Há quase 40 anos foi o Farense a precisar do dérbi... e caiu na segunda
O Farense recebe o Portimonense no sábado e João Reina lembra um dérbi com caraterísticas idênticas realizado em 1985; um empate que os adeptos dos leões de Faro ainda têm ‘atravessado’
Há jogos que perduram na memória dos adeptos mais fiéis e convictos, principalmente contra os ‘velhos’ rivais. Como um Farense-Portimonense que se realizou há quase quarenta anos, em que um empate (0-0) na penúltima jornada atrapalhou as contas dos ‘leões de Faro’ na luta pela permanência, que acabaram por descer à Liga 2 no jogo seguinte, no terreno do Salgueiros.
Recuamos até 26 de maio de 1985 e à temporada de 1984/1985, em que a vitória valia dois pontos e o empate um. No São Luís, em Faro, o Farense, 13.º e no lugar da liguilha (antigo play-off) com 21 pontos, com mais um ponto que o Rio Ave (14.º), os mesmos que o Salgueiros (12.º) e menos um do que o Penafiel (11.º), recebia o vizinho Portimonense, 4.º com 35 pontos, e que já havia garantido a qualificação para a extinta Taça UEFA (atual Liga Europa), mas que poderia ainda ser ultrapassado pelo Boavista [5.º a 2 pontos], o que viria a acontecer na última jornada.
Com o empate (0-0) verificado no dérbi e a vitória (2-0) do Rio Ave sobre o Vizela, o Farense manteve a posição e o Salgueiros trocou de lugar com os vilacondenses, com um ponto de atraso em relação aos algarvios. As contas da permanência seriam encerradas na jornada seguinte, a 30.ª e última, com o Salgueiros em Vidal Pinheiro, com os leões de Faro a saírem derrotados (1-3) e a caírem para 14.º, um dos lugares de descida direta. A frustração foi maior porque o Farense marcou primeiro, por Carraça (60) e perto do final sofreu três golos em seis minutos, apontados por Gilberto (78), José Manuel (82) e Tonanha (84).
«O ambiente era complicado, porque o Portimonense já tinha a UEFA garantida. Mas podíamos fazer a melhor época de sempre, chegar ao 4.º lugar, o que não aconteceu porque perdemos na última jornada com o FC Porto por 3-1 e ficamos em 5.º, porque o Boavista ganhou o último jogo e passou-nos. E o Farense acabou por descer porque perdeu com o Salgueiros, que era o seu concorrente direto, quando bastava um empate para ir à liguilha» recorda João Reina a A BOLA, esse Farense-Portimonense de 1984/1985.
«O jogo correu bem, não houve conflitos», relembra o antigo lateral/médio do Portimonense, que nesse encontro foi suplente. «Foi um bom jogo, mas é a tal coisa, quando duas equipas do Algarve se defrontam, ainda para mais com uma a lutar pela manutenção, é sempre complicado. No final foi tudo normal, porque ainda faltava uma jornada e dava para o Farense se safar», disse ainda sobre o ambiente que se viveu no São Luís.
Pouco mais de 60 km separam Faro de Portimão e esse é o motivo para João Reina não ver este dérbi algarvio com a rivalidade sentida noutros dérbis. «Na altura a rivalidade era maior, mas nos três anos em que estive no Portimonense nunca senti qualquer tipo de problema, Portimão e Faro também estão um pouco distantes. Havia rivalidade por serem duas equipas do Algarve, mas era uma rivalidade boa. Se fosse um Farense-Olhanense era mais complicado.», assinalou o antigo jogador do Portimonense e que atualmente é o treinador dos iniciados do Olhanense.
Agora, trinta e nove anos depois, a história volta a repetir-se... mas ao contrário. O Farense é que está tranquilo na tabela e o Portimonense joga no sábado no São Luís, para tentar livrar-se do 16.º lugar e evitar essa incómoda posição do play-off com o 3.º classificado da Liga 2. Para tal, a equipa de Paulo Sérgio terá que vencer em casa do rival – o que nunca conseguiu na Liga – e um triunfo pode até nem chegar, dependendo do que fizerem o Boavista e o Estrela da Amadora, nos seus jogos.
«Gostava que fosse o Portimonense a sorrir»
Algarvio, natural de Olhão, João Reina prefere que o Portimonense leve a melhor no dérbi, para bem do futebol na região. «Gostava que fosse o Portimonense a sorrir no final do jogo, porque o Farense já está safo. Eu, e acho que todos os algarvios, gostariam que o Portimonense ficasse na Liga», confessou, rejeitando que neste tipo de duelos, exista facilitismos: «Não acredito, porque os jogadores são profissionais. Mesmo nesse jogo em 1985, nunca me apercebi de alguma coisa e não havia nada para se facilitar o que fosse», sublinhou.
João Reina vê o Farense mais forte para este jogo, mas também assinalou o grande trabalho que Paulo Sérgio está a efetuar no Portimonense. «Neste momento o Farense está melhor, tem uma equipa mais compacta, um plantel mais equilibrado. E, para mim, o Paulo Sérgio tem estado a fazer um excelente trabalho, porque já usou 40 jogadores e nunca sabe com quem pode contar ao domingo, se tem que levar sub-23 ou não... Assim, torna-se complicado», realçou.