Geórgia: o guia
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EURO 2024 Geórgia: o guia

FUTEBOL25.05.202412:00

Expectativas

Durante o final de março deste ano o sonho de todos os adeptos georgianos tornou-se realidade, com a equipa a qualificar-se para o EURO. Alguns adeptos esperaram 34 anos por este momento. Em 1989 deu-se a luta pela libertação das amarras da União Soviética, ganha um ano mais tarde, e, em termos futebolísticos, a génese do campeonato nacional. Três anos depois tornaram-se membros da UEFA e da FIFA.

 Desde aí a Geórgia tem feito parte de muitas campanhas de qualificação sem chegar às fases finais. O maior sucesso do futebol da Geórgia deu-se em 1981, antes da quebra, quando o Dínamo Tbilisi bateu o Karl Zeiss da RDA na final da Taça dos Clubes Vencedores de Taças. Cerca de metade do plantel jogava pela seleção da União Soviética, na altura…

Desde aí, apenas desilusões até a UEFA criar a Liga das Nações, dando melhores oportunidades de nações pequenas chegarem a um grande torneio. A Geórgia qualificou-se para o EURO 2024 ao derrotar o Luxemburgo e a Grécia nos play-offs. Não é esperado muito desta seleção estreante, mas quando se tem um dos melhores guarda-redes do mundo em Giorgi Mamardshvili, bem como uma força ofensiva em Khvicha Kvaratskhelia, tudo é possível. Especialmente dado ao facto de as duas superestrelas serem apoiados por um grupo talentoso e trabalhador.

 Willy Sagnol prefere jogar num 3-5-2, embora também possa ser descrito como um 5-3-2 com alas, provavelmente Otar Kakabadze na direita e Giorgi Tsitaishvili na esquerda, ajudando na defesa. «A Geórgia nunca se tinha qualificado para um grande torneio antes, no entanto, no dia após a vitória sobre a Grécia, as pessoas já falavam em chegar aos oitavos de final», disse Sagnol ao site da FIFA, com um sorriso. «É essa a mentalidade aqui – é tudo ou nada.»

 «Acho que seria estúpido da minha parte dizer ‘precisamos de ganhar isto ou aquilo’. A ideia principal é criar boa uma impressão do futebol na Geórgia, e se pudermos ganhar um pouco de confiança extra e ganhar alguma experiência, talvez possamos ter uma melhor campanha de qualificação para o Mundial 2026.»

Willy Sagnol
IMAGO / AFLOSPORT

O selecionador

Quando o presidente da federação georgiana, Levan Kobiashvili, anunciou o antigo jogador de França e do Bayern, Willy Sagnol, como novo selecionador, os pessimistas declararam imediatamente que ia acabar como um falhanço. Mas com a sua abordagem, mentalidade, inovação e talento, Sagnol fez história. «Vamos passar o grupo ou não? Acho que não é correto falar disso agora, sendo que isso só vai pôr mais pressão nos jogadores», disse, antes de acrescentar: «Contudo, o potencial está lá…»

Khvicha Kvaratskhelia (IMAGO / sportphoto24)

O ícone

Kvaradona – Khvicha Kvaratskhelia – é o ícone não só dos adeptos, mas de todo o país. Depois das suas exibições pelo Nápoles e pela seleção, todos os jovens do país queriam, de repente, ser futebolistas. Na verdade, o número de jovens inscritos em escolas de futebol quase que duplicou. Este é um dos grandes exemplos que mostra o significado que ele tem para a seleção. Há quatro anos, a Macedónia do Norte derrotou a Geórgia no jogo decisivo e chegou ao EURO 2020. O avançado do Nápoles, Elif Elmas, foi importante para os macedónios, enquanto Kvaratskhelia falhou o jogo por ter COVID. Um ano depois o georgiano mudou-se para Nápoles para meter Elmas no banco – e marcou em ambos os jogos de qualificação frente à Macedónia do Norte.

Para ter debaixo de olho

Giorgi Chakvetadze tem o talento para ser uma das estrelas do EURO, mas até agora as lesões têm condicionado o seu progresso. Teve uma ascensão meteórica no futebol georgiano e contribuiu para o sucesso da seleção da Liga das Nações. Mudou-se para o Gent em 2017 e teve um início promissor, mas depois sofreu uma lesão grave. Juntando-se ao Watford no verão de 2023, inicialmente por empréstimo, antes da transferência se tornar definitiva em fevereiro. Chega ao EURO em boa forma sem problemas físicos, tendo feito 34 jogos na liga em 23/24.

Espírito rebelde

Zuriko Davitashvili teve uma época brilhante na segunda divisão francesa e não é impossível que se junte a um clube maior após o EURO. É um jogador muito dedicado e individualista de classe elevada. O antigo jogador do Dínamo Tbilisi, de 23 anos, qualifica-se para esta categoria porque ninguém sabe o que vai fazer em campo. No EURO sub-21, no ano passado, recebeu a bola e passou por cinco defesas neerlandeses para marcar um lindo golo que os adeptos georgianos jamais vão esquecer.

A espinha dorsal

Giorgi Mamardashvili é o número 1 indiscutível depois de uma impressionante campanha pelo Valência em La Liga. A defesa está bem entregue ao capitão Guram Kashia há mais de 10 anos e traz estabilidade e experiência ao grupo. O jogador-chave no meio-campo será Otar Kiteishvili, que está no Sturm Graz desde 2018. A ligação entre o meio-campo e o ataque, claro, é feita por Khvicha Kvaratskhelia. Giorgi Mikautadze, que passou esta época por empréstimo no Metz, pelo Ajax, irá liderar a linha da frente.

Onze provável

 3-5-2: Mamardashvili –  Kashia, Kvirkvelia, Dvali - Tsitaishvili, Kakabadze, Kiteishvili, Kvekveskiri, Kochorashvili - Kvaratskhelia, Mikautadze.

Beka Nozadza/INSTAGRAM Bek3.a

Adepto famoso

Não há grandes estrelas de rock ou de cinema que apoiem a seleção, mas o antigo defensa do AC Milan e da seleção, Kakha Kaladze, é agora o governador de Tbilisi, então provavelmente conta. Não perde um jogo da seleção e apoia sempre a equipa e o seu antigo colega de equipa, Levan Kobiashvili, que é o presidente da federação. Em termos de «adeptos verdadeiros», Beka Nozadza tem estado na vanguarda da cultura dos adeptos. De forma fantástica e desde jovem, juntou adeptos e fez as bases para uma tradição antiga: uma marca de 3km para o estádio com música e pirotecnia. Também elaborou uma popular música de estádio, que inclui o verso «Não tenham medo, nós estamos convosco!»

Petisco

A Geórgia é um país onde os gourmets de diferentes nações vêm provar a cozinha local, e se te sentares numa mesa georgiana nunca mais te vais esquecer de pratos tradicionais como Khinkali, Khachapuri, Elarji, Satsivi, Khashlama ou Dedas Puri. E não nos esqueçamos que a Geórgia é um país de vinhos e, como diz o ditado, milhares de uvas crescem aqui. Durante muito tempo os cidadãos georgianos viam a seleção acompanhados pelos pratos acima mencionados, mas recentemente tem havido uma transição para uma cozinha mais semelhante à da Europa mais ocidental, com a cerveja, peixe e outro marisco a ganharem popularidade.

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