João Matos: «Em momento algum pode haver facilitismo»
João Matos/ Miguel Nunes

ENTREVISTA A BOLA PARTE 1 João Matos: «Em momento algum pode haver facilitismo»

FUTSAL13.09.202409:30

Com mais de 200 internacionalizações por Portugal, João Matos, de 37 anos, é, atualmente, o capitão da Seleção Nacional que vai defender o título no Mundial do Uzbequistão, entre este sábado e 6 de outubro. Promete uma equipa nos limites pelo bicampeonato

— Já são mais de 200 internacionalizações por Portugal. Nada mau para alguém que começou no desporto a jogar ténis de mesa...?

— Nada mau, mesmo. É um número extraordinário, que nunca me passou na cabeça. Estava muito longe das minhas ambições e dos meus sonhos quando comecei a praticar a modalidade representar a Seleção por duzentas vezes e já ultrapassei essa marca [202]. Foi um trajeto, uma história com altos e baixos, com vitórias muito saborosas, com grandes conquistas, mas não fica por aqui.

— Com 41 troféus conquistados, tem força para levantar mais uma taça de campeão do mundo?

— Muita força para levantar seja que taça for. Internamente, não tem de haver motivação para jogar um Mundial, ser melhor do que todos os outros países do planeta. Há força para levantar o troféu, mas o foco é, claramente, o jogo com o Panamá. Analisar o adversário, fazer um bom jogo, competente, mas se não conseguirmos, pelo menos ganhar. Não consigo imaginar-me a levantar uma taça de campeão do mundo, porque eu prefiro viver o presente, desde a análise do treino de amanhã, como é que vou treinar, refletir o que posso melhorar. Isso é uma fase de crescimento e é aquilo que eu acredito que nos vai fazer ser campeões do mundo novamente e se não formos, que seja porque o adversário seja melhor e não porque houve um percalço pelo caminho.

— O que falta afinar para a estreia no dia 16 frente ao Panamá?

— Não temos de afinar, mas sim baixar as cargas para termos as pernas mais frescas. É claramente um fator que nos vai ajudar. Estamos em processo de preparação.

— Antes da entrada na quadra, já tem o discurso preparado ou será algo natural?

— Não temos de motivar muito estes 14 jogadores, mas sim alertar, no sentido de deixar algo na cabeça que aquele segundo, disputa de bola, pequeno lance que se pode tornar grande, é importante. Não vamos esconder que no dia 16, assumimos um favoritismo contra o Panamá, não vamos fugir disso, mas temos de o provar lá dentro e entrar na quadra com aquilo que foi estipulado na estratégia para aquele jogo, as bolas paradas, organização ofensiva e defensiva, com o 5x4, que seguramente vai acontecer no final do jogo. Em momento algum, pode haver facilitismo, porque temos mais qualidade, melhores jogadores e temos de colocar em prática. Todos têm um papel dentro da equipa, independentemente dos minutos que jogarem, e cientes disso estaremos mais perto de ganhar.

— Será o seu quarto Mundial, o primeiro em que defenderá o título. A pressão aumenta?

— A pressão a mim não aumenta rigorosamente nada. Quem me dera ter essa pressão em todos os Mundiais, era sinal que já tinha três conquistas. Isto é a nossa vida, treinamos diariamente para no fim de semana sermos colocados à prova contra determinado adversário. Apesar da grandeza do momento, que é um Campeonato do Mundo e Portugal ter de defender esse título, não é nada mais nada menos que nós entrarmos em campo para aplicar o que treinámos com a consequência de termos sido muito felizes há três anos. O que temos vindo a desenvolver é prepararmos-mos para a fase de grupos. Queremos muito passar em primeiro para não ter de fazer viagens, para o tempo entre jogos ser aquele planeado para os dias de descanso e recuperação. Ser campeão do mundo é uma consequência do bom trabalho que tem vindo a ser feito pela Federação, pelos clubes, pelos miúdos, pelos treinadores da formação. Agora estamos, creio, mais preparados e consistentes para dar continuidade a este momento. Se vamos ser campeões? Não sei, mas vamos trabalhar muito, claramente.

— Quem são as principais ameaças à revalidação do título?

— Muitas seleções fortes. Brasil, Argentina, Espanha. No nosso grupo, apanhámos uma seleção que pode incomodar muito, que é Marrocos. O Irão é uma potência asiática muito grande e irá chatear muita gente. A França, sendo isto jogos a eliminar e não em pontos, é uma seleção a ter muito cuidado. Atualmente, não há jogos fáceis. Aqueles 9-0 ao Panamá no Mundial da Colômbia [em 2016] não se vão repetir neste Mundial. Há, sim, uma ou outra seleção mais fraca, que vêm de continentes nos quais o futsal não é tão desenvolvido.

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