Canarinhos e flavienses vêm de vitórias (altamente) moralizadoras e querem dar sequência ao bom momento; cenário de fuga à zona baixa da tabela está no horizonte de ambas as equipas
Ponto prévio: esta antevisão foi escrita antes do início de duas partidas que podem interferir com as contas na parte de baixo da tabela classificativa: Estrela da Amadora - Boavista (15.30 horas) e Arouca - Rio Ave (18 horas). Só depois disso começará o Estoril - Chaves (20.30 horas). E a importância deste preâmbulo está plasmada nos pontos que cinco destas seis equipas têm neste momento e que, mediante os desideratos destes três jogos, podem promover várias alterações na classificação.
Todas as contas far-se-ão, naturalmente, no final desta 13.ª jornada da Liga, sendo que há ainda outra equipa nesta 'luta' e que entra apenas em campo amanhã: o Gil Vicente. Os gilistas recebem o Moreirense, no duelo que encerra a ronda, e também esse desiderato pode 'baralhar' a posição das equipas que, por esta altura, lutam para fugir aos lugares perigosos.
Importa, por agora, projetar este embate entre Estoril e Chaves. Uma partida que se prevê bastante interessante. Ou que, pelo menos, tem tudo para o ser. Porque canarinhos e flavienses vêm de vitórias (altamente) moralizadoras e, com isso, chegam a este encontro com a moral em alta.
Os canarinhos estão em estado de graça. Desde logo porque acabaram de vencer o FC Porto (3-1), num encontro referente à Taça da Liga e que garantiu, desde logo, a presença na 'final four' da competição, feito absolutamente inédito na história do clube.
Canarinhos consumaram inédito apuramento para a final four da Taça da Liga ao repetir a vitória alcançada no Dragão, pela Liga, um mês antes, afastando os azuis e brancos de prova
E não se pode dizer, de todo, que o triunfo sobre os azuis e brancos foi obra do acaso. Não só pela prestação dos estorilistas nesse encontro, mas também porque foi a segunda vitória do Estoril diante do FC Porto em pouco mais de um mês: a 3 de novembro, os canarinhos haviam batido os dragões (1-0), fora de casa, em partida da 10.ª jornada da Liga. E já com Vasco Seabra ao leme.
E é precisamente o mérito de quem o tem que deve ser ressalvado. Porque se os jogos são resolvidos pelos artistas, dentro do relvado, a verdade é que este Estoril tem muito dedo de Vasco Seabra. Porque desde que assumiu o comando técnico da equipa da Linha, Vasco Seabra soma seis vitórias em 10 jogos - duas para a Liga, duas para a Taça de Portugal e duas para a Taça da Liga. A estes dados há ainda a juntar quatro derrotas - todas para o campeonato.
Mas mesmo nas partidas em que não conseguiu vencer, o Estoril deixou sempre uma boa imagem. Mas o futebol é feito de... pontos. E os canarinhos estão necessitados de (continuar a) somar. Porque os lugares de despromoção estão já ali...
Numa equipa em crescendo nas últimas semanas, há várias individualidades que têm sobressaído e que, porventura, também mereciam pontificar neste espaço. Mas Rodrigo Gomes consegue ter uma ponta de destaque (ainda maior) relativamente aos seus companheiros de equipa. Dono e senhor do flanco direito - num esquema que comporta três defesas-centrais e que, com a presença do jovem cedido pelo SC Braga na ala direita, permite também as constantes incursões de Rafik Guitane (outro craque!) para o centro do terreno, causando os naturais desequilíbrios nas defensivas contrárias. Mas o próprio Rodrigo Gomes, que é extremo de origem, não perdeu a aptidão pelas balizas adversárias e, mesmo tendo agora uma realidade diferente em termos estratégicos, soma já quatro golos na presente temporada. Melhor só mesmo Cassiano (7) e Alejandro Marqués (5).
O que disse Vasco Seabra na antevisão desta partida:
A viagem de Chaves ao Estoril foi feita com mais um 'passageiro' no autocarro: o triunfo conseguido na jornada anterior, diante do Vizela (2-1).
Essa vitória teve o condão de retirar os flavienses dos dois lugares onde ninguém quer estar (apesar de o 16.º posto também não garantir a permanência na Liga, permitindo apenas a participação no 'play-off' de manutenção, diante do 3.º classificado da Liga 2), mas foi também importante porque permitiu aos valentes transmontanos colocarem fim a uma série negativa que já acumulava três derrotas e um empate (Liga e Taça de Portugal).
Samuel Essende adiantou os minhotos no marcador, mas Héctor Hernández e Jô Batista consumaram a reviravolta no marcador; flavienses regressam aos triunfos quase dois meses depois, vizelenses regressam às derrotas três jogos depois
Não há como fugir aos números do ponta de lança espanhol: participou em todos os 14 jogos oficiais já realizados pelo Chaves na presente temporada (é o único nessa condição), contabiliza 1249 minutos (é o mais utilizado) e soma oito golos marcados (é o goleador máximo da equipa). Estes dados já seriam o bastante para colocar o jogador formado no Atlético de Madrid no topo do protagonismo flaviense. Mas Héctor Hernández é (ainda) mais que isso. Porque além do faro pelo golo, tem também uma velocidade e uma mobilidade assinaláveis, atributos que lhe permitem, não várias vezes, fugir da marcação dos defensores contrários e explorar a profundidade. Sendo que, sublinhe-se, quando Moreno decide jogar com um ponta de lança mais fixo, o chamado número 9 puro (Jô Batista ou Paulo Victor), Héctor Hernández joga a partir de um dos flancos, oferecendo uma panóplia de situações diversas ao coletivo.
O que disse Moreno Teixeira na antevisão desta partida: