Iuri Medeiros: da fuga ao Benfica, às amizades com Pandev e Bruma, com a Seleção pelo meio

SC Braga Iuri Medeiros: da fuga ao Benfica, às amizades com Pandev e Bruma, com a Seleção pelo meio

NACIONAL10.04.202322:30

Iuri Medeiros falou esta segunda-feira à noite no âmbito do podcast da Next, a televisão do SC Braga. O extremo, natural dos Açores, fez uma viagem aos tempos de infância, falou sobre a amizade com Bruma e recuperou a história de como esteve perto de assinar pelo Benfica, na formação, acabando a meio de uma viagem até Rio Maior por aceitar o desvio para o clube do coração, o Sporting.

Do desejo de jogar na Seleção Nacional ao objetivo de ganhar a Taça de Portugal, passando por conversas soltas sobre craques que com ele se cruzaram, como o macedónio Pandev, campeão europeu e mundial pelo Inter, com quem Iuri partilhou balneário no Génova.

Aqui ficam os principais momentos do podcast da Next com o extremo:

Os 100 jogos pelo SC Braga: «Não é fácil fazer 100 jogos num clube e estou muito feliz por ter feito 100 jogos pelo SC Braga. Passei toda a semana toda a falar disso e a gozar um pouco com o Abel [Ruiz], que ia tirar foto com o presidente e tudo. Foi especial.»

Esperava ter tanta influência em Braga? «Vinha de uma fase em que estava parado. Na Alemanha não tinha feito muitos jogos. Queria ter mais jogos e mostrar a minha qualidade e o Braga deu-me isso. Estou muito grato ao Braga por ter me dado o apoio que dá até hoje.

O pé direito para que serve? «O pé direito serve para subir ao autocarro. Este ano já fiz dois golos de pé direito, com o Rio Ave e Gil Vicente, quando tenho a oportunidade de chutar com o pé esquerdo, claro que chuto com o esquerdo, porque é o principal, mas quando calha ser o direito, também remato.»

Festejo com dedicatória: «Vem de uma coisa que as minhas filhas viram no TikTok, elas pediram-me que quando fizesse o golo festejasse dessa forma e agora vou festejar assim até ao final da época de cada vez que fizer golo. Os meus golos são dedicados às minhas filhas e também à minha mulher.»

O reencontro com o amigo Bruma: «Não estava com ele há muito tempo, para mim é uma alegria reencontrar um colega com quem estive muitos anos na Academia [do Sporting]. Antes de ele vir para cá ligou-me e tivemos uma conversa longa, disse-lhe que o Braga era um clube muito bom para ele, que aqui ia voltar à forma dele. É um excelente jogador. É sempre bom ter amigos no clube. Para o Bruma está sempre tudo bem, gosta muito de brincar e quando estamos juntos entramos em muitas brincadeiras. É um bom amigo, espero tê-lo como amigo o resto da vida»

O primeiro destino era o Benfica: «Foi uma situação um bocado complicada. Vim às captações para o Benfica, éramos 80 jogadores e consegui ficar no lote final. Voltei aos Açores para ir buscar as minhas coisas. No regresso fui aos meus tios que viviam em Rio Maior e a meio da viagem ligou-me o senhor Aurélio Pereira [Responsável pelo gabinete de scouting do Sporting]. Como eu e toda a gente da minha família eram sportinguistas ele disse-me que gostava muito que fosse para lá, para um torneio. O meu irmão, que estava ao meu lado, perguntou-me se queria seguir viagem ou ir ao torneio. Como sportinguista fui ao torneio e fiquei no Sporting, tinha 8 anos, quase a fazer 9 anos.»

Ia à escola, mas…: «Quero agradecer muito aos meus irmãos, foram jogadores, ajudaram-me muito quando tinha 6 anos. Ensinaram-me a jogar à bola. Claro que nascemos com algumas coisas, mas fui aprendendo com eles e cheguei onde cheguei. Dizia à minha mãe que ia para a escola, mas na realidade ia para o campo da escola. Não mentia, ia à escola (risos).»

