«Joguei com uma hérnia até ao final mas fomos campeões!»
Simão, antigo extremo do Benfica e atual diretor para as relações internacionais das águias (Imagem SL Benfica)

«Joguei com uma hérnia até ao final mas fomos campeões!»

NACIONAL06.11.202311:32

As memórias de Simão Sabrosa no Benfica e da transição do antigo para o novo Estádio da Luz; o não querer perder nem a feijões com Mantorras, Petit ou Nuno Gomes

Simão Sabrosa, 44 anos, antigo extremo e capitão da equipa do Benfica, é agora o diretor dos encarnados para as relações internacionais.

Vestiu a camisola do Benfica de 2001 a 2007, marcou 94 golos em 230 jogos e, pelas águias, conquistou um Campeonato, uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira.

Não espanta, pois, que Simão tenha sido eleito pelos adeptos um dos 20 jogadores dos últimos 20 anos (na nova Luz, portanto) a ter lugar no Mural dos Campeões, que ficará imortalizado no estádio.  

«É impossível não me lembrar desse momento [primeiro jogo no Estádio da Luz], mas, primeiro, temos de recuar um pouco até ao estádio anterior e a essa transição, que foi realmente difícil, porque não tínhamos condições para treinar. Chegar a esse dia da inauguração, tão desejado por jogadores, adeptos e clube, foi algo inesquecível, porque nós acompanhámos a construção e íamos fazendo visitas ao estádio. O dia da inauguração foi especial para todos nós», recorda Simão, em entrevista publicada no site do Benfica e na qual aponta, também, o melhor momento que passou na nova Luz: «Todos eles foram importantes e esta não é uma resposta politicamente correta, é sentida. É especial jogar perante os nossos adeptos, os nossos sócios e com os meus companheiros, tal como poder marcar golos, festejá-los com os meus colegas e poder treinar, porque também treinávamos aqui. Seria injusto da minha parte escolher um golo ou um lance de génio, mas talvez escolha o Campeonato de 2004/05, onde erguemos o troféu de campeão no Estádio da Luz.»

Simão Sabrosa admite que sente «falta do balneário» e recorda uma história vivia na nova Luz. « Quando nós viemos para este estádio, havia um campo sintético por trás do balneário e íamos para lá jogar futevólei. Ficávamos lá mais uma hora a competir entre nós e essa era uma parte importante e fundamental, porque ninguém queria perder, até nesses jogos. Eu, o Petit, o Nuno Gomes, o Mantorras e outros jogadores acabávamos sempre 'expulsos' pelo treinador José Antonio Camacho, porque ele também queria jogar com a equipa técnica dele.»

Seria injusto da minha parte escolher um golo ou um lance de génio, mas talvez escolha o Campeonato de 2004/05, onde erguemos o troféu de campeão no Estádio da Luz.

E sublinha uma «recordação» especial.
«[Golo marcado ao Sporting em 26 de janeiro de 2005] Foi um golo fantástico mesmo a acabar o jogo, que vale o empate e o desempate por penáltis. Habitualmente, eu chutava com a parte interior do pé, mas, neste jogo, já tinha uma hérnia inguinal. Quando dominei a bola pensei, e isto foi tudo numa questão de segundos, que se rematasse com a parte interior do pé, o guarda-redes ia dominar a bola com o peito, porque eu não ia ter força suficiente para marcar. Decidi, então, colocar o peito do pé para dar mais força à bola, algo que não era habitual em mim, e esta acabou por entrar na baliza. Já ouvi histórias de pessoas que estavam neste jogo e que me disseram que saíram do estádio, ouviram o golo e voltaram para trás. Foi um golo espetacular num jogo memorável, e a partir daí joguei com uma hérnia inguinal até ao final do Campeonato. Felizmente, acabámos por ser campeões.»

Decidi, então, colocar o peito do pé para dar mais força à bola, algo que não era habitual em mim, e esta acabou por entrar na baliza. Já ouvi histórias de pessoas que estavam neste jogo e que me disseram que saíram do estádio, ouviram o golo e voltaram para trás.

«Para mim, é um grande orgulho e uma grande honra estar entre os 20 eleitos. Acredito que a escolha não tenha sido fácil para os sócios e isso deixa-me muito feliz. Outros jogadores também poderiam estar, mas só podem estar 20 e estou sensibilizado por poder estar no Mural», finalizou o atual diretor encarnado e antiga glória do futebol benfiquista.