Farense: «Lutar sempre por cada ponto, com uma alma muito grande», garante Ricardo Velho
Em entrevista exclusiva a A BOLA, o guarda-redes aponta o companheirismo e a qualidade do plantel, além do apoio dos adeptos, como pilares para a campanha de sucesso dos algarvios até ao momento.
Formado no SC Braga, Ricardo Velho está no Farense desde 2020 e nesta época tem sido titular indiscutível na equipa algarvia. Com 25 anos, o guarda-redes revive a A BOLA os principais momentos desta temporada, em que as derrotas diante do FC Porto e do Sporting nos instantes finais dos jogos foram difíceis de digerir, assim como a eliminação na Taça de Portugal pelo Länk Vilaverdense e a boa resposta que se seguiu com três vitórias consecutivas no campeonato, sequência que continua em aberto e que pode ser aumentada para quatro, no próximo sábado, em Faro, com o V. Guimarães. Velho revela ainda a ambição de representar a seleção nacional e a importância do «calor» que os jogadores do Farense recebem dos seus adeptos, sempre que jogam no São Luís.
- Tem sido titular indiscutível, individualmente o balanço deste início de época não podia ser melhor...
«Sim, felizmente, as coisas têm corrido bem. Tenho conseguido ajudar a equipa, que é o mais importante, e temos conseguido bons resultados coletivos, que acabam por ajudar o individual, é normal. Espero continuar a manter o nível.»
- Coletivamente, o Farense está a fazer um campeonato tranquilo. Está dentro das expetativas?
«Sim, estamos num bom momento e a fazer um bom trabalho. Podíamos ter mais um pontinho aqui ou ali, mas pronto, o futebol é assim mesmo, mas acho que estamos a fazer um bom trabalho e queremos continuar assim, a pontuar e a estabilizar ao máximo o clube, para que possamos fazer um campeonato tranquilo.»
- Quais foram os melhores momentos, seus e da equipa, nesta campanha?
«Temos tido bons momentos. Fizemos um grande jogo na primeira vitória em casa contra o Chaves e precisávamos muito dela. Depois também tivemos uma bela vitória frente ao SC Braga. Mas todas as vitórias são grandes momentos. Com o FC Porto podíamos ter pontuado e sofremos mesmo um golo a acabar, que nos deixou um bocadinho frustrados, mas conseguimos logo a seguir dar uma boa resposta, na altura contra o Chaves. Com o Sporting conseguimos recuperar de uma desvantagem de 2 a 0 para 2-2, com menos um jogador, e também sofremos nos instantes finais… Mas penso que a equipa, no geral, tem conseguido sempre dar uma boa resposta e temos tido grandes momentos ao longo da época e queremos continuar a tê-los para que no final possamos olhar para trás e ver que fizemos um bom trabalho.»
- Qual tem sido o 'segredo' do plantel para este percurso, atendendo a que a maioria do grupo transitou da última época...
«A maior parte do grupo transitou da época passada, por isso já nos conhecíamos muito bem. Juntos vivemos uma época muito boa e toda a malta nova que chegou este ano ao plantel, veio acrescentar valor, companheirismo e qualidade. Tudo isso faz com que possamos neste momento estar a conseguir pontuar, a conseguir ganhar jogos e todos juntos temos que lutar pelo nosso objetivo e tentar alcançá-lo o mais rápido possível.»
FC Porto, Sporting, e o jogo especial com o SC Braga
- Os jogos com o FC Porto e com o Sporting, em que o Farense perdeu nos instantes finais, foram difíceis de digerir?
«Sim, um pouco difíceis, porque perdemos nos instantes finais e nas circunstâncias em que foram: contra o Sporting em casa, com menos um jogador desde os 20 minutos, conseguimos recuperar uma desvantagem de 2 golos, e depois no final sofrer aquele golo, claro que deixa sempre aquela marca. Mas a equipa conseguiu sempre dar uma boa resposta a isso, e todos juntos conseguimos demonstrar aquilo que é o Farense e lutar sempre por cada ponto, com uma alma muito grande.»
- Para si, teve algum sabor especial a vitória frente ao SC Braga, que foi o clube que o formou?
«Não diria que a vitória teve um sabor especial. Diria sim que foi um momento especial por todo o simbolismo de ter sido o clube que me formou, onde eu cresci como homem e como atleta. E por ser um clube que eu gosto porque me formou, estive lá muitos anos, passei lá, a maior parte da minha formação. Tem pessoas que eu gosto, com quem trabalhei, com quem aprendi muito e isso sim, foi um momento especial. Claro, a vitória foi ótima, porque precisávamos dela.»
A eliminação na Taça de Portugal e a resposta dada
- A derrota na Taça de Portugal, frente ao Vilaverdense, ainda está atravessada?
«Ficamos tristes, mas o futebol é mesmo assim e temos que reagir. E conseguimos logo no jogo a seguir contra o Rio Ave e isso era o mais importante nesse momento, dar uma boa resposta. Agora há que continuar a batalhar por vitórias e por pontos, e continuar a lutar e a trabalhar como sempre fizemos. Às vezes as coisas podem não correr como nós queremos, mas é o futebol é mesmo assim, há que lutar e trabalhar para obtermos os nossos resultados.»
A titularidade no Farense e o sonho de representar a seleção
- Com 4 épocas de Farense, só com José Mota é que se tornou indiscutível... porquê?
«O meu trabalho é sempre feito da mesma forma, depois cabe aos treinadores decidirem. Fico muito feliz por jogar e por poder ajudar o clube e a equipa, e espero continuar a merecer essa confiança.»
- Que ambições tem para a sua carreira? Sonha com a seleção?
«A cada dia que passa quero ser cada vez melhor, quero atingir marcas melhores, ser melhor do que fui ontem e penso que só assim é que nós continuamos a evoluir enquanto atletas e homens. Seleção? Sim claro que sonho com isso, em representar a nossa seleção, mas para tal ser possível, tenho que continuar a fazer bem o meu trabalho, a representar da melhor forma o Farense, e o que vier será sempre bem recebido.»
A ‘força’ que o São Luís transmite à equipa
- O São Luís é mesmo especial para os jogadores do Farense? Porquê?
«É muito especial, é o nosso estádio, é a nossa casa. O futebol no São Luís vive-se de uma forma muito intensa, as bancadas perto do relvado os adeptos… Penso que tudo isso, todo o ambiente que se vive, o facto do estádio ser um dos mais emblemáticos e antigos do país, ajuda a que se crie um ambiente fantástico. É muito bom de se jogar no São Luís e só tendo essa experiência de ver um jogo ou jogar lá, é que as pessoas começam a perceber o ambiente que se vive ali naquele estádio, que para mim é fantástico.»
- Dentro do campo, sentem esse 12.º jogador?
«Sente-se, e são uma grande ajuda para nós, são eles que muitas vezes nos empurram para a frente. E sentimos todo aquele calor e força que eles nos passam para que possamos sempre atingir os melhores resultados. E também, acima de tudo, para que possamos sempre dignificar o Farense.»