Ex-presidente do Ericeirense em greve de fome em protesto com o clube
(Foto: Ericeirense)

Ex-presidente do Ericeirense em greve de fome em protesto com o clube

NACIONAL08.01.202516:28

António Mano Silva afirma que o clube do concelho de Mafra lhe deve dinheiro

O antigo presidente do Ericeirense, António Mano Silva, iniciou uma greve de fome por tempo indeterminado, alegando que o clube do concelho de Mafra lhe deve dinheiro, com a direção do clube a afirmar que não existem provas que sustentem essa reivindicação.

«Iniciei uma greve de fome por tempo indeterminado em protesto contra os dirigentes do clube, que recebeu 2,3 milhões de euros pela transferência do atleta Matheus Nunes do Sporting para o Manchester City e recusa pagar o que o clube me deve» declarou António Mano Silva à agência Lusa.

Matheus Nunes. Em 2016: 17 anos. Jogava no Ericeirense

O ex-dirigente explicou que, entre 2001 e 2015, enquanto presidia o Ericeirense, assumiu o papel de fiador em empréstimos contraídos pelo clube para financiar a construção do complexo desportivo. Devido à incapacidade do clube de gerar receitas suficientes para saldar a dívida, o seu património pessoal, avaliado em mais de seis milhões de euros, acabou penhorado.

Segundo o ex-dirigente, em 2015, a direção de então reconheceu a documentação que comprovava as dívidas e chegou a nomeá-lo representante na venda do atual campo de futebol por 4,5 milhões de euros, com o objetivo de liquidar os débitos.

No entanto, com a entrada de uma nova direção em 2023, o Ericeirense recebeu 2,3 milhões de euros devido à transferência de Matheus Nunes, mas recusou qualquer acordo para resolver a situação. António Mano Silva acusa os atuais dirigentes de «falsificarem as contas» para ocultar a dívida.

Em março de 2024, foi despejado de casa, que era o único bem que ainda possuía, encontrando-se agora sem habitação.

Em resposta à Lusa, o Ericeirense declarou que realizou «diversas tentativas para que António Mano Silva concretizasse o valor supostamente em dívida por ele reclamado, assim como das circunstâncias em que esse crédito emergiu».

«Interpelado, mais do que uma vez, para apresentar os elementos a comprovar o mencionado crédito, nunca logrou provar documental e contabilisticamente donde emergia o seu crédito», acrescentou o clube. Por esta razão, indicou que «não pode proceder a qualquer pagamento», sugerindo que o ex-presidente recorra aos tribunais para resolver o conflito.

Esta não é a primeira vez que António Mano Silva recorre a uma greve de fome. Em 2009, enquanto presidente do clube, realizou um protesto semelhante para pressionar o Governo e a Câmara Municipal de Mafra a ajudarem a resolver os problemas financeiros do clube. Na ocasião, criticava o município por impedir a instalação de uma superfície comercial junto ao estádio, que poderia gerar receitas, e por não atribuir o estatuto de utilidade pública ao clube, o que inviabilizou a criação de um bingo com o mesmo objetivo.