FC Porto: a polémica venda dos direitos comerciais do Dragão
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FC Porto: a polémica venda dos direitos comerciais do Dragão

NACIONAL19.04.202417:39

Negócio com a Ithaka a 25 anos levanta muitas dúvidas pelo ‘timing’ de execução; André Villas-Boas algo apreensivo com herança pesada caso ganhe as eleições; empresa espanhola que fez o acordo só foi registada em fevereiro...

Depois da polémica relacionada com a edificação na Maia da Academia de formação e os custos inerentes à mesma, agora é a vez do negócio acordado entre a SAD do FC Porto com a Ithaka, segundo o qual a empresa espanhola terá direito, durante os próximos 25 anos, a 30 por cento dos direitos económicos de uma nova sociedade — a incorporar no Grupo FC Porto —, a qual dedicar-se-á a incrementar o potencial comercial do Estádio do Dragão. Em contrapartida, os dragões recebem 65 milhões de euros, dos quais cerca de 30 milhões de euros serão integralmente reinvestidos no recinto azul e branco durante os primeiros anos da parceria, sendo o remanescente destinado a aumentar a competitividade do FC Porto.

Mas este negócio levanta desde logo muitas dúvidas, tanto no timing da sua execucação — a pouco mais de uma semana das eleições, sem estar assegurada a continuidade de Pinto da Costa — e também os próprios termos em que foi selado, pois em termos práticos o valor total recebido e divido pelos 25 anos dá somente uma verba anual de 2,6 milhões de euros. E, numa perspetiva ainda mais abragente, este negócio irá afetar pelo menos sete mandatos dos órgãos sociais até 2049. O timing escolhido para a sua concretização deixou André Villas-Boas à beira de um ataque de nervos, uma vez que, em caso de triunfo, terá de se deparar com um contrato que vai contra os pressupostos que preconiza para dar estabilidade financeira ao clube a médio/longo prazo. Na realidade, tal como acontece na Académica, poderá ficar de mãos atadas face aos acordos já assinados pela atual administração da SAD liderada por Pinto da Costa. O candidato pediu sempre bom senso para as tomadas de decisão que possam beliscar o futuro do clube.

EMPRESA RECÉM CRIADA

A Ithaka Infra III SL, com que a SAD do FC Porto formalizou o recente acordo, é uma «sociedade veículo da Ithaka Investments Europe SL, sendo esta última uma sociedade de investimento com vasta experiência em investimentos em desporto e infraestruturas na Europa, com sede em Madrid», conforme divulgaram os dragões no comunicado enviado à CMVM.

Em termos de registo notarial, o da Ithaka Investments Europe SL remonta a 4 de novembro de 2019, enquanto a Ithaka Infra III SL aperece nos documentos há menos de dois meses, mais concretamente a 26 de fevereiro. Esta firma foi criada com o principal objetivo de fazer este acordo com o FC Porto. Um mecanismo normal em negócios desta natureza quando em causa está a injeção significativa de capital para uma área específica de investimento.