«Há 23 anos fui campeão na Lazio: vitória para o nosso técnico de equipamentos»

FC Porto «Há 23 anos fui campeão na Lazio: vitória para o nosso técnico de equipamentos»

NACIONAL15.05.202300:51

O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, vincou na noite deste domingo, na sala de imprensa do Estádio do Dragão (Porto), após ver a equipa que orienta vencer o Casa Pia por 2-1, em encontro da 32.ª jornada da Liga, e manter-se ainda na luta pela revalidação do título de campeão nacional, a crença e determinação que são apanágio e cultura no clube da cidade invicta.

«Quero mandar um abraço grande ao nosso técnico de equipamentos que teve um problema grave de saúde ontem, grupo de trabalho está com ele e a sua família, dedicada a ele, faz parte da nossa família desportiva», anunciou o treinador portista, aos jornalistas, na noite deste domingo, na sala de imprensa do Estádio do Dragão, após a vitória (2-1) diante do Casa Pia, na 32.ª jornada da Liga, em que admitiu ter tido conversa «franca e leal» com as suas tropas ao intervalo, e que a palestra resultou.

«Não estávamos a fazer aquilo que sabíamos e que podíamos na primeira parte. Filipe [Martins] tem feito um trabalho muito bom na nossa Liga. Precisávamos um pouco mais de velocidade, e de ocupação dos espaços, e de definir melhor. Não estava a ser um jogo conseguido. Na segunda parte sim, fomos mais agressivos, intensos, metemos mais velocidade na circulação na bola. Criámos outro tipo de problemas ao Casa Pia, com Franco ao meio com Eustáquia, largura com Pepê de um lado e Galeno do outro, mais três avançados. Poderíamos ter, se fossemos eficazes, ter feito mais golos. Resultado é justíssimo, dentro daquilo que foi a nossa segunda parte», considerou o treinador portista.

Quanto à confusão e tensão entre elementos dos bancos das duas equipas no final, Conceição insistiu que a questão não foi entre ele e o homólogo do Casa Pia, Filipe Martins.

«Entre mim e Filipe Martins [técnico do Casa Pia] nada se passou, absolutamente. O que lhe disse, como ele não revelou, eu também não vou revelar, por questão de coerência. Filipe não estava a provocar o nosso banco. O que sei é que quando o Luís Gonçalves ou outro do nosso banco se levanta, levam amarelo ou vermelho. Hoje passaram-se algumas coisas durante o jogo, e agudizou o jogo no final. Eu com o Filipe, a única coisa que falámos é entre nós. Nada se passou entre nós, perguntem-lhe que ele vai confirmar isso», atirou Conceição, cuja aposta em Gabriel Verón, contratação de milhões do Brasil que só nesta reta final da temporada surge a render, faz adivinhar grande trabalho psicológico na recuperação de um jogador, o que confirmou.

«Nesta casa há todo um trabalho diário, meu e dos vários departamentos. Aqui, nada damos a quem quer que seja. Queremos que o jogador esteja bem fisicamente e a nível emocional, que saibam o que é representar o FC Porto em termos de atitude, aquilo que tivemos no segundo tempo. Correu bem, percebi que precisávamos de um pouco de velocidade no último terço do terreno. O desespero é meu por não poder contar com eles há mais tempo. São acompanhados por muita gente: nada lhes falta,  depois têm de levar comigo, são pagos, e bem pagos, para isso. Verón é um miúdo que veio do Brasil, com problemas dentro de campo e fora, como aconteceu, é público. Tem de haver aqui algum tempo. Não quero ‘queimá-lo’, nem a ele nem a todos os ‘Veróns’», foi o exemplo que deixou, recado de fora para dentro.

Sérgio Conceição recusou, também, que o menor acerto dos dragões na primeira parte, que terminaram em desvantagem (0-1) se tenha devido a uma questão mental e de ansiedade, pelo próprio contexto do jogo: a derrota dos dragões teria consagrado o Benfica campeão nacional neste dia.

«Há que dar mérito, também, ao adversário, que é uma equipa capaz, que tem bons jogadores, que aproveita o erro dos adversários para sair para o ataque com jogadores rapidíssimos. Junta-se o útil ao agradável: passam os minutos sem sofrerem golos, estão a criar desconforto na nossa linha defensiva. Não se pode entrar e ser sempre o rolo compressor que, praticamente, fomos na segunda parte. Cada vez há mais qualidade, os clubes preparam-se bem, excetuando o Benfica, o Sporting e o SC Braga também tiveram jogos difíceis, ante clubes que precisam de pontos para se salvarem. Estamos a chegar à reta final da Liga, mas em 90 minutos nem todos os minutos e momentos do jogo são perfeitos», recordou o técnico portista, que deixou uma revelação.

«Recebi este domingo uma mensagem, e falei dela com os jogadores no balneário. Faz neste dia 23 anos que ganhei o título italiano pela Lazio, e dei este exemplo aos meus jogadores. A Juve tinha 71 pontos, jogava em Peruggia, nós tínhamos 69 pontos, mas a Juventus então tinha um poderio e era pouco previsível que perdesse em Peruggia, e o nosso jogo acabou 14 minutos antes do deles. O futebol é fértil em situações que não esperamos», revelou Conceição.

«Como clube e nossa história, a do clube, FC Porto, mas também da região norte, é gente que não desarma. E se no final não ganharmos, temos de dar os parabéns aos outros porque foram melhores. Mas não nos passa pela cabeça deixar-lhes uma reta final de trabalho confortável, o nosso papel é lutar ao máximo No nosso ADN não faz parte o desmotivar, o ‘atirar a toalha ao chão’, faz parte é o acreditar e o lutar até ao último ano de campeonato», concluiu.