«Eu tinha um 'timing' de jogar a bola que poucos jogadores têm»
Balakov no José Alvalade com A BOLA (Bruno Rodrigues/A BOLA)

ENTREVISTA A BOLA «Eu tinha um 'timing' de jogar a bola que poucos jogadores têm»

NACIONAL20.04.202401:32

Balakov descreve-se como era, enquanto jogador, para as atuais gerações

Krassimir Balakov, um dos melhores estrangeiros que passaram por Portugal, esteve em Portugal durante três dias a convite de A BOLA. Visitou as novas instalações do nosso jornal, passou pelo Jamor onde conquistou um troféu com o Sporting e, claro, esteve no José Alvalade, recebido por Frederico Varandas. Prometeu voltar para ver o Sporting campeão, mas, entretanto, deu uma longa entrevista, que agora pode ler em A BOLA.

 -Cruzou-se com dois jogadores marcantes no futebol português: Gomes e Figo. Como era Gomes como pessoa e como jogador?

- Muito gentil e correto. E um grande marcador de golos.

- E Figo, mais tarde eleito melhor jogador do mundo?

- Figo foi, desde que começou a jogar futebol profissional, um craque. Depois, quando passou por Barcelona e Real Madrid, tornou-se um craque do mundo.

- O seu primeiro treinador em Portugal foi o brasileiro Marinho Peres. Que recordação tem dele?

-Muito boas memórias. Só que, no princípio, tivemos alguns problemas entre nós. Ele dizia-me:« Balakov, tu só vais jogar quando começares a falar português.» E eu tive de aprender rapidamente a falar porque, se assim não fosse, nunca mais jogava [risos]. Quando fiz os primeiros jogos a titular e como a massa associativa gostava de mim, ele disse-me: «Ainda vais para o Real Madrid, pá…»

- O primeiro jogo em que você entra é frente ao Penafiel, substituindo Careca.

- Ah, Careca! Era um jogador engraçado. Bom tecnicamente, mas não gostava muito de correr e tinha uns quilos a mais. Bom com bola, mas no futebol português era preciso correr e lutar.

- Nos jornais da altura escreveu-se que você ganharia cerca de 8 mil dólares mensais. Preferia ter nascido em 1996  em vez de em 1966  para poder ganhar muito mais dinheiro?

- O futebol sempre foi assim e sempre será assim. Eu ganhava na Alemanha cerca de 5 ou 6 milhões por ano e a geração que já não jogava dizia-me que eu tinha muita sorte porque eles nunca ganharam tanto.

- Quem tem 25 ou 30 anos, nunca o viu jogar. Como se definiria para a geração atual?

- Eu sabia que era bom e não tinha medo de nada. Fui um jogador que sabia o que tinha de fazer muito antes de ter a bola no pé. Tinha um timing de jogar a bola que poucos jogadores têm. Também fui um especialista de penaltis e de livres, que é algo que tens ou não tens.

- Algum jogador da atualidade poderá ser considerado parecido consigo?

- Claro que tem muitos jogadores com a qualidade que eu tinha, mas cada um tem algo que marca a diferença. Um é bom a driblar, outro é bom no passe, um terceiro é bom a marcar livres e penaltis.

- Bernardo Silva?

- Tem alguma coisa que eu tinha, mas não somos iguais.