Vítor Matos recorda primeiras experiências na carreira a A BOLA e garante que não há um único sítio do mundo em que não haja talento
LIVERPOOL – O FC Porto e o Shandong Luneng, na China, são marcos na carreira de Vítor Matos, sempre ligados à formação. O técnico conta o que cada uma das experiências contribuiu para aquilo que é hoje.
- Em que é que a China, além de ser uma experiência de vida, o moldou enquanto treinador?
- Foram dois anos em que acima de tudo passei a ser mais tolerante com determinadas situações. O choque a nível cultural é muito grande, porque são muito diferentes no dia a dia e no futebol. Uma coisa é Portugal com clubes centenários, outra é a China, com emblemas com 20 anos, 5 anos. Não há uma cultura de futebol. Estavam na altura a investir para começarem a crescer. Gostei muito da experiência porque me permitiu ver que existe talento em toda a parte do mundo. Em idades jovens, uau, é incrível. Mas as coisas também precisam do seu tempo, demoram. Não é uma crítica, mas às vezes pormos muito dinheiro não quer dizer que as coisas vão florescer imediatamente. Criar uma cultura, uma forma de estar, demora muito tempo. Lá também. Foi um desafio em termos pessoais. Na forma como comunicamos, transmitimos aquilo que pretendes. É um desafio o que se valoriza enquanto ser humano no dia a dia, no ensino, na política, e temos de nos ajustar. Fez-me saber criar ainda mais empatia. Termos a capacidade para nos colocarmos no lugar do outro é muito importante, ainda mais nos dias de hoje.
Vítor Matos chegou ao Liverpool em 2019 para ser treinador de desenvolvimento e adjunto de Klopp; continua a absorver todas as 'master classes' do alemão; a história da camisola do Benfica que espelha a química entre os vários elementos da equipa técnica
- E o FC Porto? Em que posição está Luís Castro, por exemplo, na sua lista de referências?
- O Luís foi meu diretor técnico e também muito importante para mim. Uma referencia como pessoa, como treinador e pela forma como se relaciona com as pessoas. É uma pessoa fantástica, com uma postura sempre muito positiva, que dignifica o futebol. O que vivi no FC Porto com ele como coordenador técnico foi fantástico, aprendi imenso com ele, com as pessoas e com o projeto que o Luís conseguiu criar. O número de jogadores que também começaram a surgir da formação do FC Porto tem muito a ver com este e foi também sem dúvida muito importante para mim e para o meu desenvolvimento. O FC Porto em termos culturais… Uma coisa é ver na televisão, outra coisa é conviver diretamente com pessoas como o Folha, o Paulinho Santos, o Capucho, o António Frasco, o Bino, o Mário Silva… Ou seja, a forma como vivem o clube e o futebol enche-te de um conjunto de experiências fantásticas e não só… O próprio projeto de formação que existia, e o Pep [Lijnders] estava lá, foi marcante por tudo aquilo que envolveu. Fez-me crescer imenso. Chegava às 8h30, 9h00 e ficava até às 21h00 para poder beber tudo o que estava a acontecer. Foi determinante para mim.
Vítor Matos acredita que os ‘Reds’ podem ter um novo Alexander-Arnold a caminho, embora ache injusto colocar esse peso nos miúdos da formação, face à dimensão que a grande referência atingiu