As experiências no estrangeiro: «Tinha feito épocas muito boas no Boavista, Moreirense e no Arouca. Resolvi ir para outro país, para Itália, jogar, onde até correu bem; na Polónia fiz alguns jogos que correram bem, mas depois não joguei e na Alemanha foi o mais difícil porque não tinha colegas que falassem a minha língua. As pessoas lá são mais fechadas, não jogava e não conseguia mostrar o meu valor. Na Alemanha o futebol é mais físico e foi mais difícil adaptar-me a esse futebol. Essas experiências, nalgumas situações, atrasaram a minha explosão, na medida em que não conseguia mostrar o meu valor. No Braga, sim, deram oportunidade de mostrar o meu valor.»

Cruzou-se com Pandev, campeão europeu pelo Inter, no Génova: «O Pandev ganhou Champions e campeonatos, mas é muito humilde, ajudou-me bastante quando cheguei e até hoje falamos. É pessoa cinco estrelas, como outros. O [Gianluca] Lapadula é uma excelente pessoa, falo ainda com muitas pessoas. O mais importante é a humildade deles.»

Passagem pelo Génova: «Tive lá colegas, o Miguel Veloso e Pedro Pereira, que já conhecia. O Miguel Veloso ajudou-me muito porque estava lá há muitos anos.

A posição onde se sente mais confortável: «Joguei muitos anos encostado à direita na ala. Como aqui temos um jogo mais interior, habituei-me a esse estilo. Antes disso joguei na posição 10 e gostava, era um jogador mais livre e tinha mais bola, como gosto.»

A grave lesão sofrida no joelho esquerdo em janeiro de 2021: «No início da lesão, quando fui fazer o exame não sabia que tinha lesão tão grave. Quando o doutor me disse, caiu-me tudo, a ajuda dos colegas e clube foi essencial para recuperar mais cedo. Ao cabo de cinco meses já podia jogar. Nos últimos cinco jogos, sinto que estou a voar.»

Melhor a defender: «Gosto de equipas que jogam com bola, que tenham futebol apoiado, quem corre é a bola. Um aspeto em que melhorei muito foi a defender, antes não defendia e levei muito na cabeça dos treinadores por causa da reação à perda da bola. O futebol não é fintar toda a gente.»

O número 45: «O 45 foi meu número desde a equipa B no Sporting, até tatuei esse número. Só na Alemanha não tive a oportunidade, porque lá a numeração era apenas até ao 40. Foi esse o número que utilizei lá.»

O mais vaidoso do balneário: «Eu vejo muita coisa ali duvidosa. O Banza gosta de vestir roupa diferente, no último post parecia vestir um saco de lixo. O Banza anda a ver muitos post de jogadores do Arsenal.»

Tiago Sá, verdadeiro bracarense: «O Tiago [Sá] emociona-se muito com o Braga, quando perdemos um jogo é dos primeiros a ficar com a cabeça baixa. É dos primeiros também a intervir quando os jogos correm mal. Os miúdos que chegam na formação são muito diferentes do meu tempo. Hoje os miúdos mandam em nós!»

O sonho chamado Seleção Nacional: «Representar Portugal para mim é tudo, gostava de ir à Seleção. Se estivermos num clube do meio da tabela fica mais difícil, mas estou num clube que luta para ir à Champions, que luta pelo campeonato. Ficamos sempre mais perto da Seleção.

Meias-finais da Taça de Portugal, com o Nacional: «A Taça de Portugal é muito importante, queremos vencê-la, mas não podemos tirar mérito ao percurso do Nacional. Temos de entrar com tudo, se voltarmos com uma boa vantagem será muito importante, porque depois jogamos em casa, com os nossos adeptos, e é sempre mais fácil para nós. Temos de respeitar o Nacional, tem o seu valor, mas vamos lá para ganhar.»