ENTREVISTA A BOLA Kutchy: «Vir do bairro pode ser difícil. Felizmente, segui o caminho certo»

FUTSAL12.09.202410:00

A realizar um sonho de criança, o ala de 21 anos é um dos estreantes no lote de convocados para o Mundial, que terá lugar no Uzbequistão, entre 14 de setembro e 6 de outubro. Recorda os primeiros passos no futsal, o orgulho de representar a Arroja e aceita com agrado a alcunha de espalha-brasas da Seleção Nacional

— Quem é Edmilson Sá, conhecido no mundo do futsal por Kutchy, e como começou esta paixão pelo futsal?

— Edmilson Sá é um jogador de futsal de 21 anos, que começou a jogar com 7/8 anos de idade na Arroja, basicamente, na escola. Depois, tinha um clube [Associação Cultural Social e Desportiva da Arroja] no bairro, à frente de casa e foi assim que tudo começou.

— Consegue descrever-nos a sua reação quando o selecionador Jorge Braz o convocou para o Mundial?
— Foi um sentimento de orgulho e um sonho realizado, pois acaba por ser um objetivo pessoal. Estou muito contente por estar aqui.

— Quem foi a primeira pessoa a quem contou que tinha sido convocado para o Mundial?

— Foi ao meu padrinho, que me acompanha sempre no futsal. É a pessoa com quem falo todos os dias sobre o futsal ou alguma coisa. Considero-o como um pai e foi um motivo de orgulho.

— A lesão de Pauleta, à última da hora, aumentou as hipóteses de ser convocado?

— Acabou por aumentar, porque sai um jogador. A lesão do Pauleta facilita a convocatória, mas não é nisso que tenho de pensar. Estou aqui pelo meu trabalho.

— Já interiorizou que Portugal vai entrar com a responsabilidade de defender o título?

— Já dei conta disso. Nós vamos defender o título, mas temos de ir jogo a jogo e fazer o nosso melhor para conquistar o troféu.

Jorge Braz: «Só me voltam a ver a 7 de outubro»

10 setembro 2024, 11:00

Jorge Braz: «Só me voltam a ver a 7 de outubro»

Selecionador nacional revela a promessa feita à família, antes da participação no Campeonato do Mundo, no Uzbequistão, entre 14 de setembro e 6 de outubro, do qual Portugal é o atual detentor do título. Refere que o passado vitorioso — que incluiu ainda o bicampeonato europeu e a Finalíssima — não chega e assume o objetivo de chegar ao final da prova. E explica  as escolhas finais na convocatória.

— O quão especial será ouvir o hino no dia 16 de setembro, frente ao Panamá?

— Ainda não imaginei [risos]. Claro que quero sentir esse sentimento, é um sonho de criança jogar um Mundial e o de todas as crianças representar a Seleção ao mais alto nível. É isso que tenho de preparar e vamos lá ver o que vai acontecer.

— Cresceu e viveu num bairro. De que forma isso o motiva a querer chegar mais longe?

— Vir do bairro, acaba por ser difícil, porque há caminhos bons e maus. Felizmente, consegui seguir o certo. É um motivo de orgulho poder representar o meu bairro, os meus amigos, a família.

— Quando era mais novo, os mais velhos não o deixavam andar com eles. É verdade?

— Certo! E hoje agradeço às pessoas, que sabem quem são, por me terem dado esse conselho e estou aqui para os representar da melhor forma. A eles e ao bairro.

— Com 21 anos, já realizou 17 jogos pela Seleção A. Como foi a adaptação a um balneário com jogadores bicampeões europeus e campeões mundiais?

— A adaptação foi super fácil. Mesmo sendo novo, sinto que já estou aqui há 10 anos. Adaptei-me muito bem ao balneário e aos meus companheiros.

— Quando chegou ao grupo, que conselhos lhe passaram?

— Ser eu mesmo e fazer o que mais gosto. Não me senti nervoso, porque já tinha jogado contra eles no campeonato e só passei a conhecer melhor cada um.

— Nesta equipa, é conhecido como o espalha-brasas. Concorda?

— Sim, concordo! É uma das minhas características, ser irreverente, ter um contra um ofensivo, defensivo também, mas destaco-me sobretudo a atacar.

— No início da época, era dado como dispensado pelo Benfica para ser novamente emprestado e acaba no Mundial? É sobretudo uma temporada de resiliência?

— Para ser sincero, eu tinha a noção que não faria parte do plantel, porque o meu empréstimo ao Fundão era de três anos, se não me engano. À última da hora, acabei por ser chamado pelo Benfica e, felizmente, fiz uma boa época e é isso que tento fazer.

— O Fundão é muito importante para si…

— Sim, porque foi a equipa que me deu asas para poder jogar na Liga Placard e estou super agradecido ao staff e aos companheiros de equipa que partilharam campo comigo.

— Que conselho dá a quem estiver na mesma situação de ser emprestado?

— A partir do momento em que vais ser emprestado, é porque um dia irás voltar. O conselho que dou é que tenham sempre cabeça forte e deem o máximo em cada lance, cada jogo e cada treino.

— O Benfica ainda não apresentou treinador para a nova temporada. O que espera desta nova temporada?

— Será difícil, mas espero muita entrega dos meus companheiros e minha também para alcançarmos o que mais queremos, que são os títulos.

No final da entrevista, Kutchy respondeu a um questionário rápido:

Melhor companheiro na seleção? Zicky e Erick

Quem é o mais chato? Erick

A quem confiarias a chave de casa? Zicky

No 1x 1 quem é mais fácil de tirar da frente? Consigo passar por qualquer um

E o mais difícil? Erick, Pany Varela, Zicky

O que é preciso para ser um bom ala? Não ter medo de assumir o jogo

Ídolo no desporto? Pany Varela

Se não fosses jogador de futsal, o que serias? Só pensei em ser jogador

Sonho por concretizar? Ganhar o Mundial