ENTREVISTA Juskowiak agora é scout e fez uma avaliação do plantel do Sporting
Entre 1992 e 1995 brilhou com a camisola dos leões numa equipa recheada de talento, mas à qual faltou um título. O polaco, em conversa com A BOLA, fala do passado e da visita especial dos leões ao seu país. Hoje é ‘scout’ do Lech Póznan e foi tentado para fazer uma avaliação dos jogadores que mais o impressionam no Sporting.
Podemos começar já por aqui: será um espectador atento ao jogo e marcará presença no estádio?
— Infelizmente não vou conseguir porque vou estar presente num jogo do Lech Póznan. Trabalho aqui como scout nos últimos seis anos e contratámos neste período cinco jogadores portugueses [risos].
— Vai ficar a sofrer por fora... Será um jogo muito especial.
— Os clubes polacos têm dificuldade em jogar este tipo de jogos europeus. Comparando com o Sporting, podemos dizer que o Sporting é de Champions e o Raków de Liga Conferência. A diferença é muito grande. Para ter uma ideia: o Raków podia gastar neste ultimo mercado €1,5 milhões por um jogador e olhando para o Sporting, só com o Gyokeres, gastou 20. Quando me perguntam aqui na Polónia das diferenças dou sempre este exemplo...
— Quais são os perigos para o Sporting neste jogo?
— O Raków tem um grande guarda-redes, Vladan Kovacevic! Se ele tiver um bom dia será um guarda-redes muito complicado de bater. É dos melhores guardiões do futebol polaco. Jogam no mesmo sistema tático do Sporting, com três defesas e dois alas, mas têm problemas a defender. Nos últimos anos só contrataram pontas de lança e tinham de trabalhar mais na defesa. Depois têm algum azar porque o melhor jogador está de fora. O Iván López, espanhol, número 10, que fazia diferença na Polónia, está lesionado.
— Se o guarda-redes é o ponto forte no Sporting será Gyokeres. Será um confronto a seguir?
— Seguramente! Mas é bom terem a oportunidade de defrontar um jogador como o Gyokeres, que está a fazer um grande arranque. Vai ser muito difícil para eles travarem o Gyokeres. Porque é um ponta de lança completo, tem tudo. Precisam de o anular como um todo na defesa. Quando a equipa adversária consegue passar aquela linha média do Raków sentem muitas dificuldades, pois nem sempre conseguem reagir rápido. E o Sporting é muito forte nisso. O Sporting, se jogar com velocidade nas transições, vai criar muitas situações para marcar. Disso tenho a certeza...
— O Juskowiak jogador conseguia jogar neste Sporting?
— [risos] É importante ter qualidade no tempo em que jogamos. Agora é tudo muito diferente. Tudo mais rápido, um avançado tem de ser mais móvel, e quando joga num sistema sozinho tem de segurar bem a bola, é tudo mais complexo agora para um ponta de lança. Mas também é por isso que custam muito mais dinheiro do que eu na altura...
— No seu tempo ficou a faltar um título de campeão. Foi o maior desgosto da passagem por Portugal?
— Sim, claro. Porque tínhamos jogadores com muita qualidade, como Figo, Balakov..., mas faltava experiência. E aquela pontinha de sorte em um ou outro jogo. Com uma equipa mais madura seria mais fácil. Aos jovens, mesmo com talento, faltou a solidez para manter o nível alto a longo prazo. Mas tive a sorte de jogar com jogadores de nível mundial.
— Agora é ‘scout’. Como avaliava a equipa do Sporting?
— Por alto... os dois da defesa: Gonçalo Inácio e Diomande. São jovens mas quem não souber a idade… sabem tudo do jogo de uma equipa grande. O Nuno Santos também, pode fazer muitos estragos na defesa do Raków. É muito rápido, com e sem bola, e jogadores como ele há poucos na Polónia. E Pedro Gonçalves anda sempre lá na área e só aparece quando há oportunidades e parece que chama a bola. E aquele remate sem precisar de força? Fantástico.