba deixou o país para defender a França na I Guerra Mundial, anos depois, também na condição de soldado, o pai de Koba, Nicolas, foi enviado para o Djibuti, país da África Oriental, numa missão de paz, e toda a família seguiu para aquele país no Corno de África, de modo a preservar uma velha máxima da família: manter-se unida. 

Koindredi cresceu em Fréjus, comuna francesa, um resort à beira-mar na Côte d’Azur, onde jogava no EFC Fréjus Saint-Raphael, equipa amadora, perto de Cannes, e algumas equipas já tinham detetado o potencial do ‘jogador de cabelos cacheados’, mas o desejo de manter a família unida fê-lo rejeitar diversas propostas. 

Só em maio de 2017, Koindredi chegou ao Lens, onde teve uma ascensão brilhante, saltando de imediato para a equipa B, tendo-se estreado a 22 de dezembro de 2018, com 17 anos, jogando os últimos 30 minutos na derrota caseira frente ao SC Schiltigheim (0-1). Daí a chegar à seleção francesa foi um pulinho, tendo sido chamado em janeiro de 2019 aos sub-17 dos bleus, onde fez cinco jogos, e, no mesmo ano, foi convocado para os sub-18, onde realizou 12 partidas e marcou dois golos. Estava dado o mote para que os olheiros do Valência não mais o largassem. 

Não foi fácil convencê-lo a mudar de país e a deixar a família para trás, mas a proximidade ao mar, naquela que é uma ligação umbilical, e a promessa de que, mais tarde, toda a sua família estaria reunida em Espanha, fez com Koindredi rejeitasse oferta de renovação do Lens e, em janeiro de 2019, assinou pelo Valência, onde começou a jogar nos juvenis, mas depressa foi promovido à equipa B, onde se estreou a marcar como sénior a 1 de setembro, num empate frente ao Castellón (2-2). Na mesma época brilhou na Youth League, prova onde fez dois golos, e deu nas vistas no Torneio de Toulon - defrontou Portugal, num jogo em que a Seleção Nacional venceu, por 3-0, tendo sido lançado no encontro aos 71 minutos.

Em 2020/2021, fez a pré-época com a equipa principal do Valência, numa clara aposta do treinador Marcelino Toral, e dividiu a época com presenças na formação B (10 jogos) e na 1.ª Divisão espanhola (13 minutos em duas partidas) e ainda jogou na Taça do Rei (317 minutos em quatro jogos, tendo marcado um golo e feito uma assistência).   

Na temporada seguinte, com a equipa B relegada para a 3.ª Divisão, Koindredi renovou contrato até junho de 2025, manteve-se na equipa principal, tendo apenas somando 175 numa dezena de jogos, e esteve em destaque num jogo da Taça do Rei - prova em que cumpriu 199 em três jogos, e marcou um golo, de livre direto, na vitória frente ao CD Utrillas (3-0). 

Na época passada deu um passo atrás, mas encarou o empréstimo ao Oviedo, da 2.ª Divisão, como uma oportunidade para somar mais tempo em competição: cumpriu 1081 em 20 jogos, marcou um golo e fez três assistências.

No último verão chegou a Portugal, mais um país à beira-mar plantado, cedido pelo Valência, até final da época, de modo que o médio francês, de 22 anos, ganhe experiência, num campeonato com visibilidade. Ao serviço da equipa da Linha soma 703 minutos em 13 jogos, já defrontou os três grandes e, diga-se, deixou boas indicações, por exemplo, frente ao Benfica foi aposta inicial, sem nervos nem deslumbramentos, o francês encarou Florentino Luís e Chiquinho (João Neves no período final), e conseguiu fazer pender para o seu lado vários dos duelos.

Números de Koba Koindredi em 2023/2024

Esquerdino ao raio-x 

No que às características de Koba Koindredi diz respeito, que tem em Kanté (Al-Ittihad) uma referência, há a destacar a compleição física (1,84 metros), que consegue aliar à vertente técnica. Esquerdino, de personalidade tranquila, tanto pode jogar numa posição mais defensiva como mais adiantada, é forte nas receções orientadas e capaz de manter a bola sob pressão do adversário, tem grande capacidade de rodar sobre os médios, grande facilidade em conduzir a bola pelo corredor central e, claro, fisicamente consegue dar muita presença no miolo. 

Ao serviço do Estoril tem vindo a demonstrar  a sua capacidade de pressão mais alta sem o esférico, recuperando cada vez mais bolas em terrenos mais altos. Em espaços reduzidos é um jogador muito habilidoso, com drible curto, o que lhe permite sair de espaços com elevada pressão. 

Rúben Amorim viu no médio francês uma peça perfeita para encaixar no seu puzzle e deu aval para a contratação de Koba Koindredi, a quem muitos lhe auguram futuro promissor que, apesar de ter despontado tardiamente, depressa começou a dar nas vistas.