Incentivo de Amorim, cautelas e ambição de vencer: tudo o que disse João Pereira
Treinador do Sporting estreou-se na sala de imprensa a fazer a antevisão do jogo com o Arsenal, para a Liga dos Campeões
- É a sua estreia aqui a fazer antevisões. Como se sente? Depois do jogo com o Amarante, em que ficou uma grande exibição da sua equipa, agora eleva-se a fasquia.
- Estou confortável, é um prazer estar aqui a falar convosco. Não há como esconder, o nível vai aumentar. Creio que estamos preparados.
- Neste jogo com o Arsenal o que é que espera da equipa em termos de resposta dentro das quatro linhas perante um adversário muito estável?
- A maior dificuldade é o pouco tempo que temos para treinar, mas desportivamente é bom porque quer dizer que estamos em todas as competições. É dificil passar toda a informação, mas vai ter de ser aos poucos. Espero que continuemos a ter pouco tempo para treinar [risos]. O Arsenal, como toda a gente sabe, é uma equipa que na Champions tem sete pontos, só tem um golo sofrido, curiosamente de penálti. Uma equipa muito forte defensivamente e depois, de certeza, que nos vai tentar criar alguns problemas com a velocidade que tem na frente e depois, principalmente nos esquemas táticos e ofensivos, onde toda a gente sabe que eles são muito fortes.
- Quais são as principais dificuldades que existem para si, enquanto treinador, passar a mensagem das ideias que pretende para o grupo e para aquilo que pretende, já num objetivo imediato, para esta temporada?
- A maior dificuldade é o pouco tempo que temos para treinar, mas acho que isso também é positivo do ponto de vista desportivo, é sinal que continuamos em todas as competições, como o Sporting quer estar. Agora, há menos tempo, temos que recuperar mais do que treinar e é um pouco mais difícil conseguir passar toda a informação. Vai ter que ser aos poucos e espero que continuemos a ter pouco tempo para treinar e haja mais jogos.
- Já falou das qualidades do Arsenal, mas pode apontar qual é o principal perigo de uma equipa como o Arsenal?
- Foquei-me mais na nossa equipa. O Sporting também tem grandes jogadores que estão a fazer uma campanha fantástica na Liga dos Campeões e vão continuar a querer dar uma boa resposta. Como disse aqui, o Arsenal tem bons jogadores também, boas individualidades, o que torna uma equipa boa coletivamente. E tem pontos fortes nas alas, no um para um dos extremos, o Kay [Havertz], o Martinelli. E depois, como toda a gente sabe, a situação dos esquemas estáticos ofensivos, onde costumam fazer muitos golos e ter muitas oportunidades.
- Tem uma dor de cabeça no eixo da defesa, tendo em conta que Eduardo Quaresma e Debast não treinaram hoje?
- São dois jogadores que têm pequenos toques. Até a hora do jogo vão estar em dúvida, mas se não estiverem preparados para jogar, temos outros jogadores preparados para dar resposta.
- Estreou-se na Taça de Portugal, passou com distinção. Agora segue-se o Arsenal. Sente que nada além da vitória será bom?
- Sinto pressão todos os dias e a exigência é diária. Um treinador que está no Sporting a exigência é diária. É a cada treino, a cada exercício, a cada jogo. E essa é a minha maneira de encarar o trabalho. Disse, e não há maneira de esconder, com todo o respeito pelo Amarante, o Arsenal é de outro nível, mas preparei o jogo com o Arsenal da mesma maneira que preparei o jogo do Amarante, com o mesmo profissionalismo e com o mesmo objetivo, que é tentar ganhar o jogo.
- O Sporting está com 10 pontos, confortável para alcançar o play-off, isso retira alguma pressão à sua equipa?
- Quanto à pressão, os objetivos do Sporting estão definidos desde o início da temporada. É o acesso aos play-offs. Estamos bem posicionados, mas vamos pensar jogo a jogo. Temos agora este jogo de amanhã para tentar vencer e depois faremos as contas no final, sabendo que ainda faltam quatro jogos.
- Falou com Ruben Amorim depois da estreia dele no Manchester United?
- Falei com o Amorim antes da estreia dele. Mandou-me uma mensagem a dizer boa sorte e a esperar que consiga fazer uma grande carreira. Eu disse que se conseguir fazer metade daquilo que ele fez já não é um mau começo.
- Começou a treinar o Sporting e o tema mais falado nem foi tanto o facto de ter começado a treinar, mas sim a queixa da Associação Nacional de Treinadores de Futebol em relação a si. Algo que também aconteceu com Ruben Amorim. Como vê esta questão e essa queixa da ANTF?
- Vou ser muito sincero. Estou preocupado e focado é no treino. Como já disse, temos pouco tempo para treinar e todo o pouco tempo que temos é para pensar em como vamos montar a equipa para enfrontar os adversários, os aspectos em que podemos melhorar e é aí que está o meu foco. O resto, o departamento jurídico do Sporting está cá para responder.
- O Sporting vai manter a sua identidade, ou seja, uma equipa pressionante, que gosta de ter a bola, que ataca muito, que marca muitos golos, ou pelo facto de enfrentar uma equipa da valia do Arsenal podemos ver um Sporting com uma identidade um pouco diferente?
- Não, retirar a identidade do Sporting era estar a retirar a identidade dos jogadores e aquilo a que os jogadores estão habituados a fazer. Agora sabemos que não vamos conseguir pressionar durante os 90 minutos no campo inteiro, porque isso é difícil, nem nos jogos em Portugal. Vai haver momentos, até pela qualidade do adversário, em que vai ter mais tempo a bola e nós vamos ter de fechar bem o espaço e escolher o momento certo para saltar na pressão, mas é uma equipa que nos vai trazer alguns problemas, mas queremos ter a bola, temos a nossa identidade, queremos continuar a fazer bons jogos e a querer fazer golo.
- Sobre o 3x4x3, vai continuar a usar esse sistema no Sporting?
- Quem estava atento à equipa B sabia que também usava o mesmo sistema de jogo, muito parecido com a equipa principal, podia ter uma ou outra nuance diferente, mas os princípios eram os mesmos. Temos essa sorte de pegar numa equipa que já tem os princípios que fazíamos, agora é com o tempo, vamos precisar de um bocadinho de tempo, a verdade é que os jogadores estão no movimento, percebem muito bem as coisas e tudo o que seja para alterar tem de ser sempre para melhorar, e isso vai ser com mais tempo e aos poucos e poucos.
- Gyokeres tem sido apontado como alvo de vários clubes, entre os quais o Arsenal, tem algum receio que uma boa exibição o possa afastar do Sporting?
- Espero que o Viktor faça uma grande exibição e consiga fazer golos e não termo nada.
- A equipa jogou tão bem contra o Manchester City, é algo que dê grande crença de que podem repetir contra o Arsenal?
- Foi uma boa vitória contra o Manchester City, mas a verdade é que foi uma vitória moralizante, mas que só valeu três pontos, que ajuda muito nesta fase da Liga dos Campeões, mas acho que toda a gente está com os pés bem assentes na terra e sabemos que nem todos os jogos são iguais. E o jogo com o Arsenal é um jogo diferente.
- Teve alguma ajuda de Ruben Amorim na preparação do jogo com o Arsenal?
- Não falei nada com o Ruben para preparar o jogo com o Arsenal. A equipa técnica agradece muito ao Ruben por receber os elementos da equipa técnica da equipa B para ver algum treino, jogo-treino, algum exercício, sempre nos abriu as portas para explicar o que queria ver na equipa principal. Aproveitámos todos os momentos, só tenho a agradecer.