José Mota quer «dividir o jogo com o FC Porto»
Treinador do Farense elogia as qualidades dos portistas e acredita que a sua equipa consiga criar situações de perigo e tornar o jogo difícil para os dragões.
José Mota antevê dificuldades para o Farense neste domingo, quando defrontar o FC Porto, no São Luís, em jogo da 19.ª jornada da liga. O treinador dos algarvios pede concentração aos seus jogadores, acredita que em muitos momentos conseguirá «dividir» o jogo e complicar a vida aos dragões, empolgado pela «entusiasmante» massa adepta que tem tornado o São Luís a «fortaleza» da equipa. Para o embate com os portistas, Rui Costa é o único jogador indisponível no Farense, devido a lesão na coxa direita.
- O que espera do jogo e que armas o Farense tem para tentar vencer?
«Defrontar o FCP é sempre difícil, atravessam um bom momento, com vitórias e um bom nível exibicional. A mudança do modelo de jogo tem sido positiva para o FC Porto. Temos que estar no máximo da nossa concentração, percebermos que é uma equipa muito forte e que terá incitativa de jogo porque o faz em todos os estádios. O nosso momento atual e organização, são fatores que podem proporcionar um bom espetáculo, porque as duas equipas atravessam bons períodos, têm condições para desempenhar – dentro das suas estratégias – o que foi delineado para o jogo e estão ambas imbuídas de um espírito positivo para que este jogo seja muitas vezes dividido. Pretendemos dividir o jogo com o FC Porto, ser ambiciosos, e na nossa casa, fazer aquilo que temos feito ao longo do campeonato, ser uma equipa sempre muito organizada, que luta sempre pelos três pontos. E percebermos que temos as nossas armas, o FC Porto luta por objetivos maiores, o de ser campeão e nós, com a nossa ambição, queremos fazer um campeonato digno. Este é um jogo em que queremos ter uma boa prestação e contrariarmos a força e o poderio do FC Porto.»
- A instabilidade que tem existido em relação às eleições no FC Porto fragiliza o adversário?
«Penso que não e amanhã vamos ter aqui uma moldura humana muito grande de adeptos do FC Porto, que seguem a equipa com grande determinação e os jogadores vão sentir essa força, que vão alhear-se dessas questões e estarão focados e avisados das dificuldades que vão encontrar em Faro. Quando entramos nesta fase do campeonato, o FC Porto e qualquer equipa que tem os mesmos objetivos, vai lutar sempre pelas vitórias, porque a 2.ª volta é sempre muito decisiva e não podem perder pontos. Ao longo dos tempos temos mostrado que somos uma equipa capaz e nomeadamente com os grandes. Vencemos o SC Braga, empatámos com o Benfica, mas em termos de golos marcados e sofridos, temos 7-7, com os chamados grandes. Por aí já se vê as dificuldades que nós temos patenteado para com esses adversários. Espero que amanhã continuemos a dar esse seguimento, ser uma equipa com aquela postura e ambição e há um aspeto que para mim e para os meus jogadores é muito importante: jogamos no São Luís, que é a nossa fortaleza, temos tido bons comportamentos e queremos manter.»
- Nos anos 90 havia grande rivalidade nos jogos com o FC Porto no São Luís. Utilizou isso para motivar os seus jogadores?
«O São Luís é por si só um fator de motivação. É sempre bom lembrarmo-nos da história, já passei por vários clubes que também têm essa mística e quando defrontam os grandes também conseguem dimensionar-se e ter postura e ambição. Eu quero que isso aconteça e o FC Porto sabe que jogar no São Luís nunca foi fácil, e queremos continuar a fazer parte dessa história. Vamos entrar em campo com a ambição de lutar para conseguir os três pontos, tem sido assim ao longo do campeonato e não vamos mudar a nossa postura só porque o adversário é o FC Porto. Sabemos que estamos numa posição, 7.º lugar, que por si só já faz com que os adversários estejam de sobreaviso e também o nosso nível exibicional e valorização que os nossos jogadores têm tido ao longo deste campeonato, tem sido reconhecida pelos nossos adversários. Antevejo que poderá ser um jogo muito interessante e gostaria que fosse emocionante.»
- O Farense tem sido uma das equipas revelação, perdeu com o FC Porto no Dragão nos últimos minutos. Isso dá confiança?
«Temos que ter uma estratégia muito bem definida, o FC porto vai ser uma equipa muito exigente para nós, quer no aspeto defensivo, como ofensivo. Temos que aproveitar alguns momentos de alguma fragilidade que o adversário possa ter e tentarmos ser aquela equipa que temos sido, que no nosso terreno, pela nossa forma de estar, atitude e coragem, consegue galvanizar os adeptos. Queremos que eles (adeptos) nos entusiasmem e que o jogo se torne mais difícil para o adversário. Temos os nossos pontos fortes, somos uma equipa que tem mais golos marcados que sofridos, o que realça que temos sido competitivos e organizados, independentemente do adversário. Amanhã espero continuar assim, temos capacidade para tornar o jogo muito difícil para o FC Porto e sei eles estão de sobreaviso para isso. Sei também como estas equipas grandes entram no jogo, muito pressionantes, com uma atitude muito forte e nesse aspeto, de atitude, sabemos que o FC Porto tem uma capacidade muito grande e sei que também pensam que vão encontrar um adversário muito difícil, que é o Farense. Vamos ser organizados e muitas das vezes estar por cima do jogo.»
- Qual foi o segredo do bom desempenho do Farense na 1.ª volta?
«Foi acreditarmos. Os meus atletas têm acreditado, e não é de agora. É um processo que já vem da época passada, em que as vitórias sabem muito bem. E quando temos o vício das vitórias, quando perdemos, dói. Temos esse tipo de sentimentos. O que acontece também é que muitos destes jogadores eram desconhecidos do grande público. Posso até referenciar algumas situações interessantes: se reparamos nesta equipa do Farense, vemos que o Ricardo Velho não jogava na época passada, da mesma forma o Pastor, o Gonçalo (Silva), o Zach (Muscat), o Belloumi, o Mattheus (Oliveira)… muitos que não jogavam, mas começaram a acreditar que tinham potencial para se impor e fizeram-no na parte final do campeonato da época passada e deram essa continuidade. É claro que nós temos que ter uma exigência muito grande com eles, mas eles percebem que isso é para o bem deles, para que percebam que têm condições para jogar ao mais alto nível e nós não podemos facilitar nem deixar que eles pensem que já atingiram algo importante e pensem que já é o suficiente. Tenho um grupo que tem união, jogam para e pela equipa e quando ela rende, naturalmente as individualidades aparecem.»
- Na preparação deste jogo, qual foi a diferença em relação aos outros? Exigiu mais concentração?
«Não há diferença nenhuma. Há é pormenores que nós percebemos que o adversário tem mais fortes, assim como as individualidades e isso é trabalhado, chega aos jogadores, eles sabem que se não estivermos concentrados e focados, essas individualidades podem resolver o jogo e com os chamados grandes isso acontece com facilidade. Basta um momento de inspiração para resolverem um jogo. Os jogadores estão preparados, sabem o que vão encontrar, vamos ver se vão executar o plano, como temos feito noutras situações. Poderei aceitar que o FC Porto possa ter mais posse de bola, que o domine, mas quero dividi-lo em muitas fases, porque se o dividirmos vamos tornar o jogo mais equilibrado e difícil para o adversário. Quando tivermos a bola, temos que ser inteligentes e saber gerir a sua posse e tentar criar perigo, que é um aspeto fundamental. Muito perigo.»