FC Porto - Wolverhampton: A crónica e o positivo e negativo

FC Porto FC Porto - Wolverhampton: A crónica e o positivo e negativo

NACIONAL26.07.202301:05

NÃO DÁ PARA COLOCAR O PEPÊ NO SEU VERDADEIRO LUGAR?!

Brasileiro vai para o segundo ano a tapar um buraco atrás. A falta de um lateral está a apagar o melhor da equipa. E há o meio-campo...

Prossegue, em cansada reedição, a automutilação do melhor jogador do FC Porto, transformando-o num lateral-direito jeitoso mas impedindo-o de assumir a liderança do jogo atacante, à largura do campo e no exclusivo apoio aos homens da frente. Com Pepê recuado, como se não houvesse quem mais pudesse fazer a vez do ainda debilitado João Mário - outro, por sinal, que também já fôra ganhando a posição partindo de uma espécie de remendo ocasional -os azuis e brancos voltam a desbaratar o talento do pequeno brasileiro em despiques de caráter defensivo, não encontrando depois quem provoque a necessária tensão desequilibradora nas zonas onde verdadeiramente se constrói o jogo.


O encontro frente a um Wolverhampton de fibra, que fez um golo e nada mais em termos ofensivos, demonstrou sem mais desculpas que o dragão continua a carecer de criatividade onde sem dúvida abundam o físico e alguma velocidade quase sempre mal aproveitada.


Esta é aquela fase em que também não há que fazer exigências megalómanas, já que o cansaço acumulado atinge o músculo na mesma medida em que sobe à cabeça e condiciona o cérebro. Tão-pouco será este o momento em que tudo deveria sair a preceito, com Otávio no seu melhor - o que não acontece -, Galeno de pé na tábua - algo que não se viu anda - ou  Eustaquio a vencer os duelos - lá virá certamente esse dia. E por tudo isto, mais o que vem de trás e parece em vias de resolução, como seja o reforço de um setor que reclama mais gente, sobretudo agora que não tem Uribe, persiste o adepto em mais uma crise de ansiedade em pleno verão.


De modo que nem vale a pena questionar a ausência de golos, esta terça-feira, nas pessoas dos homens que habitualmente os deveriam atingir: Toni Martínez e Taremi, primeiro, Namaso e Fran Navarro, mais tarde. O problema é que a bola não os encontrou, nem de costas, nem de frente, da mesma forma que os visados não puderam reverter a situação transformando-a em vantagem, ainda que que mais distantes da baliza do imbatível José Sá, responsável por duas ações imaculadas (Taremi e Navarro que o digam).


Fica pois para futura observação o que este FC Porto, já com Nico González e Varela, poderá então produzir nos seus equilíbrios defesa-ataque, libertando-se de algumas amarras ainda patentes, ganhando diversidade e poder de fogo quando diante de opositores como o Wolverhampton, o mais forte desta pré-época e, por certo, de calibre idêntico ao da maioria dos que a equipa de Sérgio Conceição encontrará no seu trajeto de Champions.
Voltando a Pepê, deixem o homem pisar os terrenos de que ele gosta e descubra-se, dentro ou fora de portas, alguém que faça de lateral. Se tal não é óbvio, parece.  

O POSITIVO

O eixo central defensivo praticamente intransponível; a influência dos centrais também no jogo ofensivo, na busca da profundidade e na abertura do jogo para os flancos

O NEGATIVO

Enormes dificuldades de penetração, ora pelas bandas, ora pela faixa central; sem soluções para desbloquear o melhor caminho para a baliza adversária